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Eu era boa em ficar sozinha. Sabia ficar e ser sozinha sem solitária. Porém, desde que William apareceu em minha vida, eu já não era mais tão só assim e parecia que eu tinha desaprendido a ficar só. Cada momento meu e dele estava gravado em minha mente e tudo o que eu fazia me levava a ele, de alguma forma.

O cinema, por exemplo. Toda vez que eu passava em frente ao cinema, eu lembrava do dia em que nós dormimos no meio do filme e a lanterninha veio nos acordar quando as luzes acenderam. A gente tinha trabalhado o dia inteiro e estávamos exaustos, mas não queríamos ter que desmarcar um com o outro.
Eu e Will IV não éramos o casal chato que se excluía do grupo, mas houve um dia em que ignoramos as ligações do pessoal para sair porque a ideia de ter que levantar da cama dele era insuportável demais. Eu também adorava lembrar do dia em que eu fui assistir os vídeos de ele cantando no YouTube, mas ele pegou o notebook e saiu correndo pela casa como uma criancinha, reclamando que sentia vergonha. Eu reclamei do fato de ele cantar para centenas de pessoas toda noite e não sentir vergonha. Quando ele respondeu: "Mas nenhuma daquelas pessoas significa tanto", eu me calei. Como sempre fazia quando William demonstrava demais.

E também quando eu o vi cantar ao vivo pela primeira vez.
Ele fez um show no Unplugged, um pub famoso em Meridian por promover shows acústicos e também por ser demasiadamente caro. Eu cheguei atrasada - como sempre - e tinha uma grande fila na porta que eu tive dificuldade de driblar, mesmo com meu passe VIP. Quando entrei no local, William já estava cantando fazia uns 20 minutos então achei melhor ficar ali pelos fundos mesmo e assistir o resto do show tranquila e sozinha, longe do amontoado de gente que se exprimia em frente ao palco, onde Fane provavelmente estava.

Então, eu vi William Grayson IV cantar ao vivo pela primeira vez.
Eu não sei foi o cover de pretty boy, se foi o público cantando sincronizadamente, se foi a camisa social azul que o deixava irresistível, se os chacras se alinharam ou seja lá o que caralhos aconteceu ali, mas eu estava extremamente encantada. Talvez encantada não seja a palavra certa, mas eu me recuso a aceitar a outra palavra. A voz rouca e rasgada de William preencheu cada canto do lugar e deixava um rastro de serenidade em todos. Ele era bom, tinha presença de palco, o baterista dele era bem bonito e William Grayson iv era o sinônimo vivo de carisma. Era cativante, envolvente e apaixonante demais.

Um perigo real para a pobre Violet , que já se encontrava sem defesas.
Quando finalmente consegui desviar o olhar de Will IV, já me sentindo idiota demais por estar quase babando por ele, percebi que eu não era única. O número de meninas que tinha ali até me assustou. William deu uma pausa no show para beber água e achei melhor procurar por Fane. Após alguns minutos de procura, encontrei-o quase na beira do palco e aproximei-me dele, perguntei por que tantas mulheres ali.

- Groupies. - O loiro murmurou no meu ouvido, como se fosse segredo.

- Groupies? William tem groupies? - Questionei sem acreditar.

- Sim, mas não se preocupe, ele parou de aproveitar depois que te conheceu. - Fane deu de ombros.

Uma garota ruiva de vestido colado que ostentava um belo par de pernas e um busto farto passou por nós. Soltei um assobio, vendo tamanha exuberância.

- Tem certeza? - Gargalhei, apontando para a mulher com a cabeça, para que Fane olhasse também.

- É... A gente acha. - Fane pareceu tão em dúvida quanto eu. A mulher era linda mesmo, até eu a pegaria. Sem pensar duas vezes. - O que eu sei é que a gente aproveita tanto ou mais do que ele.
Fane apontou para trás de mim e eu vi Noah, um amigo em comum, de costas para o palco, sem nem ligar para William ali, falando algo no ouvido de alguma mulher. Gargalhei e olhei para o palco. William voltava ao palco e anunciou que ia cantar uma música que eu não conhecia. Quando me viu ao lado de Fane, deu um sorriso infantil e divertido. Ri e lancei-lhe um beijinho.

Escorei-me em uma parede meio escondida ao lado do bar assim que William encerrou o show e saiu do palco. Assisti Fane paquerar todas as pessoas do sexo feminino do recinto e Will, que cumprimentou cada uma das meninas na beira do palco, educadamente falou e bateu foto com todos que queriam falar com ele. Fiquei observando cada movimento dele, sentindo-me uma adolescente idiota, uma fã de 17 anos, principalmente por estar tocando uma sessão de indie rock antiga.

"No, I'm lucky you're with me".
A frase que saiu na voz inconfundível de Jesse Rutherford fez todo o sentido pois foi o exato momento que William veio em minha direção, com sua jaqueta de couro, parecendo um sonho e fazendo meu coração pular uma batida. Aquele talvez não fosse o contexto correto exposto na música, mas me fez questionar.
Talvez eu era sortuda por ter ele comigo e ele fosse o melhor que eu já tinha tido?

- Você viu? - Ele me deu um selinho e um beijo no pescoço, abraçando minha cintura assim que se aproximou. Assenti, meio anestesiada com seus carinhos. - Então...?

- Bom, é uma opinião meio paradoxal. - Eu comecei e ele me encostou na parede novamente, apoiando um braço do lado da minha cabeça, me encarando de jeito que me faria tirar as roupas para ele ali mesmo. - Eu queria e devia sair correndo daqui agora porque você cantando me deixou de um jeito que ninguém nunca deixou e isso me parece perigoso, mas também quero que você me leve pra sua casa hoje. Então, como eu disse, paradoxal.

- Você achou perigoso? Imagina como eu me senti quando eu fui subir no palco e só queria estar jogado na cama com você. E a coisa que eu mais gosto no mundo é cantar.

O sorriso dos meus lábios sumiu de imediato e o dele também, ficamos nos encarando intensamente. O local parecia ter ficado pequeno e abafado com o peso de nossas palavras.

- Você precisa parar de me falar coisas assim. - Pedi, fechando os olhos fortemente, temendo me perder em seus olhos. Não suportando o peso de sua intensidade.

- Por que? - Ele perguntou, como se fosse um menino de sete anos. Abri os olhos, ainda tendo que lidar com seus olhos que pareciam despir a minha alma.

- O quanto eu vou ter que brigar com suas groupies por sair com você hoje? - Brinquei, ajeitando a gola de sua camisa. Ele deu um sorrisinho, parecendo chateado por eu ter mudado de assunto mais uma vez.

- Não vai precisar. Vem, quero te apresentar umas pessoas.

William me apresentou para toda a sua equipe, alguns amigos, me olhou torto quando eu dei em cima do baterista descaradamente, e no fim da noite, acabamos sentados no banco de trás do meu carro, bebendo vinho e encarando um ao outro. Não trocamos muitas palavras naquela noite, apenas ficamos nos olhando. Tentando entender o que era todo aquele sentimento, aquele choque que acontecia cada vez que a gente se via, aquela explosão que sentíamos toda vez que nossas peles se tocavam. Tentando entender toda essa dependência que estava tornando-se cada vez mais forte e agressiva.

Eu não sabia e principalmente, não queria mais ser só.

Loml? | Will grayson Iv Onde histórias criam vida. Descubra agora