Capítulo 56: Novos Uniformes

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A aula finalmente acabou e eu estava me preparando para ir embora quando Gabriel me chamou.

— Gata, fica aqui um pouco. — Ele explicou que, como a entrega dos uniformes seria só às seis horas, e a aula acabava às cinco e meia, ele preferia esperar por lá para não perder tempo. — Quero que você seja a primeira a ver o uniforme.

Eu não entendi exatamente o que ele quis dizer com "primeira mulher a ver", mas talvez, com isso ele dissesse que queria que eu visse ele de uniforme antes da mãe dele.

— Tá, mas primeiro, deixa passar lá em casa. Eu tenho que avisar minha mãe. Pelo menos eu aproveito pra me arrumar e trocar de roupa. — Eu disse. Gabriel parecia realmente ansioso para que eu visse o uniforme.

— Deixo, vai lá e se arruma. — Ele me incentivou. — Fica bonita pra mim.

Cheguei em casa e aproveitei para me maquiar e me arrumar. A pele do meu rosto estava visivelmente melhor; os produtos que eu estava usando estavam realmente funcionando. Eu me senti mais confiante quando saí de casa.

Quando voltei para a escola, me deparei com Erick chegando de moto com Davi. Eu nunca tinha visto Erick de moto antes, embora já tivesse visto a moto na garagem. Ele ainda estava com o uniforme da escola e Davi, ao me ver, correu para me dar um abraço.

— Oi, Raquel! — Davi me cumprimentou alegremente.

Eu comecei a conversar com Davi, que parecia interessado em saber como eu estava. Erick, por outro lado, parecia um pouco distante. Notei uma troca de olhares entre Davi e Erick. Davi parecia curioso sobre o motivo de Erick não estar falando comigo, e Erick notando como o irmão estava confortável comigo. Ele então nos deixou lá e entrou.

Gabriel apareceu, me chamando pra ficar junto dele. Obedeci, mas levei Davi comigo.

— Por que você está tão arrumado? — perguntei para Davi, enquanto Gabriel insista em me beijar.

— Ah, mas você tá muito arrumada. Eu tô assim porque a gente vai jantar com o pai hoje. O Erick trouxe a roupa dele na mochila pra se arrumar aqui. — Davi respondeu, claramente ansioso pelo jantar.

— Nossa, que legal! — Respondi  surpresa. — É a primeira vez que ele vem aqui desde o começo do ano?

— Não, é a segunda. Ele veio no começo do ano uma vez também.

— Como assim? — Gabriel pergunta, com tom surpreso e arrogante. — Teus pai são separados ou o quê?

Antes que Davi respondesse, ouvimos o treinador chamando para a quadra, onde seria a entrega dos uniformes. Gabriel imediatamente quis ir junto, e eu o acompanhei. Os meninos entraram, mas Davi e eu ficamos do lado de fora.

Do lugar onde ficamos, vi uma mesa cheia de uniformes. E um costureiro sentado, com vários podes de alfinetes.

— Esses aqui sãos os uniformes de vocês. Verde e branco, as cores da escola. Eles não estão finalizados ainda. — Ele explicou. — Eles são apenas uma base. O costureiro vai ajustar cada um de acordo com o tamanho de vocês.

— Professor, não era melhor ter tirado as medidas da gente primeiro? — perguntou um dos meninos do time.

— Só que ia demorar mais. — respondeu o treinador, com um pouco de irritação. — Anda, todo mundo, começa a tirar essa roupa e veste esse uniforme pra o cara aqui começar a marcar o que tem que ajustar.

Os jogadores começaram a tirar as camisas e até as suas calças para experimentar os uniformes. Eu me senti um pouco desconfortável vendo a maioria dos meninos se trocando ali. O treinador, percebendo minha presença, me chamou.

— Ei, menina. Que é que tu tá fazendo aí espiando os meninos? — Ele disse. — Vá embora que isso aqui não é pra ninguém ficar olhando não.

Conforme me afastava, uma sensação de desconforto se instalou dentro de mim, acompanhada por uma leve raiva. Por que o Gabriel me fez vir até aqui? Eu podia estar em casa, assistindo a um filme, ouvindo música... Qualquer coisa seria melhor do que isso. Em vez disso, me arrumei e vim para cá, para nada. O que eu estava fazendo aqui, afinal?

Olhei para Davi, que caminhava ao meu lado, e me descobri o motivo pelo qual ainda deveria ficar. Precisava falar com Erick, e este era o momento ideal, antes que ele se arrumasse para o jantar com o pai. Decidi que permaneceria. Algo ainda precisava ser resolvido.

Entre Ódio e DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora