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- Merda! – Xinguei, limpando o canto da minha boca e corri direto para a pia, enchendo minha boca com enxaguante bucal. Voltei para a cama, cambaleante e me deitei de forma desengonçada após vomitar toda a tequila da noite passada no vaso sanitário.

Ao contrário do que eu esperava, nenhuma lembrança da noite passada estava nebulosa. Eu lembrava de tudo. De cada palavra, de cada sentimento, de todas as sensações e de todas elas, a pior era brigar com minha melhor amiga.
Peguei meu celular, checando minhas mensagens e respondi apenas Gabb, que perguntou como as coisas estavam e se Fane ainda estava por lá. Fui dar uma olhada no quarto de Bianca e Fane dormia na cama, ainda usava as mesmas roupas da noite passada. Imaginei que ele tenha ficado por lá para fazer companhia a Bianca, que deve ter tido uma noite ruim. Avisei a Gabb que estava tudo bem e voltei para meu quarto. Parecia que eu tinha disputado em uma maratona de triátlon, eu só não sabia dizer se todo o meu cansaço e exaustão eram físicos ou psicológicos.
Quando ia voltar a deitar confortavelmente, meus olhos abriram-se em pânico quando pensei na última coisa que eu me lembrava da noite passada.

"Você quer me contar alguma coisa?"
O questionamento de William.

É claro que eu queria contar! Porém, não eram apenas meus sentimentos, eram os de Bianca. E eu não podia colocar a boca no trombone e espalhar por aí coisas que não cabiam a mim contar. Sim, eu estava cansada. Sim, eu queria consertar as coisas, mas não dependia apenas de mim. Eu sabia que se quisesse arrumar as coisas o mais rápido possível, a conversa com Bianca não podia mais ser adiada.

Passei a manhã de sábado inteira na cama, com uma ressaca dos infernos, arrependida de todas as minhas ações dos últimos tempos, principalmente de não ter sido clara o suficiente com sobre meus sentimentos e agora estar sendo obrigada a ficar longe de William e em maus lençóis com Bianca. Quem me tirou da cama foi Mary, que me ligou umas sete vezes até eu lembrar que tínhamos um artigo para fazer e finalmente atende-la.

Eu já estava arrumada, preparada para sair e almoçava calmamente no balcão quando Bibi chegou em casa. Ela entrou no apartamento e assim que nos olhamos, ela abaixou a cabeça, parecendo extremamente envergonhada. Qualquer pessoa que a visse na rua saberia que ela estava de ressaca. Seus cabelos estavam presos quase no topo da sua cabeça e quando ela tirou os óculos escuros, percebi que suas pálpebras estavam inchadas. Ela, provavelmente, tinha chorado a noite toda.
Eu também choraria a noite toda, se eu não estivesse ocupada demais estando praticamente morta de bêbada.

- Vivi... – Aproximou-me, sentou ao meu lado e eu apenas continuei a comer, sem olhá-la. – Eu perdi a cabeça, não é? – Com a voz falhada, parecia querer chorar de novo.

- Você acha? – Ironizei, erguendo uma sobrancelha. – O que aconteceu, Bianca Fane?

- Eu não sei! Eu pirei! Me perdoa, vai. – Choramingou, lágrimas acumulavam-se no canto de seus olhos. É claro que essa era a explicação. – Eu saí com uns amigos, usamos umas coisas erradas e... Eu juro que não sei o que me deu, Vivi. Eu também achei que estava bem!

- Eu vou me atrasar se eu não sair agora. – Olhei para o relógio em meu pulso. Levantei e fui jogar a louça na pia, deixando para lavar quando eu chegasse pela noite, ignorando sua fala. – Seu almoço está no micro-ondas. Fiz o suco de abacaxi com limão que você gosta.

- Não, Violet ! Você devia quebrar tudo comigo, me dar umas tapas, me ignorar, não falar comigo por uma semana! – A loira protestou, jogando a bolsa no sofá e indo pegar um prato.

- Não é como se eu estivesse certa, Bibi. Eu fiz tudo errado, não cumpri minha parte do trato. – Afirmei, saindo da cozinha e indo ao banheiro.
Enquanto escovava os dentes, tentei desembolar o nó que estava em minha cabeça, entretanto, eu mal conseguia manter os olhos abertos. A dor de cabeça era tanta que eu desconfiava que não era apenas a ressaca me penalizando.

Pensando melhor em tudo, nós duas estávamos erradas. Bianca errou em beijar o cara que eu estava pegando, sim, mas eu entendia atitudes impulsivas o suficiente para não a culpar por isso. E eu errei ao fazer promessas a ela, dizendo que iria manter-me afastada. O problema é que eu não sabia o quão difícil seria.

- Você ainda quer que eu me afaste dele? – Perguntei, chamando atenção dela, que olhava para o prato de comida com um olhar vago. Peguei meu casaco e minha bolsa.

- Ele gosta de você! – Contestou. – Não precisa ser assim, Vivi, vamos conversar. A gente pode resolver isso de outra forma! – Pranteou, puxando-me pela mão. – Eu me sinto terrível de deixar você fazer isso consigo mesma por mim.

- Terrível vai ser como nossa amizade vai ficar se não resolvermos isso. – Assegurei. Bianca fez um biquinho inconsciente, perdendo as palavras. – Olha, eu não posso falar sobre isso agora, estou cheia de coisas para fazer. Mais tarde, a gente conversa, pode ser? – Sugeri.

- Quem está fugindo agora? – Zombou, mostrando a língua para mim.

- Bibi... – Aproximei-me, beijei de leve seu nariz. – Mais tarde.

Eu estava completamente desconfortável com a situação, também não sabia como agir e tinha quase certeza que me afastar de Will IV era uma atitude inconsequente e deplorável. Considerando que William, por sua vez, não tinha a menor pretensão de ficar longe de mim.
O dia de sábado estava bem bonito para um dia nublado, mas eu estava com o que parecia ser a minha pior ressaca, então nada estava agradável. Tive que ir de ônibus até a casa de Mary Louise, já que meu carro ainda estava parado na oficina e eu estava até gostando. No ônibus, eu conseguia observar mais a paisagem pelo caminho. Quando cheguei a casa de Mary, a maldita não poupou piadas sobre meu estado físico e minha aparente ressaca.

- E eu achei que eu estivesse de ressaca... – Gargalhou quando me viu revirar os olhos.

Loml? | Will grayson Iv Onde histórias criam vida. Descubra agora