Correndo por entre as ruas desconhecidas, Ian sentia o gostinho da liberdade. Era como no dia em que fugiu do restaurante quando rejeitou Dante, a noite estava amena e as ruas bem iluminadas, só que dessa vez não havia medo. Expor para a alta sociedade sua relação com Dante significava que ele não faria nada para machucá-lo, pois precisava manter a boa fama.
Arquitetar a fuga quase sem nenhum planejamento não foi muito difícil. Desde muito novo Ian lidava com problemas e sempre teve que sair deles sozinho, então era um hábito pensar em soluções de forma rápida e caso desse errado sempre teria um plano de contingência. Seus movimentos podiam ser desastrosos, mas eram sempre calculados. Assim como fizera um plano para conseguir o casamento, que de certa forma deu certo, agora estava colocando em prática a sua fuga, para ficar longe do homem a quem havia se prendido.
Precisava de um tempo longe de Dante e refazer a sua estratégia. Ainda queria o casamento, o poder, a família... Só precisava descobrir como ter tudo aquilo e ainda assim ser livre. Não podia viver o resto da sua vida preso em uma mansão onde ninguém lhe dirigia a palavra, onde sua única companhia eram os livros e onde estava absurdamente perto e ao mesmo tempo longe de tudo que sempre desejou.
Ele queria ter tudo!
Ele teria tudo!
Ao alcançar uma distância que julgou segura, Ian pegou um taxi e deu o endereço da Boaquete. Respirou fundo no banco traseiro do carro e ignorou os olhares estranhos que recebeu do motorista ao falar com sua voz grave ainda vestido como Ivy. Estava aliviado, não seria um estranho que tiraria seu momento de paz.
O trajeto não demorou muito para ser percorrido, já passava de meia-noite e as ruas estavam vazias. Assim que chegou na Boaquete, Ian pediu para o motorista esperá-lo e pediu para que um segurança chamasse Skyy. Em poucos minutos a conta do taxi foi resolvida e Skyy e Ian estavam abraçados no camarim.
— Você está deslumbrante, garota! — exclamou Skyy girando Ian no próprio eixo.
— O dinheiro ajuda — respondeu Ian com um pouco de humildade.
— Então essa é a famosa Ivy, hum?
— Essa é a famosa Ivy! Graças a ela encontrei meu sugar daddy.
— Não sei se isso é uma coisa boa — ponderou Skyy — Pelo que você me contou o relacionamento de vocês está péssimo e você fugiu dele, não foi?
— Bom... Sim... Mais ou menos... É complicado... — Ian se atropelou nas palavras, não sabia como explicar para Skyy que pretendia voltar pros braços de Dante e que não era só por causa da conta bancária dele.
— Vamos pensar sobre isso depois — Skyy passou o braço pela cintura de Ian e o virou para o espelho — vamos curtir essa noite! Você precisa se apresentar! Meus clientes vivem perguntando quando a Rainha vai voltar!
— Uau, acabei de me apresentar como Ivy e já estou sendo cotada para me apresentar como Rainha? É claro que eu vou!
A transformação demorou um pouco, já que precisava retirar a maquiagem delicada de Ivy e fazer a maquiagem marcante de Rainha, a única semelhança era o batom vermelho. Ian sentia-se pleno, pois estava prestes a entrar no palco pela segunda vez naquela noite. Teria a atenção de outra plateia, não ficaria sozinho e isolado, seria o centro da festa e todos os olhos estariam voltados para ele.
Música era sua vida e ele queria compartilhar isso com o máximo de pessoas que pudesse. Queria ter uma legião de fãs, pessoas que o admirassem e que nunca o deixassem sozinho. A música era isso para ele, o fim da solidão.
Também era uma maneira de colocar para fora todos os seus sentimentos, ou de manter seus pensamentos e o mundo exterior separados. A música tinha muitos significados para Ian, por isso ele sabia que não podia viver sem ela.
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Jogo Perverso
De TodoDante é o chefe da Máfia local, um homem tão poderoso que tem toda a cidade sob seus pés, conhecido como o Rei do Inferno, ele é promíscuo e cruel, sempre teve a mulher que queria como queria até que cansasse dela. Um dia tudo mudou quando ele se in...