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Ouvi Mary gritar um "me liga mais tarde", meio alterada com minha revelação. Ri, balançando a cabeça negativamente. Eu não decidi ainda se me sentia lisonjeada ou magoada com a surpresa das pessoas ao descobrir minhas histórias com William. Senti como se todos a nossa volta estivessem olhando e eu acho que estavam mesmo.

- Quando você vai tomar vergonha na cara e comprar um carro? - Brinquei quando parei em frente a ele.

- Quando eu sentir necessidade. - Ele respondeu, dando de ombros.

Fiquei em dúvida em como cumprimentar, mas como sempre, William foi mais rápido. Beijou meu rosto, mas logo se afastou. Peguei a chave do carro e o guiei até o estacionamento.

- Você quer sair para fazer alguma coisa? - Ele tirou a bolsa do meu ombro e pegou a pasta dos meus braços. Agradeci por seu cavalheirismo.

- Quero, mas você escolhe o lugar. - Sugeri, por que se dependesse de mim, acabaríamos sem nunca decidir onde iríamos.

- Tudo bem, quer que eu dirija? - Ele se ofereceu quando me viu indo ao lado do motorista. Ergui uma sobrancelha com a nova informação. Eu achava que William era uma daquelas pessoas que nunca aprendera a dirigir e sobrevivia de táxi e caronas. Por que eu nem imaginava-o dentro de um ônibus.

- Então você dirige, só não quer ter um carro. - Cruzei os braços, semicerrando os olhos em sua direção. - Me parece preguiça.

- Se chama economia! - Ele replicou e eu gargalhei.

- Você fica cada dia mais rico, Grayson. - Joguei as chaves do carro para ele quando trocávamos de posição pelo lado de fora do carro. Entramos no carro, joguei minha pasta no banco de trás e deixei minha bolsa mas minhas pernas. - Admita sua preguiça.

- Admitir? Jamais. Eu cuido de meio ambiente! - Ele se inclinou e me deu um selinho rápido enquanto eu sorria por conta de sua resposta deslavada. - Posso te levar pra qualquer lugar?
Perguntou, fazendo a baliza quase perfeitamente. E eu não conseguia desviar o olhar dele. Eu tinha uma tara enorme em ver homens dirigindo, até o cara menos viril do mundo conseguia parecer gostoso dirigindo. Ou não, mas na minha cabeça funcionava assim.

- Depende. Quais são suas intenções para o dia de hoje comigo? - Questionei, sinalizando a saída para ele.

- Comer, oras! - Deu de ombros e eu arregalei meus olhos, surpresa com sua sinceridade. O tom de voz que ele usava não me deixava identificar nem um tipo de brincadeira em sua voz. William conseguia ser misterioso e transparente ao mesmo tempo. Virei meu corpo inteiro para encará-lo, tentando ver em seu rosto se ele falava sério ou eu tinha uma mente muito suja. Olhou-me com um sorriso zombeteiro, rindo quase com deboche. - Eu estava pensando naqueles food trucks que tem na beira do rio, sabe? Mas se você tiver outra coisa em mente…

- Você é um idiota! - Resmunguei, dando um beliscão de leve em seu braço, fazendo- gargalhar com minha breve revolta. Tentei desviar o olhar dele e sintonizar em alguma rádio boa.

William perguntou como foi meu dia e eu logo comecei a reclamar do jornal e de como estava cansada de ter que trabalhar lá. Ele me contou das cidades que visitou nos últimos dias, sobre os lugares que ele tinha cantado. Perguntei se ele já era famoso e ele apenas riu. Eu adorava que William não era um falso modesto, ele realmente era simples e tranquilo demais. Geralmente, se espera o contrário de um cantor em ascensão. Costumam ser esnobes, arrogantes e nem tão talentosos assim. Esse talvez fosse o diferencial de William, por isso ele crescia e se tornava melhor e mais conhecido a cada dia.
Chegamos no Takeo, que era uma área ampla e aberta que ficava nas margens do lago de mesmo nome. Quase inteiramente rodeada por food trucks e várias mesas espalhadas pelo centro, era um dos pontos mais frequentados da cidade. Ao fundo, as águas do rio calmo refletiam as luzes dos carros que passavam na rodovia do outro lado e um sol tímido que já ia embora. Um píer longo e largo ia até o meio do lago, da onde saiam alguns pedalinhos.

William e eu fomos andando pelos caminhões até decidirmos o que a gente ia comer, o que parecia ser uma tarefa impossível. Eu queria comer um pouco de tudo e Will IV partilhava do meu pensamento, a gente só não sabia por onde começar. Observei nosso reflexo em um caminhão espelhado enquanto ele lia o cardápio de comida japonesa. Eu e William tínhamos uma diferença de altura significativa e isso era engraçado. Ele era provavelmente o cara mais alto que eu já tinha saído e o mais bonito também. O fato dele estar andando com a minha bolsa vermelha de modo transversal no corpo só tornava tudo ainda mais engraçado. William era educado e cavalheiro sem parecer forçado. Acredito que fora criado assim e eu acho que isso era o que mais me encantava nele.
Tudo bem, eu ainda estava meio indecisa sobre o que eu mais gostava nele.

- Vamos de tacos. - Ele sugeriu, enquanto a gente andava pelo local pela terceira vez, ainda indecisos.

- Não, eu queria provar aqueles mini hambúrgueres! - Retruquei, apontando para o caminhão dos mini hambúrgueres que ficava do outro lado do local.

- Mas isso não enche! - Ele reclamou.

- E desde quando tacos enchem? - Retruquei.
Acabamos comprando beirutes. William, por pura implicância, comprou os malditos tacos. Então, eu comprei meus mini hambúrgueres também. Nos sentamos na mesa mais próxima do início do píer. Por ser uma quarta feira, o local não estava lotado como eu ouvi dizer que ficava nos fins de semana.

- Você é impossível! - Reclamou, dando uma mordida no seu taco.

- Prova um pedaço e diz que não é um presente dos deuses - Desafiei-o, colocando um mini na boca dele. Esperei enquanto ele mastigava, resmugando de boca cheia. - Então...?

- Odeio você. - Revirou os olhos e eu ri com sua negação.

- É uma delícia, não é?

- Cala a boca e come logo. - Ele reclamou, empurrando o beirute em minha direção, me fazendo rir mais ainda.

O céu já estava totalmente escuro quando eu notei que não sabia que horas eram exatamente, visto que eu nem olhara meu celular pelas últimas horas. O fluxo de carros do outro lado do rio já tinha diminuído bastante, então presumi que já tinham se passado algum tempo desde o horário de pico. A conversa com William era tão fácil e espontânea que esqueci do mundo ao nosso redor. Contou-me sobre sua família, contou sobre os pais, sobre ser o filho caçula e ter duas irmãs

Loml? | Will grayson Iv Onde histórias criam vida. Descubra agora