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Eu gostava muito de beijar William. Era o tipo de beijo completo, o pacote todo. Não era apenas lábios e língua. Era aquela mão que não se decidia entre minha cintura e meu quadril. Era aquela mão na minha nuca, o suspiro forte que ele dava quando nos afastamos para respirar, era aquele perfume forte que parecia gritar o nome dele. Ficamos nos beijando por uns bons 20 minutos. Eu acariciava a nuca dele e agora, com a posição e a intimidade, ele tinha liberdade pra passar a mão por toda a minha coxa e ele o fez. Subia e descia a mão da minha coxa até minha cintura, subindo por dentro da minha blusa.

Amaldiçoei até à quinta geração do entregador que tocou o interfone na hora em que a mão boba de Will IV tinha finalmente chego próximo ao meu seio. No prédio, não tínhamos porteiros, então a gente ia ter que descer para pegar a comida ou deixar o cara subir, mas eu não tinha essa coragem.

- A comida. - Avisei. Insatisfeita com meu afastamento, começou a descer os beijos até meu pescoço.

- Temos que descer? - Apenas assenti, de olhos fechados, sentindo meu corpo se arrepiar com um beijo mais molhado deixado no meu pescoço. Puxei o rosto dele em direção ao meu, quando ia beijá-lo, o interfone tocou mais uma vez. Tive que levantar para atender. Xinguei o entregador e fui meio mal-educada com o coitado.

No elevador, amarrei meu cabelo em coque, mas não sobreviveu por muito tempo. William puxou a ponta do coque, me empurrou na parede e me beijou. Will IV era um cara alto, então eu tinha que ficar na ponta dos pés ou ele se curvar, mas isso não era um problema. Enquanto pagávamos o japonês, a comida chinesa chegou. Os dois entregadores entreolharam-se entre risinhos e eu me perguntei como estava a nossa situação. Certeza que estava claro que nós estávamos em uma sessão de amassos no elevador.
Arrumei a barca em cima da nossa mesinha de centro, que era bem larga e tinha sido comprada por causa disso mesmo. Não tínhamos mesa de jantar, a maioria das vezes eu e Bianca acabamos comendo em frente à TV ou então, na bancada, que era onde Will IV estava desempacotando sua própria comida. Mandei uma foto da comida para os outros e digitei uma mensagem para Bianca trazer refrigerante pra mim.

Eu era absolutamente contra a ideia de comer sem um copo de Pepsi ao meu lado. Eu morreria antes dos 30, mas meu refrigerante era sagrado.

- Eu não gosto de comida japonesa. - William fez careta para comida no barco.

- Você não sabe o que está perdendo.

Me joguei no sofá, senti minhas costas estralarem ao deitar após horas sentada, tanto estudando, quanto beijando o rapaz ao meu lado. Respondi Fane, que mandou a gente não comer enquanto eles não chegassem.

Também aproveitei para responder a mensagem de boa noite da minha mãe. William sentou ao meu lado e eu joguei minhas pernas em cima das deles.

- Não vamos comer ainda? - Ele perguntou, se inclinando sobre mim e fazendo meu corpo ficar todo em alerta.

- Não, Fane pediu pra esperar, mas se você quiser comer logo... - Bloqueei meu celular e coloquei no chão. Não consegui ficar séria com o duplo sentido em minha frase, mas William nem parecia ter notado, hipnotizado, com os olhos atentos aos meus lábios.

- Tudo bem, é só você me distrair da fome.

Ele já estava quase deitado ao meu lado, se apoiando no cotovelo e brincando com a barra da minha camisa com a outra mão. Nem quis pensar em alguma gracinha para falar, apenas puxei seu rosto para perto do meu e o beijei. Ele voltou a acariciar minha cintura por debaixo da blusa e eu já estava entregue facilmente.
O jeito como meu corpo respondia ao dele, o jeito que eu me arrepiava e como meu coração batia mais rápido quando eu estava ao seu lado me deixou curiosa. Eu não costumava sentir essas coisas por algum caso qualquer. Nem com qualquer outro caso sério que tenha tido na vida, exceto luke.
Mas Luke era a exceção de tudo na minha vida.
Dei uma tapinha no ombro dele quando ouvi o barulho da chave. Ele imediatamente se levantou, voltando a ficar sentado e eu continuei deitada, fingindo não estar com as pernas trêmulas e com um calor intenso no meu ventre.

- Ah, não, gente! Nós vamos comer aí. - Bianca debochou quando nos viu no sofá.

- Estão vestidos? Podemos olhar? - Fane entrou com a mão sobre os olhos.

- Eu nem cubro os olhos, quero mais é ver alguma coisa mesmo. - Gabb colocou as sacolas em cima do balcão nos olhando fixamente.
Revirei os olhos, ignorando suas piadinhas, sentei no chão, pegando meus hashis e me preparando pra começar a comer. Eu estava morrendo de fome e não ia ficar esperando a boa vontade deles. Logo todos fizeram o mesmo, sentamos no chão em volta da mesa de centro e comemos como se não houvesse amanhã.
O filme na TV foi completamente ignorado por nós, contamos sobre o nosso dia e percebi que minha vida comparada a deles era um completo tédio. Então, enquanto todos falavam sobre tudo o que estava acontecendo nas suas vidinhas perfeitas, eu apenas fiquei quietinha, comendo meu temaki. Era melhor do que ter que contar sobre meu belo dia de leitura de relatórios que não eram meus.

Percebi que William, que estava sentado entre Bianca e eu, ficou um tempo olhando para o ombro desnudo dela, provavelmente analisando a cicatriz vertical que tinha ali. Quando Bibi percebeu, ela analisou o rosto dele por um tempo até ele perceber que ela também o analisava. Seus olhos encontraram-se e William desviou o olhar, suas bochechas adquiriram uma coloração rosada. Dei um sorrisinho de lado, balançando a cabeça negativamente.

Quando eu tinha 10 anos, havia um terreno baldio ao lado da casa da minha vó. Era cheio de mato e tinham dois porcos grandes de cor preta. Um dia, jogando travinha na rua durante a noite com os meus amigos, a bola caiu no fundo do terreno. Nós fizemos uma aposta para decidir quem ia pegar a bola e eu acabei perdendo e tive que ir. De noite, os porcos tornavam-se quase invisíveis e até eu conseguir chegar lá, o sentimento de que eu ia bater de frente com algo era forte e eu sentia um nervosismo gigante. Eu sabia o que tinha ali, mas não sabia o quanto poderia me atingir. Também não sabia se valia a pena passar por aquele sufoco para conseguir a bola.

Quando eu olhava para Bianca e William, eu tinha a mesma sensação. A de que eu estava entrando naquele terreno baldio e escuro de novo.

Loml? | Will grayson Iv Onde histórias criam vida. Descubra agora