14

8 3 3
                                    


- Está tudo bem para você?

- Eu estou quase totalmente nua em cima de você, Grayson. É claro que está tudo bem para mim.

Fomos para a casa de William. Não me preocupei em passar em casa, eu sempre levava roupas íntimas e outras coisas de emergência dentro da bolsa. Normalmente, eu ficava muito tempo longe de casa e nunca sabia quando ia ter que dormir em outro lugar. O plano inicial era assistir filmes, reclamar da vida, ele ia responder alguns e-mails e eu ia revisar a matéria da prova uma última vez, mas entre uma taça de vinho e outra, um beijo foi roubado, surgiu uma carícia na perna e quando minha mente clareou e eu parei para prestar atenção, estava sentada no seu colo, apenas de calcinha.

- Você não precisa estudar para a prova de amanhã? - Desfez meu cabelo do coque, jogando-o para trás.

- Não... - Ele pareceu meio distante por alguns segundos, perdido entre meus fios de cabelo e eu fiquei imediatamente receosa. - William, você quer parar? Está tudo bem se você quiser. - Perguntei e afastei meu tronco do dele, mas sem sair de cima de suas pernas.

- Não! É só que... - Hesitou.

Olhou-me por alguns segundos, desviou o olhar para meus seios e depois encostou a testa no meu ombro direito. Fechei os olhos fortemente, sentindo a respiração ofegante dele no meu pescoço. Uma dose cavalar de insegurança e vergonha tomou conta do meu corpo imediatamente. Havia sido rápido demais? Ele não gostou do que viu por debaixo das minhas roupas? Talvez ele tivesse em mente algo melhor.
Ou alguém melhor.

- Você acha que não está com a pessoa certa? - Questionei, temerosa por sua resposta. Ele queria Bianca no início, certo? Talvez ele tivesse arrependido ou confuso e ele tinha todo direito de estar.

- Como assim? Do que você está falando? - Levantou o rosto, encarando-me com o cenho franzido.

- Will IV, você está me confundindo. - Acariciei os cabelos de sua nuca, sendo amável até demais. Geralmente, eu não tinha paciência com pessoas indecisas, apesar de ser uma.

- Não... É só que... Eu não sei como você é... Entendeu?

Sua frase saiu cheia de pausas e hesitações, quase não entendi sua emissão. Ergui uma sobrancelha, sentindo-me levemente ofendida. Senti raiva dele por estar sendo prolixo e senti raiva de mim por ainda estar ali, sem roupa em cima dele, quando ele claramente não sabia o que queria.

- Não, não entendi. Quer saber? Acho melhor eu ir embora antes que você me ofenda ainda mais! - Irritei-me e tentei sair de cima dele, mas ele segurou minha cintura com força, prendendo-me no lugar.

- Não, Vivi. Eu estou me expressando errado. É que eu gostei de sair com você e queria te ver mais vezes, mas você parece ser o tipo de garota que não responde no dia seguinte.

Pensei um pouco em sua frase e em como eu deveria interpretá-la. Duas palavras fora do lugar e ele realmente estaria me ofendendo e eu precisaria sair dali o mais rápido possível. Porém, William parecia estar constrangido e meândrico, então a frase finalmente fez sentido na minha cabeça. Meus lábios se abriram em entendimento.

- Oh! Você acha que eu vou transar com você e sumir?

Apertou os lábios, parecendo envergonhado com a própria insegurança e vulnerabilidade. Fiquei surpresa porque William parecia estar sendo sincero e talvez aquele, realmente, fosse o motivo. Fiquei mais surpresa ainda por meus motivos estarem errados. Meus pensamentos estavam equivocados. Eu não vou negar que eu já havia sido realmente a garota que não atende as ligações do dia seguinte. Nos últimos tempos, principalmente.
Mas com William, as coisas eram, no mínimo, diferentes. Ele chamava minha atenção de todas as formas. Eu me interessei por ele como nunca tinha me interessado por ninguém. Queria saber mais da sua personalidade, saber seus gostos e odiar seus defeitos. Queria conhecer seu corpo e queria ele conhecesse a mim como ninguém conhecia. Eu o queria, muito. E talvez eu não soubesse lidar com a dimensão do meu anseio e minha cobiça por ele.
Eu não sabia dizer o que rolava entre nós, também não sabia se eu sentia algo mais que uma atração intensa, quase imoral. Não queria aprofundar as coisas com ele sem ter certeza do que eu queria. Eu era uma puta de uma confusão e William, até aquele momento, sempre pareceu tão certo de seus sentimentos e ações.

- Eu... - Percebeu minha confusão e diminuiu o aperto em minha cintura, como se estivesse me deixando livre para sair a hora que eu quisesse. - Não sei o que dizer para você.

- Você vai sumir? - Questionou, enrolando uma mecha do meu cabelo em seu dedo indicador.

- Não. - Respondi e estranhei a falta de hesitação.

- Então, não precisa me dizer nada. Nós resolvemos o resto depois... - Segurou meu rosto entre suas mãos, não me deixando pensar sobre mais nada que não fosse seus lábios sobre os meus.

Passar aquela noite em claro com William não deixou nada explícito e compreensível para mim. Até mesmo piorou minha situação. Eu era boa em manter as coisas casuais, sabia muito bem lidar com situações pós sexo para que não houvesse constrangimento de ambas as partes. Eu era muito boa em ser boa e William era muito bom em ser bom. Nossa química era explosiva demais para o nosso bem. William estava se mostrando ser o tipo de cara que eu sempre quis, mas nunca achei que realmente existisse. Era calmo, gentil, ótimo em falar sacanagem, mas suas bochechas rosadas mostravam o menino dócil e respeitoso que ele era.

Nós não falamos sobre rótulos, mas na minha cabeça, era implícito que nós ficaríamos no bom e velho sexo casual. Mas sei lá, não dá para acreditar muito que as coisas vão permanecer casual quando você passa uma madrugada inteira, deitada com uma pessoa assistindo documentários sobre arquitetura e urbanismo sem propriedade alguma no assunto e aquele acaba se tornando o seu melhor programa da semana.
Casual, hein? Vai ser bem complicado.

Loml? | Will grayson Iv Onde histórias criam vida. Descubra agora