Capítulo 37: Silêncio

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A Terça-feira começou como qualquer outra, mas eu sabia que não era o mesmo. Hoje, algo dentro de mim parecia ter mudado, mesmo que eu não conseguisse colocar em palavras. Olhei para o espelho antes de sair de casa e quase não reconheci a garota que me encarava de volta. Maquiada, com cabelo cuidado, aparelho e a cabeça cheia por causa de um garoto. Eu com certeza não era a mesma do primeiro dia de aula.

A maquiagem era leve, mas para mim, era como uma máscara nova, ou talvez uma frágil armadura. Eu queria me esconder, mas ao mesmo tempo, queria ser vista. Queria que ele me visse, mas queria nunca mais ver ele.

Ao entrar na escola, percebi que alguns olhares demoravam um pouco mais sobre mim, mas não havia sussurros, não havia cochichos, apenas olhares, alguns de surpresa, outros de admiração.

— Gostei da maquiagem, Raquel — comentou Gabi, o sorriso sincero.

— Oi amiga, você está tão linda. Passou maquiagem? — perguntou Vitória, com transparente felicidade em me ver.

Sorri, e confirmei com a cabeça. Vitória parecia estar empolgada para saber o que tinha acontecido durante o fim de semana. Mas eu me afastei, dizendo que primeiro iria deixar minha mochila na sala de aula.

Penha, por outro lado, não estava satisfeita. Ela se aproximou com uma expressão no rosto que era de pura determinação, misturada com algo que eu só posso descrever como raiva. Antes que eu pudesse me afastar, ela estava na minha frente, bloqueando meu caminho.

— Raquel — ela começou, a voz baixa, mas cheia de intenção. — Pode começa a me falar o que aconteceu na casa do Erick no fim de semana.

Meu coração pulou uma batida.

— Não é da sua conta, Penha — respondi, tentando soar firme, mas sentindo meu estômago revirar.

— Não importa — ela insistiu, a voz agora mais forte, mais exigente. — Me fala. Agora. Você fez o que com o Erick lá na casa dele? Ele fez alguma coisa com a Milena?

Ela agarrou meu braço com força, os dedos apertando minha pele. Tentei puxar meu braço de volta, mas ela não recuou. A situação começou a chamar a atenção dos outros ao redor, e logo uma pequena multidão de alunos começou a se formar.

— Penha, me solta! — Exigi, mas minha voz não tinha a força que eu queria. O pânico começava a se formar em mim. Eu sabia que ela era capaz de qualquer coisa para conseguir o que queria.

Ela não se moveu.

— Anda, pode falar. Você transou com o Erick, não foi? Ele transou contigo e com a Milena? — ela ameaçou, sua voz cheia de veneno.

Antes que eu pudesse reagir mais uma vez, uma voz firme e decidida interrompeu o confronto.

— O que tá acontecendo aqui? — Era Erick, com a expressão grave, atravessando o corredor e avançando em nossa direção. Seu olhar fixou-se em Penha, e eu pude ver a determinação em seus olhos.

Ele se colocou entre Penha e eu, separando-nos de forma brusca.

— Penha, cala a boca — ele ordenou, a voz cheia de firmeza. — Respeita a Raquel e a Milena. Eu estou namorando a Milena e não tenho nada com a Raquel. — Ele engoliu em seco ao dizer isso, a tensão visível em seu rosto. — Mesmo que eu não estivesse com a Milena, nunca eu iria ter nada contigo.

A multidão ao redor começou a murmurar, alguns pareciam surpresos, outros curiosos. Penha ficou imóvel, claramente chocada, mas ainda mantendo uma expressão de desafio.

— Você não tem nenhum motivo para se importar com a Raquel. — Erick continuou, a voz um pouco mais calma, mas ainda carregada de autoridade. — Agora, fica quieta.

Entre Ódio e DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora