Entrei no hospital com o coração acelerado, o som das minhas próprias respirações ofegantes misturando-se com o burburinho nervoso ao meu redor. Minha mãe e meu pai estavam ao meu lado, seus rostos pálidos e preocupados, enquanto Davi, caminhava segurando minha mão, com os olhos lacrimejantes de desespero, assim como os meus.
— Por favor, a gente precisa falar com o Erick. O nome completo dele é Erick Ribeiro Freitas — pedi, a voz quebrada pela ansiedade.
O enfermeiro, com um semblante impassível, se aproximou. Ele parecia inabalável diante da nossa agitação.
— Sinto muito, mas ainda não é permitido receber visitas — explicou ele, mantendo um tom profissional. — O paciente ainda está em tratamento e não está em condição de receber visitantes no momento.
Aquelas palavras caíram sobre mim como uma chuva de bigornas. Ouvir aquilo me deixava mais quebrada ainda do que eu já estava.
— Mas, e se a gente puder só dar uma olhada? Eu preciso saber como ele está — implorei, tentando manter a voz firme, mas sentindo os olhos arderem com lágrimas.
O enfermeiro balançou a cabeça lentamente.
— Entendo a preocupação de vocês, mas não podemos fazer exceções. Assim que a situação mudar, vocês serão informados.
O desespero era indescritível. A espera parecia interminável, e eu me perguntei quanto tempo ainda teríamos que enfrentar essa angústia antes de finalmente obter alguma notícia sobre ele.
Milena chega nessa mesma hora, com uma cara de desespero. Porém, muito mais tranquila do que Davi e eu.
— Raquel, tem alguma notícia? — perguntou Milena, sua voz tremendo. — O Erick tá bem?
— Disseram que a gente ainda n pode ver ele. Ele ainda tá em tratamento. — Minha voz falhou, e eu me vi tentando segurar as lágrimas que ameaçavam escapar.
A presença de Milena foi um pequeno alívio. Ela estava tentando ser forte, mas eu podia ver a angústia em seus olhos. Ela passou um braço ao redor de Davi, tentando confortá-lo, enquanto tentava também manter a calma. O sentimento de impotência era esmagador.
O tempo parecia preso. Eu olhava para o relógio, mas ele parecia não funcionar. Eu tentava me acalmar de todas as formas, mas só o que vinha na minha cabeça é que isso aconteceu e ele estava sem ninguém. Como iria ser o período de recuperação? Quanto tempo iria demorar até ele voltar pra escola?
Então minha mãe chegou com um pouco de comida pra gente.
— Vocês precisam comer alguma coisa. Ainda vai demorar até que as visitas sejam liberadas.
Eu peguei a comida, sem vontade. Tentei comer, mas era como enchugar gelo. Por mais que eu tentasse, eu não conseguia. A ansiedade ainda tomava conta de mim e eu me sentia incapaz de viver normalmente antes de saber se Erick estava bem. Davi e Milena, da mesma forma, comeram muito pouco.
Finalmente alguém apareceu.
— Visitas do paciente Erick Ribeiro Freitas? Só duas pessoas podem entrar por visita— disse ele, olhando diretamente para nós. — Precisamos continuar o monitoramento e ajustar a medicação. Ele ainda sente muita dor.
Milena e eu trocamos um olhar, e sem precisar dizer uma palavra, decidimos que eu e Davi iríamos primeiro. Caminhamos rapidamente pelos corredores do hospital, cada passo parecia um esforço consciente contra a ansiedade. A sensação de que algo poderia dar errado a qualquer momento era opressiva.
Chegamos ao quarto de Erick e a visão dele deitado na cama foi quase tranquilizadora. A perna estava engessada, e ele estava claramente cheio de dor, mas estava vivo e perto de mim. Seu rosto estava pálido e suado, e ele lutava para manter a compostura.
— Erick — chamei, tentando manter a voz firme, embora sentisse um nó na garganta. — Eu e o Davi... a gente tá aqui.
Ele virou a cabeça para me olhar, e era perceptivel a dor em seus olhos. Ele tentava falar, mas a dor tornava isso difícil.
— Raquel... Davi... — sua voz era cansada. — Dói demais... Eu nunca tinha quebrado nenhum osso antes.
Davi, com lágrimas nos olhos, se aproximou da cama. Sua expressão era uma mistura de medo e desespero, e ele parecia estar segurando a respiração.
— Erick? Você vai ficar bem logo?
— Eu acho que não. — Ele falava tentando não mostrar quanta dor sentia. — O cara quebrou minha perna bem no meio. Eles tiveram que dar uma anestesia geral. Parece que o osso saiu tanto do lugar, que começou a lesionar os músculos da perna.
— Erick, calma, teu pai já foi avisado. Ele está vindo para cá. Eu não sei quando ele chega, mas disseram que ele iria pegar o primeiro avião pra cá — tentei passar alguma segurança, independente de minha própria incerteza.
— Espero que ele chegue logo... alguém precisa cuidar do Davi — murmurou Erick, sua voz entrecortada pela dor.
Eu segurei a mão de Erick, tentando transmitir algum conforto. A dor dele era tão palpável que eu sentia como se ela também me atingisse.
— Estamos aqui com você. Vamos fazer tudo o que for necessário para que você melhore. Você não está sozinho — tentei assegurar, embora minha própria ansiedade tornasse difícil acreditar nas minhas próprias palavras.
— É. E não se preocupa comigo. Só fica bem logo. Eu te amo. Eu fico triste de te ver assim. — Davi disse, começando a chorar.
— Calma pequeno. — Disse Erick se esforçando para acariciar a cabeça de Davi para acalmá-lo. — Eu também te amo Davi. Você a pessoa mais importante da minha vida. Eu só tô com dor, mas vai ficar tudo bem. Eu não fui atropelado, foi só minha perna. Calma.
A dor de Erick era visível em cada movimento e expressão. Mas ele estava decidido a continuar passando força pro irmão. Na verdade, os dois estavam decididos a fortalecer um ao outro. A proximidade entre eles era tão forte quanto a gravidade. Eles não pareciam apenas irmãos, eram como pai e filho. Por tanto tempo Erick assumiu essa responsabilidade sobre a vida do irmão, que nesse momento era perceptível que, mesmo de forma inconsciente, eles se viam assim.
![](https://img.wattpad.com/cover/374304467-288-k13804.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Ódio e Desejo
RomanceRaquel se muda do interior para a cidade e começa a estudar com Milena, uma garota popular e carismática. No entanto, Raquel se vê atraída por Erick, o namorado dela. Enquanto Erick usa Milena para satisfazer seus próprios desejos e alimentar seu eg...