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Entretanto, o número dele foi o primeiro que procurei quando sai do Daily.

- Oi, baby. – William atendeu no terceiro toque e suspirei, quase aliviada, só de ouvir sua voz, sempre tão atenciosa.

- Ei, está ocupado? – Limpei as lágrimas do meu rosto, forçando minha voz a voltar ao normal. Não queria que William notasse algo de errado comigo.

- Só um pouquinho. Você está bem? – Questionou.

- Anh.. Sim. Eu só queria... Sei lá, eu não tenho nada para fazer e preciso me distrair um pouco. – Desconcertada e encabulada, minhas palavras acabaram saindo da minha boca de forma confusa.

- Agradeço a preferência! – Respondeu, sarcástico e eu senti-me pior, imediatamente.

- Não! Eu não quis... – Comecei a me retratar e pedir desculpas, mas a risada dele interrompeu meu pesar.

- Calma, Violet , eu entendi! Você pode ir lá para casa. A chave reserva fica presa no interruptor da campainha. O interruptor é solto, você puxa pelo lado.... – Parei de prestar atenção nas instruções dele e me perdi nos meus próprios pensamentos por um segundo. Não é possível que William seja tão legal assim. O cara estava ali, de braços abertos, me entregando a chave de sua casa quando eu ao menos perguntei como tinha sido a viagem. – Violet ?

- Oi, estou aqui. Tem certeza que está tudo bem eu ir? – Procurei pela afirmação de que estava tudo certo entre nós.

- Claro que sim! Eu tenho que ir. Vejo você em casa, beijos! – E desligou. Encarei o celular, ainda meio atordoada e surpresa com a boa vontade de Will IV. Eu não estava acostumada com homens sendo bons comigo sem esperar nada em troca.

Dirigi meio desatenta, ainda pensando nas merdas gigantes que eu vinha protagonizando naqueles dias. A demissão era uma certeza. Na faculdade, eu era financiada pelo governo, então, eu não sabia como essa demissão iria ficar aos olhos deles. Mais uma incerteza. Eu nem queria começar a avaliar minhas relações pessoais, minha cabeça iria explodir.
Quando entrei na casa de William, um sentimento bom de acolhimento e saudade me atingiu. Sua casa ainda era a mesma de duas semanas atrás. A cada passo que eu dava no local, minha mente materializava as lembranças da última vez que estive no local. Andando de calcinha pela sua sala, pulando entre seus sofás e almofadas por conta de nossas brincadeiras idiotas, bagunçando sua cama da melhor maneira possível. Sorri quando cheguei em seu quarto e notei que ainda haviam malas jogadas pelo chão e que as portas do closet estavam abertas. Imaginei-o saindo de casa atrasado e deixando tudo pelo meio do caminho. Tirei minhas roupas e fui direto para o banheiro, desejando o chuveiro maravilhoso de William.

Senti a água quente descer pelos meus ombros, falhando miseravelmente na missão de levar pelo ralo tudo o que me incomodava. Eu estava envergonhada, com raiva e chateada. Ainda sentia toda a angústia presa no meu peito e na minha mente, eu sentia cada célula do meu corpo constrangida de ter que estar ali, no corpo de uma garota tão chata.
Quando saí do meu longo banho, procurei por uma camisa de William dentro do armário e joguei-me em sua cama, sem me importar com meus cabelos molhados em seu travesseiro. Era bom demais ficar ali, longe de tudo e de todos, imersa no cheiro dele. Eu já sentia um arrependimento muito grande de estar ali e não estudando ou fazendo algo produtivo, mas parecia impossível fazer outra coisa agora. Eu também não gostava de como eu estava lidando com meus problemas. Nunca gostei de me sentir frágil. O choro havia me deixado ainda mais sonolenta e cansada, logo dormi, sem pensar muito no que tinha acontecido.

Senti que adormeci por poucos minutos e acordei com Will IV gesticulando a minha frente. Cansada e precisando desesperadamente dormir mais, ignorei-o e virei de costas para ele, voltando a fechar meus olhos, tentando me concentrar na realidade. Toda vez que eu despertava, ficava muito grogue e não lembrava de quase nada dos primeiros minutos depois que eu acordava. Tudo isso fora causada pelo remédio e nas primeiras vezes que tive essa forte reação, decidi parar com o uso. Quando senti que estava sã o suficiente para lidar com outra pessoa, levantei da cama e fui em busca dele. William estava deitado no sofá em sua sala e falava ao celular. Ele já olhava na direção da porta do quarto quando saí, como se estivesse esperando por mim.
Gesticulou com a mão, batendo no espaço ao seu lado. Não prestei atenção no que ele falava, apenas deitei ao seu lado, abraçando sua cintura. Ele deu uma risada provocativa quando desceu uma mão para minha bunda e sentiu que eu estava sem calcinha.

