Capítulo 67 - Meio Jogo

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Ian não sabia que horas eram ao despertar de um sono profundo e reparador. Olhou para o canto onde a gaiola de Orlando costumava ficar, querendo desejar-lhe bom dia, até lembrar-se do destino do passarinho. Jazia em seu interior. A melancolia da lembrança não durou muito, pois logo sua mente foi invadida por memórias mais agradáveis.

A sensação de ser devorado por Dante não deixou o corpo de Ian nem mesmo após incontáveis horas de sono. Sua pele insistia em sentir o toque rude, em seus ouvidos ainda soava os sons da respiração pesada e dos gemidos ferozes, a sua boca ainda sentia o sabor do suor que pingava em seu rosto e os seus olhos mesmo que fechados, ainda conseguiam enxergar a expressão de prazer.

Seu corpo pulsava como se tivesse sido tomado por uma febre forte, prestes a se transformar em uma convulsão intensa. Era o desejo que lhe queimava de dentro para fora.

Lentamente ele acariciou o corpo pelos lugares onde a boca de Dante esteve e desejou poder sentir aquilo mais uma vez, poder tê-lo mais uma vez e outra e outra e mais outra.

A sua fome era insaciável

Tentou ignorar aquela vontade, sabia que seu corpo não aguentaria, até levantar os braços doía, não conseguiria nem se tocar assim. Precisava se distrair.

Pegou o livro em sua cabeceira, estava lendo O destino do Sol e da Lua de Priscila Marques e estava totalmente investido na trama. Apesar de não entender bem como funcionava o tal Omegaverse, adorava como Sonne era decidido. Gostava dos outros personagens também, mas aquele era especial. Ele tinha uma família adorável, amigos que o apoiavam e coragem para seguir os seus sonhos. Tudo que Ian sempre quis. Além disso ele sonhava em encontrar um amor como o de Mond. Mas talvez não tenha sido a melhor escolha de leitura, já que as cenas picantes – principalmente as do trisal – o deixavam animado. Justamente o que queria evitar.

Antes de começar a leitura, deparou-se com um papel dobrado que não estava lá antes. Intrigado o desdobrou. Franziu a testa ao não reconhecer a caligrafia. Não podia pertencer à Dante, pois ele possuía letras elegantes, já aquela escrita era estranhamente agressiva, com todas aquelas pontas. E por algum motivo aquilo lhe dizia que era um bilhete de Mike.

"Será arriscado demais ir até a Boaquete, mas caso esteja precisando conversar, deixe bilhetes para mim ou Skyy. Tem caneta e papel dentro do terceiro livro, da direita para a esquerda da terceira prateleira. Não esqueça de destruir totalmente esse papel.

Mike"

Ian sorriu ao terminar de ler, não esperava que Mike ainda lhe ajudasse depois de tudo. Era curioso como um homem como ele trabalhasse no Inferno. Ou Ian não conhecia a sua verdadeira personalidade ou algo estava muito errado. De uma forma ou de outra, não era da sua conta.

Cansado, esticou o corpo até o banheiro, precisava se livrar da evidência e o lugar mais seguro que pensou foi o vaso sanitário. Deu descarga no adorável bilhete e foi tomar um banho quente tentando espantar o incômodo dos músculos doloridos. Ainda molhado enrolou-se em seu roupão vermelho.

O fogo ainda não tinha baixado, era preciso fazer algo sobre isso e rápido. Mas não ali, já estava cansado daquele quarto, passava tanto tempo preso nele que já conhecia de cor até as manchas das paredes.

Então decidiu que o seu destino seria o quarto principal, aquele onde o Rei descansava. Aquele lugar estava marcado com lembranças nas quais Ian jamais se esqueceria, por isso parecia um bom lugar para aliviar o que sentia.

Para sua surpresa a porta estava aberta e a imagem com qual se deparou era tão linda que lhe tirou o fôlego.

A luz da manhã entrava pela janela cobrindo a figura calma de Dante sentado em um banco de janela – que não estava ali antes e agora parecia combinar perfeitamente com o local. Com um livro nas mãos, óculos no rosto e um roupão leve que abraçava o seu corpo apesar de quase não cobri-lo, Dante parecia uma pintura em óleo.

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