Outubro.
Há algo extraordinário no mundo: as festas universitárias.
A união dos alunos de todos os cursos em prol de uma única causa – ficar bêbado – era algo que deveria ser explicado pelos mais renomados cientistas. A Universidade Nacional liberava o espaço no campus para qualquer turma que estivesse precisando arrecadar dinheiro para a formatura. Então, a cada três meses, turmas de diferentes cursos se uniam para promover uma grande festa no campus. A prática acabou tornando-se uma tradição e as festas eram esperadas e famosas entre os estudantes universitários de Meridian, tão famosas que algumas turmas até recebiam patrocínio. Mesmo que alguém do seu grupo de amigos sempre saia arrependido de algo que fez na festa, mesmo com todas as situações inusitadas que víamos acontecer no campus naqueles finais de semanas, as festas da UNM eram sempre as mais aguardadas e comentadas do ano. Turmas ansiavam pelo festejo durante meses e a resposta só pode ser uma: Open bar!
É claro que nem sempre é necessário a ingestão de álcool para garantir a diversão, mas convenhamos, um shot de whisky não faz mal a ninguém após uma semana desastrosa de provas e trabalhos na faculdade. E sem falar que as festas não são uma desculpa para ficar bêbado e fazer besteira. Muitas vezes, elas são essenciais para descarregar nossas baterias sempre lotadas. Uma simples reunião com seus amigos já era o suficiente para diminuir a pressão do dia-a-dia, um pouco de socialização não faz mal a ninguém.
A minha turma era uma das responsáveis pela festa desse ano e até então, nós tínhamos ido com a intenção de vender ingressos e bebidas para arrecadar dinheiro o suficiente para a formatura.
Entretanto, conseguimos patrocínio de um bar da cidade, que não só nos ajudaram com as bebidas, mas nos deram alguns presentes pessoais. Como, por exemplo, uma caixa com doze garrafas de... Tequila.- Vivi! – Assustei-me com a voz desconhecida me chamando. Tateei em volta de mim antes de abrir os olhos. Couro, era o que eu sentia. – Já chegamos. – Quando abri os olhos, confirmei que eu estava realmente em um carro. Demorei dez segundos para perceber que estávamos parados e que o motorista, que esperava por alguma reação minha, não era um desconhecido.
- lótus! – Exclamei, animada ao ver o senhor gordinho, olhando-me preocupado. Peguei umas notas na minha mochila e joguei no banco da frente, já me inclinando para sair do carro. – Você sempre salva a minha vida!
- Já foi pago, Vivi. – O senhor de 40 e poucos, que parecia muito o James Avery, riu e tentou devolver as notas amassadas que joguei para ele.
Lótus era pai de uma garota da minha turma, ele sempre transportava todo mundo no final de festas ou palestras que terminavam tarde demais. Era um cara muito legal e confiável. Também era o único que aceitava levar sete pessoas bêbadas em um sedan. Nem um pouco seguro, porém, logo tornou-se o motorista oficial da turma.
- Já? Então, me dá isso de volta, é meu dinheiro da passagem do ônibus da semana inteira. – Estiquei as mãos para pegar o dinheiro, mas alguma coisa no meu movimento deu errado e eu notei que não sabia nem o que estava falando. – Você sabia que eu sofri um acidente de carro? Minha mão está ferrada, meu carro está ferrado... Até meus relacionamentos estão ferrados, lótus! – Tudo ao meu redor girava, mas eu fingia que estava tudo bem.
- Sim, querida. Você citou algumas vezes. Quer ajuda para descer? – lótus continuava a rir do meu estado de embriaguez. Neguei, dei um abraço desajeitado no simpático senhor antes de sair do carro e fui me despedindo, gritando pelo caminho que lótus era um anjo.
Fui andando, trôpega, até a entrada do meu prédio. Entrei em um duelo com a porta de ferro gigante, que insistia em não abrir. Lótus gritou do carro, oferecendo ajuda ao ver minha enorme dificuldade. Neguei quando percebi que eu simplesmente não havia destrancado com a chave e comecei a rir feito uma louca.
Corria mais tequila do que sangue em minhas veias.Eu me desequilibrei várias vezes até conseguir trancar a porta novamente. Minhas pernas estavam fracas e doloridas, talvez eu tenha dançado mais do que deveria. Eu tinha consciência que estava ridícula engatinhando até o elevador, mas minhas pernas não obedeciam mais a mim. Sentei no chão do elevador, procurando meu celular na mochila, mas foi uma ação sem sucesso. Olhei para o visor no elevador, tendo que apertar os olhos para enxergar em que andar eu estava. Eu já tinha apertado em algum botão?
