33

7 1 2
                                    

Dormi por três horas, que pareceram apenas 15 minutos. Meu quarto foi tomado por policiais, querendo falar sobre o acidente quando eu nem tinha aberto os olhos. Também tive que passar uma hora tentando convencer o psicólogo que eu não era maluca, nem tinha tendências suicidas, só era uma garota meio idiota, que ficava ansiosa e triste frequentemente e achou que tinha o corpo blindado contra drogas lícitas.

Os policiais logo me deixaram em paz, entenderam toda a situação e me desejaram melhoras, mas o psicólogo não ficou muito convencido que eu estava em pleno uso de minhas faculdades mentais e exigiu que eu retornasse a minhas consultas, alegando que eu não conseguiria voltar a viver normalmente sem acompanhamento. Eu concordei plenamente com essa parte, então a ameaça do profissional dizendo que contataria a assistência social se eu não seguisse suas ordens foram desnecessárias.
Gabriel foi quem cuidou do meu carro e toda a papelada do seguro. Ele contou que já tinha batido o carro várias vezes e sabia como lidar com essas coisas. Meu carro estava com a frente destruída e eu já estava lidando e aceitando a ideia de começar a andar de ônibus. Fane, que estava fora da cidade, não descansou enquanto não me viu (viva) por meio de uma chamada de vídeo. Bianca não falou comigo pelo resto da noite, mas também não saiu do meu lado.

Os três acabaram dormindo no mesmo quarto que eu. Não sei como isso foi possível, já que eu tinha quase certeza que a política do hospital não permitia. Eu insisti para que todos fossem para casa, mas fui completamente ignorada. Bianca dormiu no sofá, Gabb e Will dormiram no chão. William jogou todo seu charme para cima da enfermeira para conseguir mais de um lençol. Para falar a verdade, ele passou mais tempo sentado ao meu lado do que dormindo.
Eu não estava nem ligando para a agulha enfiada no meu braço, do medicamento que passava nela que doía feito o inferno, não ligava se ia ser expulsa do hospital por causa dos três idiotas jogados no chão, se minha mão ia voltar a funcionar ou não. Agora só uma frase, dita por Gabb, rodeava em minha cabeça:
"O cara do seguro disse que o carro está no nome do seu pai, ele já foi contatado".

Eu não dava nem dois dias para o meus pais chegarem na cidade, desesperados, achando que eu já estava falecida.
Eu não fazia ideia do que dizer para eles, nem se ia contar sobre os remédios. Minha mãe sempre foi muito preocupada com minha saúde mental, ela ia me fazer voltar a frequentar o psiquiatra, ia me levar a igreja e era capaz até de se mudar para morar comigo.
O segundo dia foi pior do que o primeiro. Eu estava ainda mais inchada, meu olho esquerdo estava quase fechado de tão inchado, parecia que todos os meus dedos tinham sido arrancados da minha mão e eu estava irritada demais por estar dependendo de Bianca, William e Gabriel para tudo. Eles até criaram um sistema. Bianca me ajudava no banho, Will IV me vestia e Gabb me ajudava a comer, já que eu não tinha habilidade alguma com a mão esquerda.

Pela tarde, quando o celular de Bibi tocou e ela fez uma careta, estendendo-me o aparelho, eu sabia que eram meus pais. Eu tinha mandado uma mensagem para meu pai, falando sobre o carro batido, mas Bianca contou que eu estava no hospital. Claramente uma pequena vingança por ter escondido coisas dela. Fui bem sucinta na ligação e deixei claro que estava tudo bem, mas é claro que não adiantou de nada.
Quando contei como tinha acontecido, minha mãe gritou e eu ouvi uma breve discussão entre meus pais e meus irmãos. Não entendi muita coisa, mas acredito que eles estavam apenas tentando impedir minha mãe de sair de comprar uma passagem de ônibus, já que ela não andava de avião.

Passei quase uma hora no telefone com cada um deles. Bryan só queria saber se o carro estava bem, Clary pediu uma foto de cada parte do meu corpo (e chorou quando viu os hematomas grandes e roxos no meu peito). Meu pai me pediu um bom motivo para ele impedir a mãe de vir até mim, já que ele queria fazer o mesmo. Mas era impossível, era início de semana, o dinheiro estava escasso, o semestre estava longe de acabar e tudo que eles menos precisavam era faltar no trabalho por causa de uns dedos quebrados.
Mamãe foi a parte mais difícil. Ela chorou, brigou, pediu para conversar com Bianca e passou meia hora no telefone com ela. Falou com William e Gabb e para ter certeza, pediu foto deles também. Deu em cima de Gabriel descaradamente, falou com eles por mais 10 minutos, chorou mais uma vez, queria que eu prometesse que eu não ia morrer. Até que meu pai fez-a desligar pois a conta do telefone viria exorbitante.

Loml? | Will grayson Iv Onde histórias criam vida. Descubra agora