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Aos poucos, nosso riso foi se dissipando e as dúvidas e lacunas entre nós foram voltando a nossa mente.

- Foi por isso que você sumiu nos últimos meses? Por causa da Bibi? – Assenti, quase imperceptivelmente. Não queria dar mais informações sobre o sentimento alheio. – Me magoou, Vivi.

- Eu sei. – Fechei os olhos, sentindo agonia por conta de sua confissão. O murmuro dolorido, os olhos magoados, foi um golpe baixíssimo. – Na minha cabeça, era o certo a se fazer.

- Talvez até fosse. Eu sei que é sua melhor amiga, que vocês se conhecem a anos e que amizade é acima de tudo para você, mas... – Proferiu, pensativo. – Sei lá, você não pensou duas vezes de me descartar.

Franzi o cenho, confusa. De início, tive dificuldades, mas quando entendi seu raciocínio, suspirei profundamente. Dei a volta na cama, sentando ao lado dele, que continuava deitado. Sorri tristonha, encarando seus olhos, que não deixaram meu rosto por um segundo sequer.

- Will IV, quantas vezes estivemos juntos desde que você e Bianca...? – Não completei a frase, pois ainda era estranho demais dizer em voz alta, então apenas gesticulei.

- Nunca paramos de nos ver. – Respondeu.

- Exatamente. Foi por isso que eu e Bianca brigamos na semana passada. – Revelei, finalmente. – Eu nunca consegui me manter longe de você, William Grayson.

- Então, você gosta de mim. – Concluiu, sua feição se iluminou e mordeu os lábios para segurar um provável sorriso.

- Que pergunta, William! – Rolei os olhos, mas no fundo, senti uma terrível tristeza. Afastei-o tanto que o rapaz chegou a pensar que eu não era apaixonada por ele. – Eu só não queria ficar com alguém que poderia vir a preferir outra pessoa.

- Mas eu não... – Tentou falar, mas eu o impedi.

- Quem me garante que você não vai mudar de ideia completamente? – Exaltei-me. Olhou-me com pena quando me viu com os olhos lacrimejados. – Vai ser demais para mim, Will IV! Não seria a primeira vez, sabe?

Pensei em todo o meu histórico e em todas as minhas histórias de amor que não deram certos. Eu não suportaria perder o cara de novo, e dessa vez, minha melhor amiga ia de bônus.

- Ninguém nunca pode garantir nada, Violet . Assim como eu não posso te prometer nada, você não pode promete que sempre vai me querer por perto. Você precisa deixar essa sua insegurança de lado e... – Parou abruptamente, sentando-se.

- E...? – Estendeu uma mão para mim antes de completar. Aceitei e ele puxou-me para sentar ao seu lado. Encostei-me na cabeceira estofada de sua cama, tremi quando ele jogou seu braço por cima das minhas pernas, acariciando minhas coxas levemente.

- Ficar comigo. – Os olhos de William pareceram maiores e mais azuis quando emitiu o pedido. Nossa posição apenas reforçou nosso contato mais próximo. Ele estava meio sentado e deitado ao mesmo tempo, de modo que seu rosto ficou na altura do meu ombro quando sentei ao seu lado. – Caralho, Violet Valentine, eu quero ficar com você.

- E eu quero ficar com você, mas... – Não suportei o seu olhar afetuoso em minha direção e não o olhei de volta. Coloquei os dedos pelos seus fios de cabelo na nuca, acariciando suavemente, fazendo-o suspirar fortemente, como se estivesse expelindo toda a exaustão que eu estava causando nele. – Você vai embora, Will IV.

A sua feição, habitualmente serena, mostrou-se conturbada e chateada. Eu estava novamente negando os pedidos de William, mas dessa vez, eu não estava tendo motivos puramente egoístas.
William era um cara de vinte e poucos anos, iniciando a carreira, entrando em uma turnê de seis meses pelo país. A última coisa que ele precisava era de uma namorada prendendo-o. Eu também não estava pronta para ser classificada como namorada de cantor.

Ambos respirávamos pesado e estávamos absortos em nossos próprios pensamentos. Cada um tentando lidar com seus monstros e sentimentos sem forçar nada ao outro. Me peguei considerando aceitar seu pedido, mas eu sabia que precisava ser madura em relação a nós. Perdemos nosso tempo, eu sou a culpada pelo nosso atraso e agora era tarde demais para ficar ao seu lado.

- Você ficaria, se eu ficasse? – Insistiu.

- Você não vai ficar! - Balancei a cabeça e apertei meus olhos. Eu não tinha dúvidas que repetir isso doía mais em mim do que nele. Doía pensar no que poderíamos ser se não fosse por mim. Doía pensar até no que nós costumávamos ser.

- Não vou, mas eu preciso saber se você ficaria! – William parecia implorar por uma resposta minha quando eu o olhei. Seus olhos ternos procuravam pelos meus, ansiavam por uma resposta que ele já tinha.

- Eu estou aqui, William. – Inclinei meu rosto em sua direção e encostei meus lábios em sua testa.

- Você ficou. – Concluiu, com a expressão exalando entendimento do meu ato. Assenti de leve, sendo avaliada por ele constantemente.

Estar ali com ele, naquele momento, já significava algo. Aquilo já era o meu "sim". Desde o momento que eu decidi descer do carro e correr atrás dele, eu havia dito "sim".

- Eu estou aqui desde o dia em que você apareceu na minha faculdade, afim de me levar para um encontro. Não sei bem o porquê, mas toda vez penso nesse dia quanto tento lembrar quando minha obsessão por você começou. – Deu risada leve com a minha declaração, pegando minha mão e entrelaçando nossos dedos.

Era a segunda vez no dia em que ele fazia isso. Só um recente casal, em exploração de seus próprios sentimentos, saiba dizer que um entrelace de dedos pode ser mais íntimo que um ato sexual em si. Eu e William nunca andamos de mãos dadas. Fora a primeira vez que eu senti que eu era dele e ele era meu.

Subitamente, passou o braço em volta do meu pescoço, puxando-me para baixo de seu próprio corpo, deitando e deixando-me por cima dele, em nossa habitual posição. Fez um carinho na minha nuca, fazendo-me fechar os olhos tamanha foi sua ternura. Cegamente, mapeei seu rosto com meus lábios, sentindo cada pedaço de sua pele. Meus lábios, finalmente, tocaram os seus e antes de aprofundarmos o beijo, movi minha língua delicadamente pelo seu lábio superior e me afastei. Ri quando ele grunhiu, irritado.

- Que horas nós vamos sair? – Questionei, preocupada com o horário do voo do rapaz. Revirou os olhos, frustrado com a minha interrupção.

- Não vamos. – Franzi a testa, confusa e ele sorriu ladino. – O pessoal da banda vem para cá às 5h e vamos todos sair juntos.

- Eu achei que fosse precisar te levar no aeroporto. – Comentei, bagunçando seu cabelo, estranhando os novos planos.

- Nah! – Sorriu sapeca e eu revirei os olhos, sabendo o que vinha a seguir. – Foi só mais um dos planos malignos de Gabriel Martins.

- É claro que foi! – Balancei a cabeça negativamente. – Não sei por que não pensei nisso antes.

- Aparentemente, nossos amigos são nossos maiores admiradores. – O rapaz riu, deixando-me com a feição abobalhada. – Já estou com saudades desses idiotas

Seis meses.

- Eu não acredito que você vai embora! – Exclamei ao fazer um biquinho triste por que senti que ia chorar. A ideia do garoto longe não me agradava em nada. – Uma turnê! William, você vai ser famoso!

- Eu não quero ser famoso. Só quero fazer o que eu gosto e ganhar um pouco de dinheiro com isso. – Deu de ombros, colocando uma mecha solta do meu cabelo atrás da orelha.
O penteado permanecia o mesmo e isso me fazia querer deixar um comentário positivo no vídeo do youtube que me ensinou.

- A consequência disso é a fama, William! – Exclamei. Eu não sei se estava pronta para dividir William com o resto do mundo, mas é o preço que se paga, certo? – Eu vou sentir tanto a sua falta

Loml? | Will grayson Iv Onde histórias criam vida. Descubra agora