Sabe quando você tem um sonho tão real, que fica em dúvida do que realmente aconteceu quando acorda? Achava que nada que eu tinha visto acontecer tinha realmente acontecido, até eu ter ciência de que estava em um hospital. Aí comecei a questionar severamente minha sanidade e tudo que realmente tinha acontecido.
Pisquei várias vezes até sentir minha visão clarear. Era terrível acordar desorientada e em um lugar desconhecido. Sentia muita sede e agonia na minha mão direita. Procurei pela fonte da pulsação e ardência no meu membro e franzi o cenho ao encontrar minha mão completamente enfaixada e imobilizada. Olhei em volta de mim mesma. O branco intenso das paredes, os aparelhos de monitorização, os leitos vazios ao meu lado e todo aquele clima hospitalar deixou-me apreensiva e logo minha visão começou a falhar novamente. Dessa vez, porém, eu sentia que eram apenas lágrimas. O cheiro de éter me dava vontade de espirrar, mas fazer isso parecia tão dolorido.Eu só rezava para que não fosse um hospital psiquiátrico, porque sair de um era, no mínimo, difícil. Fiquei encarando o teto, sem estar realmente pensando em algo. Minha mente era um emaranhado de confusão e se eu tentasse entender algo, provavelmente enlouqueceria.
- Violet ? – Uma mulher de voz aveludada chamou-me suavemente. Atravessou o quarto até chegar ao lado da minha maca. Ela vestia um jaleco e estava com uma prancheta em mãos. Um homem de cabelos enrolados seguia atrás da mulher, entretanto, suas vestimentas eram diferentes. Supus que ele era enfermeiro e ela devia ser médica. Eu não havia notado a presença deles até aquele momento. – Oi! Como você está se sentindo?
- Não c-onsig... – Tentei falar, mas a minha garganta seca não me possibilitou.
- Vou pegar um pouco de água para você. – O homem se prontificou.
- Violet , você está no Hospital Geral. Sofreu um acidente de carro, lembra disso? – Assenti. Não lembrava, mas quando ela explicou, pareceu fazer sentido. – Você está na UTI, mas ia ser transferida para um quarto na enfermaria nesse exato momento.
Tentei organizar minhas ideias enquanto o enfermeiro me dava água. Fora extremamente cuidadoso comigo, usou um canudinho e limpou minha boca quando eu perdi o controle e acabei me molhando.
- Obrigado, você é gentil. – Agradeci, forçando minha garganta.
- Ele é mesmo. – A mulher comentou, de cabeça baixa – mas ainda era possível ver um leve sorriso – anotando algo na prancheta. Quando notou o silêncio, ela levantou a cabeça, nos olhando. Eu e o enfermeiro ostentávamos sorrisos tortos por conta da sua sinceridade impulsiva. As bochechas dela adquiriram um tom rosado e ela pigarrou com força. – Pode ir levando-a para o quarto, eu termino as coisas por aqui.
Distanciou-se, parecendo envergonhada. Olhei para o homem ao meu lado, que ainda a olhava, não sorria, mas eu podia jurar que seus olhos estavam brilhando. Elas realmente estão em todos os lugares, as histórias de amor.
- Ela gosta de você. – Murmurei, rouca.
- Você acha? – Olhou para mim, esperançoso. Ergui uma sobrancelha, achando uma graça sua insegurança. Me lembrava William. Pareceu ficar envergonhado e começou a mexer na maca e nos fios presos em mim. – Q-quer dizer, isso não é…
- Vocês ainda vão ficar juntos, relaxa. – Comentei. Começou a mover a maca pela porta a fora e eu fui ficando subitamente grogue e agoniada com os pontos doloridos no meu corpo.
- Como sabe? Você é um tipo de guru? – Brincou, dobrando em um corredor.
No corredor havia uma parede de vidro, onde era possível que eu visse o outro lado da recepção. Vi Gabriel, de pé, falava no celular, parecendo frustrado. Seus olhos perceberam os meus e ele me olhou, sorrindo abertamente. Tentei sorrir de volta, mas meu rosto doeu demais e eu me perguntei como minha face estava. Olhei para o pequeno sofá ao lado da porta de um quarto onde Bianca e William estavam sentados. Ele estava com um braço em volta dela e ela estava com a cabeça baixa, apoiada na mão. Conversavam baixinho e pareciam amuados e próximos demais.
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Loml? | Will grayson Iv
FanfictionEla já foi a vilã que tentou separar o casal principal por solidão e falta de amor. Ela já foi traída pelo casal principal que eram vizinhos e se apaixonaram perdidamente. Ela já foi a amiga parceira da mocinha nerd que se apaixonou pelo popular. El...