Setembro.
Você já tentou se manter longe de alguém que você sabe que te faz bem? Já se sentiu um completo intruso, mesmo que todos te tratem bem e você seja totalmente incluída no grupo? Já se sentiu a pessoa mais solitária do mundo, mesmo que estivesse rodeada por pessoas queridas? Não são sentimentos agradáveis. Eu me sentia perdida em minha própria confusão. Como se estivesse em luta com minha própria persona, sentindo-me presa em um labirinto.
Debrucei-me sobre a janela do carro e fechei os olhos, sentindo apenas o vento forte golpear meu rosto. Senti-me pequena demais para ter tanto vazio dentro de mim. Eu não estava triste, nem com raiva. Estava simplesmente desguarnecida, alheia a tudo e a todos. Minha presença incomodava a mim mesma e tinham dias que eu me sentia desconfortável ao extremo.
Estávamos indo para uma reserva ecológica que fane tinha conhecido a uns anos atrás. Decidiram passar o fim de semana acampando lá, usando a desculpa de que todos estavam cansados da rotina de trabalhos e compromissos e só queriam se divertir, mas eu sabia que eles só estavam tentando me distrair.Depois do acidente, Bianca reuniu todos em casa e me fez explicar a todos o que tinha acontecido comigo. Ela me fez entender que eu precisava compartilhar com as pessoas que mais me ajudaram no momento difícil, pois o modo como eu estava lidando com tudo – ignorando tudo e todos – era injusto com nossos amigos. Eles mereciam uma explicação. No início, eu não queria falar sobre meus problemas para ninguém, fiquei até chateada por Bibi me forçar a isso. Já tinha sido difícil o suficiente ter que contar para William, mas depois, percebi que eu precisava disso, compartilhar minhas angústias. No mesmo dia, Fane contou sobre sua mãe e o câncer. Bianca, finalmente, contou sobre sua família adotiva e Gabb sobre a ausência de família.
Acho que foi a primeira vez que conversamos a noite inteira sem um pingo de álcool em nossos organismos. Contamos histórias que não tinham sido contadas para ninguém, trocamos experiências e naquela noite foi como se eu tivesse encontrado meus amigos pela primeira vez. Firmamos nossa amizade. Não era mais apenas coisa de bar. Era compreensão, carinho. Amizade na sua melhor forma.Então, por que eu ainda me sentia tão distante?
Abri os olhos e olhei para frente no momento que tive a sensação de estar sendo observada. William olhava-me pelo espelho retrovisor, focado e absorto ao mesmo tempo. Ele tinha sido obrigado a dirigir, já que era o único que não dirigia durante o dia-a-dia. Obriguei-me a desviar meus olhos do olhar atencioso de William e passei a observar a paisagem, mantendo-me um pouco distante da brincadeira deles.
Ultimamente, as coisas com William estavam assim. A gente se falava mais com os olhos do que com palavras propriamente ditas. E parte disso era culpa minha. Desde a conversa quase nada esclarecedora com Bianca, eu tentava me manter afastada deles dois. Eu recusava os convites de William para sair, mesmo que isso me doesse. Só saia com ele se todos estivessem juntos e mesmo assim, era complicado. Eu podia evitar sair sozinha com ele, dizendo estar ocupada, mas quando estávamos todos juntos, ficava difícil recusar seus beijos delicados e seus carinhos. A cada recusa minha, eu lembrava da nossa conversa sincera na praia. E doía demais.Concordei em acampar por que todos iriam, mas quando me foi dito que nós só tínhamos duas barracas, eu já comecei a ficar nervosa. A ideia de dormir com William e Bianca estava deixando-me enjoada, mas se eu pedisse pra dormir com Fane e Gabb ficaria estranho e Will IV poderia ficar chateado. E se isso acontecesse, Bianca também ficaria chateada por William estar chateado de não estar comigo. Aí eu estaria chateando a todos. Deu pra entender? É um processo complicado, eu sei.
Ficamos afastados do Camping e montamos nossas barracas numa clareira a alguns metros da cachoeira. Ninguém comentou nada sobre quem iria dormir com quem, então fiquei calada também. O lugar era absolutamente lindo. A cascata era um pouco alta e não muito larga, mas era totalmente coberta pelas árvores. A água transparente transmitia uma calma gigante em mim, que tinha pavor de entrar em lugares em que eu não enxergava o chão. As árvores em volta projetavam sombra, mas não tampavam o sol. Agradeci mentalmente por estar ali. Eu precisava mesmo ficar longe de tudo, nem que fosse por um dia.
O problema de ficar longe de tudo que me mantinha ocupada é que eu acabava me perdendo nos meus próprios pensamentos, nas minhas próprias neuroses. As centenas de Violet’s faziam-se presentes e eu acabava me escondendo de todas elas dentro de mim mesma.
Ajeitei as alças do meu biquíni preto, ajustando meus seios e arrumei o blusão branco transparente que eu usava. Sentei debaixo de uma árvore após arrumarmos as barracas, brincando com a água rala que vinha da cachoeira e chegava aos meus pés. Gargalhei vendo Fane tentar escalar algumas pedras para chegar no centro da cachoeira e caindo de barriga na água. Todos nós gritamos um "ouch", fiz careta imaginando a ardência que ele iria sentir.
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Loml? | Will grayson Iv
FanfictionEla já foi a vilã que tentou separar o casal principal por solidão e falta de amor. Ela já foi traída pelo casal principal que eram vizinhos e se apaixonaram perdidamente. Ela já foi a amiga parceira da mocinha nerd que se apaixonou pelo popular. El...