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- Eu quero ir embora! Me deixa ir para casa, Will IV! – Choraminguei, completamente embriagada.

- Você já está em casa, amor... – Explicou pacientemente, tentando manter meus braços imobilizados. Fechei meus olhos, sentindo muito dificuldade de abri-los novamente. Tudo em minha volta parecia se mover, eu odiava aquela sensação.

- Eu não quero ficar aqui, baby. – Resmunguei, dessa vez, chorando de verdade. – Me leva!

- Nós vamos para minha casa, mas vamos tomar banho primeiro? – Eu sentia Will IV tentando me levantar, mas meu corpo parecia três vezes mais pesado.

Vamos dormir? – Insisti, tendo total noção que quem falava era meu eu-bêbado.

Todos nós somos um tipo de bêbado, certo? A pessoa que nos tornamos quando passamos da conta. Esse era o meu aspecto de bêbada. Eu ficava com um sono descomunal e resmungava demais. Will IV não se calava nunca, sempre surgia com assuntos e comentários desnecessários. Gabb era o bêbado sentimental, ele começava a se declarar para todos, amava todo mundo e distribuía selinhos. Fane, era o cara que sempre era o primeiro a cair, o primeiro que vomitava e sempre dava o famoso PT. Bianca, como deve-se imaginar, era uma bêbada raivosa. Toda a irritação e sapos que ela engolia eram liberados depois de umas doses a mais.

- Eu vou tirar os seus sapatos, está bem? – Explicou, enquanto tirava minhas botas e eu apenas dificultava seu trabalho, mexendo minhas pernas incessantemente. – Não vou tirar suas roupas, vamos apenas ficar debaixo do chuveiro, ok?

- Eu disse que eu estou com sono, Will IV. – Tentei mais uma vez, mesmo sabendo que era quase inútil.

- Eu sei, linda. – Ele ficou em silêncio por mais de 5 segundos e eu logo estranhei. Abri os olhos e ele me olhava, sorrindo de canto, seu rosto sempre juvenil me fez sorrir também. – Vou tirar seu vestido, tudo bem?

- William, você me vê nua todo dia! – Ladrei, irritada, voltando a fechar os olhos e deitando na cama de onde eu nem percebi que tinha levantado.

- É diferente agora. – Declarou, senti suas mãos desabotoarem os botões do meu vestido curto e logo começar a ser retirado. Eu sabia que ele estava falando sobre todo aquele papo de consentimento, sabia que ele estava tentando ser respeitoso comigo enquanto estava bêbada até o talo.

Eram por coisas assim que eu explodiria Bianca e ficaria com ele só para mim.

- Vem dormir, vem. – Bocejei. Estiquei os braços, tentando encontrar seu rosto, entretanto, não achei nada.

Abri os olhos, ressaltada. Minha visão turva só piorava a situação, pois eu enxergava tudo borrado. A sensação de abandono cobriu-me inteira e minha mente me levou ao dia do acidente, onde todos que eu gostava, eram apenas alucinações. Vergonhosamente, comecei a chorar, chamando pelo nome dele.

- Will IV! – Chorei, me remexendo na cama, tentando levantar.

- O que houve? Estou aqui! – William voltou a minha visão. Saiu de dentro do banheiro em passos largos até mim. Observei sua expressão se contorcer quando viu minhas lágrimas grossas descendo pelo rosto. – O que foi, meu amor? Eu estou aqui.

Respirei fundo, engolindo alguns soluços e passando a mão pelo meu rosto. Eu sentia que podia explodir por conta da grande fusão e imensidão de meus sentimentos dentro de mim. Muito tinha acontecido em poucos minutos e eu ainda não havia digerido nada. Tudo ainda estava ali. A mágoa, a irritação, o gosto da tequila e logo a realidade me abateu.

- Está, mas eu acho que não por muito tempo. – Respondi, quase inconsciente. Cerrei os olhos para tentar ver o rosto dele, já que devido o álcool, minha visão estava embaçada. Apenas notei que ele suspirou pesadamente e balançou a cabeça.

Como se estivesse cansando dos meus despautérios.

- Vem, ajudo você até o banheiro. – Falou, simplesmente.

Fiquei debaixo do chuveiro apenas de calcinha e sutiã. Tudo parecia quente entre meus fios de cabelo, mesmo que eu estivesse com um jato de água gelada. Eu não estava com raiva de Bianca, estava com a raiva da situação em que nós nos colocamos. Parecíamos duas adolescentes idiotas, parecia que não tínhamos condições de resolvermos nossas diferenças como adultas. E o pior, tudo havia acontecido, por causa de um cara.
E eu prometi a mim mesma que nunca mais me prestaria a esse papel.

- Eu queria odiar ela, William. – Confidenciei, baixinho e de olhos fechados. O jato de água que caia sobre minha cabeça parecia estar liberando tudo que tinha dentro de mim e eu não sabia. – Mas eu não consigo. Ela é tudo para mim. – Eu apenas sentia respiração de William próxima a mim, mas ele não falava nada. – A culpa é sua.

- O que eu tenho a ver com isso? – Questionou, após uns segundos em silêncio.

- Eu gosto de você. E você gosta de mim também. Mas eu gosto só de você e eu não sei se você gosta só de mim. – Articulei, totalmente desconexa. Minha cabeça pesou, meus olhos relutaram ainda mais contra mim e eu nem me importei em encostar minha cabeça em seu ombro.

- Violet , você quer me contar alguma coisa? – Ouvi sua voz ecoar, quase virando um sussurro.
Mas suas palavras não fizeram sentido para mim, visto que eu já havia conseguido cumprir o grande feito de dormir em pé, encostada em William. Não senti ele me levar para o outro cômodo, não senti minhas roupas serem trocadas. A última coisa que eu senti foram os braços de William em volta de mim, apertando-me com força.

Loml? | Will grayson Iv Onde histórias criam vida. Descubra agora