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Julho.

Meridian era uma cidade que não apresentava muitas variações climáticas. A temperatura era amena e estável quase sempre, sendo esse um dos motivos pela minha escolha de viver no lugar. Haviam dias que tinham picos, de frio ou calor, mas eram casos isolados. Aquele final de semana em especial, o calor resolveu aparecer, deixando a agradável HW em clima quase tropical. Os jornais argumentavam que o aquecimento global tinha uma parcela de culpa nisso, mas eu, particularmente, acreditava que era apenas uma forma do universo de agradecer e honrar o nascimento de William Grayson. O rapaz nascera no primeiro dia do signo de leão, um dos signos de Fogo, cujo Sol é o planeta regente. Por isso não fiquei surpresa ao dar de cara com temperaturas altas no final de semana que tínhamos planejado ir ao litoral para comemorar o aniversário do nosso pequeno astro em ascensão.

Eu não acreditava muito em astrologia e seus afins, mas eu recorria a qualquer coisa para obter explicações sobre William e sua plenitude.
Eu deveria estar "de molho" em uma piscina, sentindo meus dedos enrugando-se a cada minuto mais. Eu poderia estar em uma praia, sentindo o sol degradando a minha pele. Poderia estar vendo Fane e William fingindo que gostam de jogar futebol na areia (ou em qualquer lugar) e/ou ouvindo Gabriel fazendo piadas sobre a falta de jeito dos mesmos com a bola, ou inventando piadas sujas envolvendo o biquíni vermelho de Bianca. Queria estar dentro do mar, sentindo as ondas me embalando e os lábios de William tocando-me, como se fosse o brinde perfeito. Entretanto, eu estava condenada a trabalhar até às cinco da tarde, presa em uma sala do tamanho de um elevador, com cheiro de queijo.

William alugou uma casa na praia para comemorar seu aniversário e todos os garotos já estavam no lugar, exceto eu e Bianca, por culpa minha. Eu teria que trabalhar e não poderia faltar, nem pedir folga. Bibi falou que não iria sem mim e também não queria que eu fizesse uma viagem de três horas durante a noite e sozinha. Então, ela decidiu que iria esperar até o final do meu expediente. Disse que iria ao shopping comprar um presente para o amigo e a ideia de ter que dar algo me deu arrepios. O que eu deveria fazer? Fingir um relacionamento, ser doce e legal? O que dar de presente para uma pessoa que é muito (muito!) mais que amigo e menos do que um namorado? Nós ainda estávamos meio estremecidos por conta das semanas tensas que tivemos. Não conversamos muito após a conversa que tivemos no quintal dele, ele preferiu deixar quieto tudo o que tinha se passado. Como ele não tocou mais no assunto, eu também me mantive calada sobre.

Quase chorei de felicidade quando, finalmente, fui liberada do jornal e corri em direção ao meu carro. O sol já se despedia e dava lugar a um céu azulado e alaranjado ao mesmo tempo. Praguejei alto pois o pôr do sol na praia devia estar incrível e eu estava vendo-o de uma avenida dentro de um carro.
Adentrei meu apartamento quase correndo e limpando a gotícula de suor que escorria pelo meu pescoço. Julho e agosto costumavam ser os meses um pouco mais quentes e andar nas ruas de Meridian nessa época era terrível. O calor deixava as pessoas irritadas e mal-humoradas. Eu estava irritada e mal-humorada. Tudo o que eu queria era estar na praia com meus amigos. Dei uma última olhada nas nossas malas em cima do sofá, já devidamente arrumadas e equipadas. Joguei minha bolsa de qualquer jeito na sala e fui em busca de Bibi.
- Bianca? Vou tomar banho bem rápido. Se corrermos agora, chegamos antes das nove! – Gritei, indo para o meu quarto. Voltei ao corredor quando não obtive resposta da morena. Fui até o quarto em frente ao meu, para ter certeza que a mesma não estava no shopping, como tinha me avisado antes.

Bati duas vezes na porta entreaberta antes de entrar. Bianca estava sentada no meio de sua cama, com as pernas cruzadas e o celular apoiado a sua frente em cima de uma almofada de panda. Assim que percebeu minha presença, chamou-me com a mão e colocou o celular no autofalante.

- Não estou entendendo esse seu surto, pai. Eu me formei, estou fazendo o que eu gosto, estou até me tornando conhecida no meu meio de trabalho. É algo que eu sempre quis e vocês me apoiaram. – Bianca falava de um jeito choroso. – Não faz sentido me pedirem para voltar agora!

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