- Preciso ir. Eu passei o dia com você, Ivar, não aguento mais escutar sua voz! – Reclamou, com a voz arrastada. Ivarsen, era o empresário e produtor de Will IV. Ele dizia que Ivar era muito competente, mas que também tinham muitas divergências criativas. Eu ainda não o conhecia, mas Fane costumava dizer que o cara era tão chato quanto era bom em seu trabalho.
Comecei a distribuir beijos suaves pelo seu queixo, sua bochecha e descendo para seu pescoço, sem pretensão alguma, apenas curtindo nossa proximidade. Ele fechou os olhos, aproveitando meu carinho e resmungando no telefone.

- Ivar, é sério, tem uma garota tentando me beijar agora e você está atrapalhando! – Resmungou, após eu ter apenas encostado em seus lábios e afastei-me.

- É a tal da Vivi? Fala sério, William, se ela esperou você até agora, ela não vai morrer se esperar você resolver isso. – Ouvi a voz alta e ranzinza de Ivar mesmo que a ligação não estivesse em autofalante. Levantei a cabeça, olhando para Will IV com uma sobrancelha erguida, sorrindo por saber que o empresário dele sabia quem eu era, mesmo sem nunca termos sido apresentados. As maçãs do rosto de Will IV ficaram avermelhadas.

- Ivarsen, boa noite! – Irritou-se, encerrando a ligação de uma vez. Dei risada da expressão emburrada do rapaz. Puxou meu corpo para cima do dele, deixando minhas pernas esticadas entre as dele, abraçou minha cintura com os dois braços e beijou-me lentamente.

- Não queria atrapalhar, desculpa. – Afastei-me e encostei meus lábios em seu pescoço.

- Não atrapalhou, ele só está nervoso com a viagem para Nova York. – Puxou a camisa que eu usava um pouco para cima, posicionando suas mãos em minha cintura por baixo do tecido.

- É amanhã? – William tinha um show marcado em Austin, no Texas. Todos estavam pirando por que iria ser o lugar mais longe onde William iria se apresentar. Ele assentiu levemente. – Você está nervoso?

- Bastante, mas não posso pensar nisso ou então, surtarei! – Balançou a cabeça, como se estivesse expulsando os pensamentos. – E você, sonâmbula? Como você está?

- Sonâmbula? – Sua afirmação me fez franzir o cenho.

- Sim, fui acordar você hoje e você parecia outra pessoa. Só ficou me encarando e voltou logo a dormir. Ou você é sonâmbula ou estava apenas sonhando.

- Ah, devo ser mesmo, não sei dizer. – Respondi, confusa com seu relato. – Enfim... Você chegou rápido. Falamos no celular agora há pouco.

- Violet – William deu uma risadinha e apontou para a janela, onde o céu escuro mostrava claramente que já não era mais dia. – São quase dez horas da noite.

Fiz uma careta com sua constatação. Estava estranhando muito os novos efeitos colaterais do remédio que estavam aparecendo em mim. Eu tinha tomado apenas por alguns dias, já havia parado á dois, mas tudo ainda estava tão confuso. Eu lembrava de William ter me acordado, mas algo parecia me impedir de falar com ele. Eu o via na minha frente, sabia quem era, mas não conseguia entender o quanto ele era real e não fazia o menor sentido ele ali na minha frente. A ligação que eu tinha feito parecia ter sido a minutos atrás, quando, na verdade, já faziam onze horas desde que ela aconteceu.

- Ei, obrigado por me deixar ficar. – Dei um beijo no seu rosto em agradecimento, mudando de assunto logo, pois se Will IV pedisse explicações, eu não teria como dar uma.

- Não foi nada. Você me recebeu sem calcinha, Violet . Já estamos quites! – Brincou, beliscando minha bunda. Gargalhei, dando um tapa na mão dele. – Ei? – Chamou, segurando meu queixo para que eu o olhasse. – Está tudo bem mesmo? – Assenti, sorrindo e beijei-o mais uma vez.
Sempre que will queria uma resposta verdadeira, me forçava a olhar em seus olhos. Aqueceu-me por dentro o fato de que ele realmente queria saber como eu estava.

Loml? | Will grayson Iv Onde histórias criam vida. Descubra agora