Jogo Perverso

Capítulo 68 - Registro dos movimentos

Viajar por vários quilômetros de carro, invadir um dos esconderijos do inimigo e derrubar vários soldados com as próprias mãos não era tão cansativo quanto ter que lidar com Ian. Dante não havia pregado os olhos direito durante seu tempo fora, seus pensamentos nunca permitiram. Assistir Ian era uma prioridade. Seu sono podia esperar.

Colocar as câmeras no quarto provavelmente foi a melhor ideia que teve, assim podia ficar de olho em todos os movimentos do coelhinho. Inicialmente tudo que Dante via era o sono inquieto em meio a lágrimas e gritos, aquilo de alguma forma lhe agradava mais do que deveria. As lágrimas escorrendo no rosto ainda adormecido o deixava tão bonito que era impossível não admirar. Foi assim que Ian tornou-se o maior entretenimento de Dante.

Noite após noite, Ian chorava ainda dormindo despertando com um grito terrível e quando acordava chorava mais sob os cobertores até adormecer novamente. Em seu quarto Dante assistia tudo completamente fascinado por aquelas lágrimas, aqueles sons e por aquele que os emitia. Não demorou muito para Dante perceber que o que Ian fazia embaixo dos cobertores não era exatamente chorar por tristeza e sim de prazer.

Foi essa súbita epifania que o fez beber muito às vésperas da viagem, fazendo com que perdesse o controle e invadisse o quarto de Ian. E mesmo vendo o quanto Ian o desejava e implorava por ser fodido, ele foi embora aterrorizado pelo próprio desejo.

Como ele, o Rei do Inferno, que sempre abominou a relação entre dois homens, que sempre pôde ter a mulher que quisesse, estava se sentindo atraído de uma forma tão devastadora por um homem? E não um homem qualquer, um que já tinha lhe enganado, manipulado e lhe usado. Seu orgulho estava ferido demais para se entregar. Ele não podia deixar que Ian o dominasse de novo.

Por isso decidiu cuidar de suas vontades em seu quarto, assistiria Ian, colocaria todo o seu desejo para fora depois de algumas ejaculadas e daria um jeito de acabar com aquele sentimento confuso. Inicialmente pareceu funcionar, gozou intensamente enquanto olhava o corpo nu de Ian se contorcendo ao próprio toque e ouvindo os sons dos seus gemidos, mas ele não esperava ouvir seu próprio nome. Aquelas duas sílabas ditas entre gemidos repetidas vezes enquanto Ian explodia de prazer. Foi demais pro Rei do Inferno aguentar.

Foram necessárias mais três ejaculações até que conseguiu se acalmar. Desde então decidiu que assistiria o seu programa favorito no mudo. Não importava onde estava, no banco do fundo do carro, no quarto de hotel, ou no esconderijo secreto do inimigo, se houvesse uma brecha, Dante assistiria um pouco mais de Ian.

Sua obsessão chegou a um outro nível.

E isso lhe cegou mais uma vez.

Durante toda a sua viagem, Dante viu que Ian se masturbava muitas vezes ao dia e presumiu que o coelhinho apenas sentia a sua falta. Completamente focado nos movimentos dele, Dante não percebeu a porta aberta, nem o olhar fixo naquela direção. Tudo que ele via era o corpo nu que queria estar tocando, mordendo, lambendo, fodendo.

Perceber que sua coisinha estava se exibindo para alguém foi o que bastou para quebrar todas as correntes que sua consciência usava para lhe prender e lhe impedir de fazer o que queria. Cego de desejo e ódio, Dante devorou Ian na frente de vários dos seus homens. Mostrou pra cada um deles a sua propriedade, marcou cada pedacinho do corpo de Ian como seu e o preencheu com sua essência.

Dante achou que isso seria o bastante, que depois disso ninguém mais ousaria assistir sua coisinha, ou sequer olhar em sua direção. Sua propriedade estava protegida. E ele exausto.

Quando Ian desmaiou em seus braços com uma expressão serena e rosto banhado em lágrimas, Dante sorriu, lambeu-lhe a bochecha e depositou um beijo no canto do olho. Sua propriedade era realmente magnífica. Tudo que queria naquele momento era apertar Ian em seus braços e adormecer sentindo aquele cheiro agradável, mas não podia. Se fizesse isso, estaria dando poder a seu inimigo, já tinha sido vulnerável o suficiente, não entregaria mais nada a Ian. Voltaria a ser frio e indiferente.