Capítulo 32: Jogando

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Chegamos de volta à casa de Erick ainda cedo, antes de oito da noite. O ambiente parecia carregado de uma expectativa silenciosa. Davi estava visivelmente cansado, esfregando os olhos e bocejando.

— Vou colocar o Davi pra dormir. — Disse Erick, sua voz firme e tranquila. Ele pegou a mão do irmão e o guiou escada acima. A visão de Erick, ainda vestido com a roupa que foi ao cinema, cuidando do irmão, era a imagem de um irmão mais velho dedicado. Era esse Erick por quem eu me senti perdidamente apaixonada pela manhã. Infelizmente, essa era apenas uma das várias faces dele.

Enquanto Erick estava com Davi, Milena e eu ficamos na sala. Eu liguei a televisão para assistir um pouco, tentando desviar a mente da tensão que sentia. Milena estava ao meu lado, também parecendo relaxada, mas seus olhos já estavam pesados.

Quando Erick voltou para a sala, estava sem camisa e usando um short folgado, uma visão que não passava despercebida. Sua postura era confiante e descontraída, e ele parecia completamente à vontade, como se o mundo estivesse sob seu controle.

Milena se aproximou dele, seu olhar refletindo um misto de esperança e cansaço.

— Erick, eu também tô com sono. — Disse ela, com um tom de voz suave e um sorriso. — Você não quer vir dormir comigo?

Erick hesitou por um momento, seu olhar fixo em Milena. Havia uma sutileza no seu gesto e na sua expressão que indicava um dilema interno.

— Ah, Milena, acho que é melhor não. — Respondeu ele, com um tom casual, mas que disfarçava bem sua intenção. — Eu sempre durmo lá em cima. Pode ser que o Davi precise de mim.

Milena, visivelmente desapontada, aceitou a resposta e se dirigiu para seu quarto. A porta se fechou com um leve estalo, deixando Erick e eu sozinhos na sala. A tensão estava palpável, e eu sabia que a noite ainda prometia mais do que apenas uma conversa casual.

Eu mantive o olhar fixo na televisão, tentando me distrair, enquanto sentia a presença de Erick se aproximando cada vez mais. Ele se acomodou no sofá, e eu percebi que a oportunidade de tomar a iniciativa estava em minhas mãos.

Fui até a cozinha e peguei um chocolate. Comecei a comer, deliberadamente chupando o dedo de forma lenta e sensual, observando a reação de Erick. Ele parecia ter dificuldade em desviar o olhar, e sua respiração estava começando a ficar mais pesada.

Decidi aumentar a tensão. Inclinei um pouco mais o decote do vestido, mostrando um pouco mais de pele. Senti os olhos de Erick seguirem cada movimento meu, e seu corpo parecia estar perdendo o controle.

— Está confortável, Erick? — Perguntei, tentando parecer casual, enquanto me contorcia no sofá, sem tirar os olhos dele.

Ele assentiu, mas seu olhar estava fixo em mim, quase como se estivesse hipnotizado.

— Com certeza. — Disse ele, com um tom que agora estava carregado de desejo mal disfarçado.

Aproximando-me um pouco mais de seu pescoço, deixei o toque das minhas mãos mais íntimo, sem ser óbvio, mas provocativo. Senti o calor do corpo dele aumentando à medida que eu o seduzia.

Finalmente, ele não conseguiu mais se conter e, com a voz entrecortada, disse:

— Raquel, olha o que você fez comigo. — Ele se levantou com sua excitação visível. — Vem comigo pro meu quarto. Agora.

— Qual a palavrinha mágica. — Perguntei, provocativa.

— Por favor! — Ele parecia estar implorando por aquilo.

Eu me aproximei, olhei nos olhos dele e, por um momento, e senti o desejo vivo em seu olhar. Só para atiçá-lo  ainda mais, me aproximei, olhando para sua boca. Quando ele começou a mover os lábios, crente de que iria beijar sua boca, sussurrei no ouvido dele:

— Você nunca vai me ter.

Erick ficou paralisado, o choque e a frustração claros em seu rosto. Eu me levantei calmamente e comecei a me dirigir para o meu quarto.

Ele, agora tomado pela raiva e pelo desejo, deu um soco no sofá, desligou a televisão, e tirou o short, ficando completamente nu ali mesmo. Se dirigiu ao quarto de Milen, pegou a maçaneta da porta, olhou para mim com uma expressão de determinação feroz e disse:

— Tem quem queira. Isso não vai ficar assim.

Com um movimento rápido, ele abriu a porta do quarto de Milena e entrou. A porta se fechou atrás dele, e eu fiquei sozinha na sala, ouvindo o som de tudo que aconteceu lá dentro.

Ele acordou Milena, disse que tinha mudado de ideia. Ele falava em alto e bom som, como se fizesse questão de que eu ouvisse tudo. Logo começaram os sons abafados dos gemidos e movimentos vindos do quarto. A noite estava longe de terminar, e eu sabia que seria uma longa vigília, acompanhando o som dos dois.

Erick com certeza achava que fazendo isso, estava se vingando e me fazendo querer ele ainda mais desesperadamente. Mas, pelo contrário, tudo isso apenas fazia meu nojo por ele crescer. Eu havia acabado de ver seu corpo novamente e dessa vez vi tudo claramente. Mas não me senti mexida como das outras vezes. Parecia que sua beleza havia perdido o valor.

Parte de mim ainda o desejava, um instinto interno que eu era incapaz de controlar. No entanto, todo o meu cérebro me lembrava tudo que ele fez. Como ele estava usando Milena apenas para nutrir o seu ego. Como ele entrou em um jogo de sedução comigo, mesmo já namorando. Além de já ter tentado me chantagiar com mentiras para que eu fizesse o que ele quer.

Eu sentia pena de Milena, pois sabia como ela iria sofrer muito em breve. Raiva de mim por em algum momento ter me deixado seduzir pela beleza dele. Mas existia uma gota de satisfação em ver que eu conseguia seduzir. Foi maravilhoso ver a sua cara de frustração quando disse que ele nunca iria me ter. Eu descobri um poder que eu imaginei não ter.

Entre Ódio e DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora