Eu ainda estava com a mão toda ferrada, mas ainda assim, passei cinco horas digitando, corrigindo texto e lendo os livros empoeirados da biblioteca municipal, acompanhados de uma dor de cabeça chata, náuseas e sono. Já era noite quando consegui ir à farmácia e ao banco, para finalmente pagar o conserto do meu carro. Quando cheguei em casa, tudo o que eu queria era tomar um banho e ir direto para a minha cama.
Soube que meus planos não dariam certo quando cheguei em casa e encontrei William Grayson no meu sofá.
- O que você está fazendo aqui? – Perguntei, indistinta. Tirei meu casaco e coloquei no cabide atrás da porta. – Você tem as chaves da minha casa, por acaso?
- Boa noite, Violet . É assim que nos cumprimentamos agora? – Cruzou os braços e encarou-me, carrancudo.
- Por que? Você quer um beijinho? – Provoquei. Belisquei sua bochecha quando passei por ele, seguindo em direção ao meu quarto.
- Depende. Você vai me beijar e esquecer que eu existo logo em seguida? – Retrucou, friamente. – Porque é isso que você vem fazendo comigo ultimamente.
- Não faz nem uma semana que a gente... O que você quer, afinal? – Irritei-me com suas cobranças, mas também me recriminei por estar sendo rude. Ele quase não tinha culpa de nada, entretanto, eu estava de ressaca, com fome, tinha escutado uma avalanche de verdades durante o dia inteiro e eu só queria chegar no meu quarto.
- Uma explicação, talvez? – Refutou, mas ainda mantinha a expressão neutra. Suspirei ao ouvir sem tom de voz raivoso e, ao mesmo tempo, chateado. Saí andando pelo meu quarto, fazendo meus procedimentos rotineiros após um dia longo e ignorando um William Grayson falante e mal-humorado atrás de mim.
- Sobre? – Fui até o banheiro, em busca de uma camisola preta que eu havia deixado por ali. Prendi meus cabelos no alto e sem me importar com William ali, retirei minha calça jeans e joguei no cesto de roupas sujas. – Eu que devia pedir explicações. Você sumiu com meu carro, onde ele está? Eu andei de ônibus o dia inteiro.
Gabriel ficou responsável por cuidar do conserto do meu carro após o acidente, mas o idiota pegou a irmã do mecânico, causando sua expulsão perpétua da melhor oficina da cidade. Gabb não se arrepende, diz que foi sua melhor transa pós Nikkie. Mas eu acabei sem mecânico, recorrendo ao vizinho de William, que entendia uma coisa ou outra.
- E mesmo assim, você não me ligou. – Acusou-me. – Nem sequer para perguntar sobre seu carro.
- Eu não entendo nada de carros! – Retruquei, jogando meus braços para o alto. – Eu confio em você, tenho certeza que o que quer que estejam fazendo, meu carro vai ficar ótimo! E por falar em ficar ótimo…
Abri minha mochila, retirando duas caixas de remédios e jogando nas mãos do cantor. William tinha um sério problema em seguir recomendações médicas. Nunca fazia as dietas, nem tomava os remédios receitados. Parecia esquecer que sua voz era o seu ganha pão e ignorava até os conselhos de seu fonoaudiólogo. Eu tinha que comprar os remédios e deixar na casa dele, como se fosse uma emboscada.
Da última vez, cometi o erro de misturar o remédio com o chá gelado do rapaz, para forçá-lo a tomar. Ele tomou. Dois goles e vomitou o jantar inteiro logo em seguida.- Argh! – Resmungou, lendo as informações na caixa. – É o mesmo que você comprou da última vez. Você lembra o que aconteceu, não é?
- Esse aí é de morango, senhor "Sabor laranja me faz vomitar". – Rolei os olhos, zombando da minha criança de 22 anos.
Entrei no meu banheiro, deixando Will IV e suas reclamações para trás. Tudo o que eu queria era meu banho quente e era isso que eu teria. Retirei o restante de minhas roupas enquanto esperava a água esquentar. Não consegui conter o sorriso ao ouvir os resmungos dele vindo do quarto ao lado.

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Loml? | Will grayson Iv
FanfictionEla já foi a vilã que tentou separar o casal principal por solidão e falta de amor. Ela já foi traída pelo casal principal que eram vizinhos e se apaixonaram perdidamente. Ela já foi a amiga parceira da mocinha nerd que se apaixonou pelo popular. El...