20

14 4 3
                                    

Dante vivia em uma casa minúscula ao lado da minha. Quando criança, sua alimentação era mantida por todos das redondezas, mas os outros preceitos básicos para se viver eram dados por meus pais. Eles o matricularam na escola pública, ajudavam de todas as formas que podiam. Quando chovia forte, ele dormia no sofá da minha casa. Nunca perguntei o porquê. Eu, Clary e Bryan sempre vimos o pequeno asiático como um irmão, já que fomos criados praticamente juntos.

O sistema de adoção, o serviço social, nunca se importaram com a situação de Dante. O menino viveu a vida inteira a própria sorte.

- Eu tinha tanta esperança nele. – Joguei-me na minha cama, descrente e triste. Bryan nem precisou explicar nada, eu já sabia que Dante havia cedido as pressões da rua.

A medida que foi crescendo, Dante foi distanciando-se de nós, cada vez mais inserido na realidade das ruas. Desistiu da escola após falhar em várias séries, deixou de dormir no sofá de casa quando chovia forte, entretanto, nunca nos desrespeitou, nunca deixou de ser um menino gentil. – O Oliver tem algo a ver com isso? – Questionei, sentando na cama e abraçando minhas pernas.

Oli também foi um garoto com quem eu brinquei a minha infância toda, mas ele sumiu da minha vida antes de nós completarmos 15 anos. Foi quando comecei a me interessar mais pelos meus estudos e Oliver começou a se desinteressar de tudo. A última vez em que eu o vi, eu estava a caminho do aeroporto para vir para Meridian de vez. Nos entreolhamos quando eu entrei no carro de Bianca e ele já não parecia o mesmo.

- O que você acha? Por isso você precisa falar com ele! – Bryan insistiu.

- Bry, não dá. Ele deve ter passado por uma lavagem cerebral com aqueles caras, nada do que eu fale vai mudar alguma coisa. – Expliquei, sentido meu peito doer quando ouvi o suspiro alto de Bryan. – Eu queria ajudar, irmãozinho, mas não acho que seja algo que está ao meu alcance.

- Até nossa mãe já desistiu dele, Vivi. – Bryan contou e eu fiquei até assustada. Minha mãe criou Dante como se fosse seu próprio filho, então era óbvio que ela tinha fé nele, fé que ele poderia tornar-se uma pessoa melhor. Nesse momento, William entrou no meu quarto com algumas roupas nas mãos. Ele me olhou e balançou a cabeça como se estivesse perguntando se eu estava bem e eu assenti. – Ele anda fazendo muitas coisas erradas, ela é compreensiva até certo ponto.

- Eu não vou poder fazer nada até o dia em que eu possa vê-lo pessoalmente. – Will IV começou a se trocar em minha frente e eu sorri ao ver suas costas marcadas por mim. – Até lá, você vai precisar segurar as pontas.

- Tudo bem, Vivi. Só queria tentar mais alguma coisa antes de ter que desistir. – Sorri de lado. Bryan era um ótimo garoto, orgulhava-me muito tê-lo como irmão. - Ei, eu encontrei com Luke na rua semana passada! - bry contou, empolgado e eu revirei os olhos, bufando. luke foi o único namorado meu que minha família conheceu. Para o meu azar, eles gostavam mais dele que de mim.

Resmunguei um pouco sobre o assunto Luke, comentamos sobre algumas coisas, fofocamos um pouco e logo nos despedimos. Limpei algumas lágrimas que se acumularam no canto do meu olho antes de virar para encarar William.

- Bianca imaginou que você ia ficar sensível e ela não veio atrás de você porque você ia chorar se fosse ela. Então ela me mandou porque... Bom, você me odeia no momento. – Revirei os olhos com sua dramaticidade.

- Estou bem. – Disse simplesmente e deitei-me na cama, olhando para o teto cheio de infiltrações do meu quarto, ficamos em silêncio por um tempo.

Toda vez que alguém do Thunder Bay era citado, eu sentia como se fosse coisa de outra vida. Meu mundo agora era diferente do que eu costumava viver e era estranho pensar que a vida lá continuava, mesmo que eu não estivesse por perto. Ainda que parecesse que nada tenha alterado-se.

Loml? | Will grayson Iv Onde histórias criam vida. Descubra agora