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Confirmando as suspeitas de que Meridian City era minha cidade, o clima mudou drasticamente da manhã para o fim da tarde. Como se refletisse meu estado atual de humor, o céu tornou-se nublado e cheio de nuvens carregadas de chuva. Abri a porta da casa de William sem apertar a campainha, aproveitando-me do seu desleixo de só trancar a porta quando estava fora de casa. Pensei estar sendo muito invasiva em entrar sem permissão na sua residência após uma briga, mas sabia que a última coisa que William faria era me expulsar.

Retirei minhas botas, alisei meu vestido várias vezes. Minhas mãos tremiam e não só por causa do súbito e inesperado frio que estava lá fora. Joguei meu casaco no sofá e comecei a procurar por Will IV pelos cômodos da sua casa. A casa de William não era grande, mas era ampla. Minimalista, mas muito lindinha. Olhei pela janela da cozinha e vi William sentando no seu pequeno quintal, coberto de roupas e um edredom, com o violão em mãos, fazendo anotações em seu pequeno caderno que eu já tinha visto antes.
Apenas Violet Valentine conseguiria magoar o cara mais gentil e amável do mundo.

Abri a porta de vidro e fui em sua direção, meus pés incomodaram-se imediatamente com as pedrinhas geladas por entre meus dedos. William franziu o cenho quando me viu em sua frente.

- Como você...? - Tirei o violão de suas mãos, coloquei apoiado ao lado dele e antes dele começar a resmungar, encostei meus lábios trêmulos nos seus lábios gelados. Ele tentou resistir, mas deve ter percebido que eu não desgrudaria meus lábios dos dele, então levou sua mão a minha nuca, deixando-me um tanto aliviada.

Não sei o que faria se, um dia, William negasse-me um beijo.

Ele afastou-me, analisou meu rosto por um minuto inteiro. Deve ter visto em meu olhar o quanto eu precisava que ele me escutasse, então, puxou-me para sentar em uma de suas pernas e respirei fundo antes de começar a falar.

- Eu tenho dois irmãos. Três, na verdade. Um é do primeiro casamento do meu pai. Eu quase não tenho contato com ele, mas ele foi em um aniversário meu a alguns anos atrás e ele é muito educado, tem uma namorada incrível. Minha irmã mais velha é a Clary, tem 25 anos e ela é completo oposto de mim. Ela é morena, é alta e extremamente inteligente e corajosa. Ela saiu de casa aos 16 anos, o que foi um baque para minha mãe, mas não mudou muita coisa, ela ainda janta com eles quase todo os dias. Quer dizer, eu acho. E tem, Bryan, meu irmão mais novo, ele tem 17 anos. Ele é novinho, mas é todo maduro. Sempre foi a frente a idade dele, mas ainda tem muitas inseguranças. Toda minha família é muito apegada e afetuosa, por isso eu não falo sobre eles. É muito doloroso para mim falar sobre eles serem a família perfeita quando eu estou longe. Me dá muitas saudades! Você nunca os viu porque eu não deixo fotos deles à vista... Lembrar que eu não estou com eles agora me dói mui…

O choro fez minha voz falhar e eu não consegui completar a frase. Eu nem havia notado que estava chorando, era oficialmente a primeira vez que eu chorava na frente de Will IV. O rapaz cobriu a nós dois com o edredom e beijou meu rosto ternamente.

- Eu não queria te deixar triste, baby. - Falou suavemente, ainda com os lábios encostados na minha pele.

- Me magoou muito você insinuar que eu não gosto tanto assim de você. - Confidenciei em um murmúrio abalado, limpando as lágrimas finas que desciam pelo meu rosto.

- Violet ... - Sua voz saiu baixa e ele pareceu muito aborrecido consigo mesmo. Interrompi-o novamente, sem conseguir controlar o rio de palavras que saiam de mim.

- Você diz que não sabe nada sobre mim, mas você sabe. Você sempre pede Pepsi quando saímos para comer, mesmo que você prefira suco. Você sempre deixa meias na cama quando eu durmo aqui porque você sabe que eu sinto frio nos pés. Você cobre meu rosto quando o sol invade seu quarto só para eu dormir mais um pouco. Você sabe o meu vinho preferido, sabe o que eu quero comer e quando eu quero comer. Você põe um travesseiro na minha bunda quando transamos porque você sabe o que me incomoda. Você sabe o que importa, Will! E agora eu estou chateada, e com frio, e eu só quero deitar na sua cama, me agarrar em você e não levantar tão cedo.

Ainda sem levantar a cabeça, como uma criança procurando por colo, passei meus braços em volta do seu pescoço. Senti seus braços apertarem minha cintura por baixo do vestido. Ele inclinou sua cabeça, passando seu nariz levemente pela curva do meu pescoço, causando-me arrepios incontroláveis. Aproveitei nossa sensibilidade e minha breve coragem para dizer:
- Porque é isso que você é para mim, William Grayson. Meu aconchego, minha calma e meu caos, tudo ao mesmo tempo. E isso me deixa maluca…

Loml? | Will grayson Iv Onde histórias criam vida. Descubra agora