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Maio.

Eu me arrependia amargamente de fazer faculdade em período vespertino, por que isso significa que o meu turno no Daily é sempre de matutino e o jornal pela manhã era um verdadeiro inferno. O meu trabalho era fazer tudo, sempre me colocavam para fazer várias coisas ao mesmo tempo. Limpar almoxarifados, arrumar papéis, entregar notas, cobrar matérias, verificar as impressões do dia e entregar, pelo menos, cinco relatórios no final do dia. Era exaustivo, eu odiava e ganhava pouco. Porém, o núcleo universitário me forçava a crer que eu era sortuda e deveria agradecer de, ao menos, ter um estágio.

Para falar a verdade, já tinha um tempo que eu tinha dúvidas sobre ser jornalista. Eu gostava de escrever, me interessava pela área, sim. Mas nunca fora minha paixão. E quanto mais eu conhecia, menos eu me via fazendo aquilo no futuro. Eu nunca tinha conseguido me encaixar perfeitamente em qualquer profissão, nada parecia certo para mim. Muitas vezes eu pensava em desistir do jornalismo, mas desencadearia muitos problemas e complicações para mim, mais do que eu sou capaz de lidar. Eu gostava de escrever e informar, sim, mas a última coisa que me deu prazer de fazer foi trabalhar no Centro Comunitário na férias. Eu amava ir para aquele lugar, eu gostava de me sentir necessária, de ajudar e era boa nisso. Acho que fui influenciada pelo meio em que vivi durante toda a minha vida.
Jeins era um bairro perigoso e considerado perdido por muitos. Eu gostava de lá, minha infância e adolescência no local foram marcantes, mas quando isso atrapalhou no meu futuro, não pensei duas vezes em me mudar. Todo o bairro se conhecia e metade dos jovens de minha geração acabaram entrando para o mundo do crime. Eu era uma das únicas do meu grupo de amigos de infância que almejava um futuro que não envolvia drogas ou prisão. Eles brincavam dizendo que eu era a salvação do grupo e no final, eu acho que acabei sendo mesmo. A maioria deles não tinha maldade alguma no coração, só eram muito influenciáveis.
Ironicamente, nunca consegui influenciá-los a mudar de vida.
Eu passei a manhã toda no jornal, pedi para sair mais cedo e recebi um belo de um "não" na cara. Eu tinha que estudar para prova que teria no outro dia e agradeci mentalmente pelo professor Manuel ter adiado as aulas dele que teriam hoje. Então, assim que saí do trabalho, liguei para Mary, uma amiga de turma, me encontrar na universidade. Eu e Mary prometemos que não iríamos sair da biblioteca enquanto não estivéssemos com, pelo menos, 70% da matéria fixada na memória. Éramos as únicas atrasadas da nossa sala, o que fazia com que nós tivéssemos fama de desesperadas.

Já eram quase 18h quando meu celular vibrou duas vezes em cima da mesa, tirando minha atenção do artigo de quase 40 páginas.

Já eram quase 18h quando meu celular vibrou duas vezes em cima da mesa, tirando minha atenção do artigo de quase 40 páginas

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A pergunta que eu estava esperando, finalmente, surgiu e acabei suspirando profundo demais e atraí a atenção de Mary.

- Também não aguenta mais? Vamos parar por hoje? - Ela nem esperou minha resposta. Já começou a fechar os livros e guardar as suas coisas dentro da bolsa. - Vou devolver os livros.

- Leva os meus também, por favor? - Empurrei os livros na direção dela, vendo-a fazer um malabarismo para equilibrar os livros em seus braços finos. Meu celular vibrou novamente em minha mão.

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