Era apenas 1h da manhã, Bianca não costumava dormir cedo nas sextas-feiras, porém eu não achava meu celular para ligar, para ela me socorrer. Eu estava completamente tonta, mas isso não era nada perto do sono que eu estava. Eu costumava ser uma bêbada muito consciente, mas a tequila e a aula cansativa do dia me destruíram. Fiquei um tempo sentada no chão do elevador até me sentir melhor para levantar e acho que até dormi por alguns minutos. Ainda bem que ninguém do prédio chamou o elevador. Se chamasse, eu não ligaria, talvez nem sequer notaria. Não demorou muito (na verdade, eu não faço ideia se demorou ou não) para eu me sentir mais lúcida e menos tonta.
Um forte barulho de música e várias pessoas falando sobressaltou-me assim que a porta do elevador se abriu no meu andar. Já amaldiçoava mentalmente qualquer vizinho que estivesse dando uma festa até perceber que o som vinha do meu apartamento. Se Fane e William estivessem fazendo outra festinha surpresa, dois rapazes iam ser achados mortos no meu banheiro hoje. Como se fosse um milagre, minhas pernas voltaram a funcionar e eu andei rapidamente até a minha porta, destrancando-a imediatamente.
Quando universitários estressados são colocados à frente de um open bar – e no caso da minha turma, tequila de graça –, as coisas podem tomar outro rumo. Durante a noite inteira, eu acabei assistindo muitas coisas nojentas, mas nada que me deixasse tão enjoada quanto o que estava na minha sala. Modelos. Mulheres e homens bonitos demais para a minha realidade. Alguns deles eu reconheci das festas que Bibi me levava, o que me levava a crer que quem tinha organizado aquela baderna no meu apartamento, tinha sido ela.
Olhei em volta, minha visão turva voltando ao normal após algumas piscadas. Gabriel também estava lá, ele estava apoiado na janela e ficou apreensivo assim que me viu chegar com a feição confusa.
Procurei por Bianca, deixando minha irritação tomar o lugar da confusão. Então agora ela fazia festas em nosso apartamento sem nem falar comigo?
Já faziam algumas semanas que parecia que Bianca vinha me punindo de um jeito silencioso e sorrateiro. Ela não falava nada, nem seus motivos, mas eu sabia que era por ainda sair com William. Tudo isso porque eu fui burra o suficiente de prometer que ficaria longe do rapaz. Eu sei que eu devia deixar de ser bunda-mole e mandar a real para ele, ou então, simplesmente dizer que eu não queria mais nada, mas era difícil dizer que não o queria mais, quando uma simples mensagem dele me fazia vibrar. Se fosse qualquer outra pessoa, seria fácil de manter-me afastada. Mas era William, o cara que me usou como inspiração para escrever, que aceitava um pseudo relacionamento com uma garota complicada como eu e sem fazer grandes questionamentos.
Então, no último sábado, nos reunimos no Carté e entre uma conversa e outra, Will IV deixou escapar que tínhamos saído na noite anterior. Ninguém percebeu, mas Bibi ficou aparentemente brava. Novamente, eu não a culpava. Eu me torno uma babaca suprema cada vez que não cumpro com a minha palavra. Mas em minha defesa, William e eu só iríamos ao McDonalds. Eu estava morrendo de fome, porém, zerada. E nos beijamos um pouquinho. E acabamos encostando na casa dele para tomar uma água.
E nos beijamos mais um pouco e talvez nós tenhamos acariciado algumas partes específicas do corpo um do outro um pouco mais fervorosamente, mas nossas roupas nem ao menos foram tiradas.Como eu disse, Bianca ficou enfurecida e, ao invés de conversar comigo sobre, preferiu me punir com coisas pequenas. Como por exemplo, não tirar o lixo. Pedir meu carro emprestado e devolver ele na reserva, "acidentalmente" ocupar Gabb de todas as formas possíveis para que ele não tivesse tempo de me ajudar com o trabalho de fotografia da faculdade. Coisas pequenas do dia a dia que me infernizaram e irritavam bastante.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Loml? | Will grayson Iv
FanfictionEla já foi a vilã que tentou separar o casal principal por solidão e falta de amor. Ela já foi traída pelo casal principal que eram vizinhos e se apaixonaram perdidamente. Ela já foi a amiga parceira da mocinha nerd que se apaixonou pelo popular. El...