Capitulo 75: Penha

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Ao chegar na escola naquela manhã, eu me sentia como se estivesse carregando um peso invisível. As conversas sobre o acidente de Erick ainda estavam por toda parte, e a inquietação era quase física, porém, era menor do que antes. Eu tentava me concentrar, mas a preocupação me acompanhava a cada passo. Foi quando eu vi Gabriel vindo na minha direção.

Ele estava com uma expressão que eu conhecia bem: a mistura de frustração e impaciência que sempre vinha quando ele estava chateado. Eu soltei um suspiro fundo, tentando afastar o cansaço que sentia dele, que estava me consumindo.

— Gata, a gente precisa conversar — ele disse, com aquele tom que me fazia revirar os olhos.

Eu olhei para ele, sentindo uma combinação de irritação e exaustão.

— Sobre o que? — perguntei, sem esconder minha falta de paciência.

— Sobre a gente. Você não tem falado comigo, e você passa o tempo todo com o Erick. O que está acontecendo? — ele insistiu.

Aquelas palavras fizeram meu estômago se revirar. Eu estava tão envolvida com a preocupação por Erick e a situação de Penha que não tinha mais paciência para lidar com Gabriel. Então, de repente, uma coragem que eu não sabia que tinha surgiu.

— Olha, eu não fui ver o Erick ontem à noite. Ao contrário de você, eu não fazia parte do time e não tenho nota garantida sem fazer nada. Então eu não estou falando com você porque estou ocupada. Não estou com raiva de você, mas se você continuar me pressionando, eu vou ficar. É isso. — disse eu, com uma firmeza que até me surpreendeu.

Gabriel ficou em silêncio, parecendo atônito. Ele só murmurou algo que eu não consegui entender e se afastou. Foi estranho, mas uma parte de mim sentiu um alívio ao ver que ele estava indo embora. Mas a tensão no meu peito não diminuía. Algo dentro de mim me dizia que esse dia não seria normal.

Quando entrei na sala, percebi imediatamente que algo estava errado. Penha não estava lá. Vitória e Milena estavam conversando baixinho com ar de preocupação. Eu me aproximei, tentando não demonstrar a inquietação que estava sentindo.

— Gente, onde está a Penha? — perguntei, tentando manter a calma.

— Não sei. E a gente estava falando disso. Ela nunca falta, só não veio pra escola quando ficou de suspensão. — respondeu Vitória, com um olhar preocupado.

— Isso está estranho. Alguma coisa não tá certa. Eu tô sentindo. — falei, sentindo uma ansiedade crescente.

Milena estava com uma cara pior do que a minha e começou a falar.

— Vamos passar na casa da Raquel que é mais perto quando acabar a aula pra ligar pra ela.

Durante o intervalo, minha mente estava a mil. Estávamos sem celulares porque a escola não permitia o uso dele durante o horário de aula, e isso fazia a espera parecer interminável. Olhei para o relógio incessantemente, contando cada segundo até o fim das aulas.

Finalmente, a última aula acabou. Saí correndo com Vitória e Milena para minha casa. Ligamos pelo meu celular várias vezes e ninguém atendeu e o desespero no rosto de Milena ficou ainda maior.

— Desde ontem a noite ela não me responde... agora não te atende... vamos na casa dela, por favor, eu sei onde é.

Eu pedi à minha mãe que nos levasse até a casa de Penha. Sentia uma ansiedade que parecia apertar meu peito a cada momento que passava.

Chegamos à casa de Penha, que era simples, mas bem cuidada. Pedi a Vitória que fosse até o portão chamar Penha. Meu coração estava acelerado quando o pai de Penha apareceu, com um olhar cansado e um pouco hostil.

Entre Ódio e DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora