Capítulo 83: Alta

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Acordei cedo, antes mesmo do despertador tocar. A ansiedade estava a mil, fazendo meu coração bater mais rápido com a expectativa de ver o Erick novamente em casa. Me vesti rapidamente, tentando conter a empolgação que me fazia mexer de um lado para o outro. Desci para a sala onde meus pais já estavam.

— Pai, você já está pronto para me levar? — perguntei, tentando esconder a ansiedade em minha voz.

— Sim, estou pronto. Vou aproveitar para deixar a Penha na casa da avó dela — respondeu ele, já com as chaves do carro na mão.

— Obrigada, pai. — eu disse, aliviada por saber que tudo estava se encaminhando bem.

Após nos despedirmos, saímos de casa e seguimos para o hospital. Assim que chegamos, a expectativa estava no ar, e eu me despedi do meu pai com um sorriso sincero:

— Obrigada, pai. Pode ir agora. O Ricardo vai me levar quando for a hora de ir.

Entrei no hospital e fui diretamente para o quarto do Erick. Ele estava lá, já sendo ajudado pelo Ricardo a terminar de se vestir, e o Davi estava organizando uma mochila. O quarto estava em um misto de movimento e organização, e a energia era de leveza e expectativa.

— Oi, Raquel! Bom te ver aqui — disse o Ricardo, com um sorriso acolhedor.

— Oi, gente. Tudo pronto? — perguntei, observando todos com atenção enquanto ajudavam a acomodar Erick na cadeira de rodas.

— E aí, Raquel! Me dá uma mão aqui para terminar de colocar essa camisa? — Eric pediu, ainda com um sorriso, apesar das dificuldades.

Com a ajuda de todos, conseguimos colocar o Erick na cadeira de rodas e levá-lo até o carro. Foi um pouco desafiador acomodá-lo com o gesso, mas trabalhamos juntos e conseguimos.

Durante a viagem para casa, o clima no carro estava leve, apesar das circunstâncias. O Ricardo, dirigindo, comentou com um tom de preocupação:

— Nossa, eu acabei não ajeitando a casa. Tá tudo jeito que era. Vai dar trabalho para preparar tudo do jeito que ele precisa agora.

— Relaxa, Ricardo, eu ajudo — eu disse, tentando aliviar a tensão e mostrando minha disposição para ajudar.

— Valeu, Raquel. É muito bom que você está aqui para ajudar — respondeu o Ricardo, aliviado e grato.

A viagem seguiu tranquila, com um sentimento de alívio e esperança pairando no ar. O importante era que, apesar dos desafios, todos estavam fazendo o melhor para garantir que a chegada do Erick em casa fosse o mais confortável possível.

Ao chegarmos à casa do Erick, Ricardo parou o carro na entrada e abriu o portão. O sol estava alto e a brisa leve fazia com que o calor fosse mais suportável. Raquel rapidamente se dirigiu para o carro e ajudou a acomodar a cadeira de rodas, ajustando ela de forma que ficasse alinhada com a porta.

— Pode deixar que eu cuido da cadeira de rodas, — disse Raquel, enquanto começava a organizar a posição da cadeira perto do carro.

Ricardo e Davi ajudaram Erick a se acomodar na cadeira de rodas com cuidado. Erick, com o gesso na perna, sorriu ao ver sua casa à sua frente. Era um sorriso de alívio e contentamento. A sensação de estar de volta ao lar era reconfortante para ele.

— Valeu, gente, — Erick falou, sua voz carregada de gratidão. — É bom estar de volta.

Ricardo olhou para Erick e falou com um tom sério e prático:

— Olha, Erick, com tua perna do jeito que tá, não dá pra subir essas escadas. E eu não vou ficar subindo e descendo com você o tempo todo. Vamos aproveitar os quartos que tem aqui embaixo. Você fica na suíte do andar de baixo, e eu vou descer suas coisas pra cá. Assim, você fica mais confortável enquanto se recupera. Quando você estiver melhor, a gente pode voltar seu quarto pra onde era. Mas por enquanto, vai ser melhor pra você ficar aqui embaixo.

Erick assentiu, compreendendo a necessidade da mudança temporária.

— Se não tem outro jeito, tudo bem.

Ricardo logo começou a movimentar as coisas, enquanto eu e o Davi ajudávamos no processo. Passamos um bom tempo descendo os itens do quarto do Erick para o suíte no andar de baixo. Era uma tarefa exaustiva, mas necessária. Eu ajudava a organizar as roupas, alguns itens de decoração como o tapete do Boca Júnior e o pôster do "Juventude Transviada", e os cadernos do Erick. O Davi e o Ricardo trabalharam arduamente, carregando caixas e organizando o espaço.

Quando terminamos, o cansaço era evidente. O Ricardo estava visivelmente fatigado, e o Davi estava com os olhos pesados, piscando de sono.

— Raquel, estou exausto. Você pode dar uma força e arrumar o quarto junto com o Erick? — o Ricardo pediu, sua voz cansada. — Eu e o Davi vamos dar uma cochilada agora.

O Davi balançou a cabeça em concordância, seus olhos já quase fechando. O Ricardo continuou:

— Vai ser uma grande ajuda se você puder organizar o quarto com o Erick enquanto descansamos um pouco.

Assenti, compreendendo a situação.

— Claro, pode deixar. Vou dar conta disso.

O Ricardo e o Davi se retiraram para descansar, e eu fiquei com o Erick, ajudando a ajeitar o quarto e a tornar o ambiente mais confortável para ele.

Entre Ódio e DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora