Capítulo 20: Quase Lá

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A sexta-feira na escola estava repleta de energia nervosa. Eu descobri que não haveria aula na segunda, por ser feriado municipal, então quase todo mundo estava falando sobre seus planos pro fim de semana prolongado. Eu estava no pátio, apenas descansando minha mente, quando Erick se aproximou. Seu olhar penetrante e seu sorriso confiante me fizeram sentir um frio na espinha.

— Raquel? — ele chamou minha atenção.

— Erick?

Fomos para um canto mais isolado, perto da horta, longe do burburinho. O ambiente estava tranquilo, e eu senti um nervosismo crescente. Não sabia exatamente o que esperar dessa conversa, mas a presença de Erick me fazia sentir muitas de emoções.

— Então — começou Erick, sua voz baixa, grave e levemente rouca —, a Milena que você vai passar o fim de semana na minha casa com a gente.

Eu o olhei, tentando manter a calma. — É. Ela me convidou para ir com ela. Não tinha certeza se você ia gostar da ideia.

O sorriso de Erick se ampliou de forma descontraída, mas havia algo em seus olhos que não conseguia decifrar. — Relaxa. Eu gostei da ideia.

Havia algo na forma como ele estava falando, uma segurança quase provocadora. O tom dele, embora neutro, tinha um efeito estranho em mim. Era como se ele estivesse segurando algo que eu não conseguia ver, algo que estava apenas à margem da minha compreensão.

— Espero que você se comporte — eu disse, tentando disfarçar a inquietação na minha voz.

Erick deu um leve sorriso. — Não se preocupe, vai ser tranquilo. Só nós três, sem problemas. Eu não forço ninguém a nada.

Eu percebi um brilho no olhar dele, algo que me fez sentir uma onda de calor. Estávamos tão próximos que eu podia sentir o calor do corpo dele. Havia uma tensão no ar, uma espécie de eletricidade que parecia aumentar a cada segundo.

— E o que você acha que vai acontecer? — perguntei tentando parecer tão tranquila quanto ele, mas sentindo um estranho impulso de explorar o que estava por trás daquela fachada.

Erick deu uma olhada rápida ao redor, como se estivesse ponderando suas palavras. — Bem, nós vamos aproveitar o tempo. Talvez assistir a um filme, conversar, e... quem sabe o que mais pode acontecer.

Seu olhar, agora mais intenso, parecia estar me penetrando de uma forma quase palpável. A forma como ele disse "quem sabe o que mais pode acontecer" fez meu coração acelerar. Senti que havia algo não dito, algo que estava apenas por baixo da superfície.

— Certo — eu respondi, tentando parecer relaxada, embora a tensão entre nós estivesse crescendo. — E quanto à Milena? Você acha que ela está animada com isso?

Erick deu uma risada curta, um som que parecia quase íntimo. — Ela está, assim como eu. Mas, e você?

A pergunta me pegou de surpresa. Era como se ele estivesse jogando uma provocação velada, testando os limites do que eu estava disposta a revelar. Eu olhei para ele, tentando ler seu olhar. Havia um brilho malicioso em seus olhos, algo que eu não conseguia ignorar.

— Eu... — comecei a dizer, mas as palavras saíram hesitantes. — Eu acho que será interessante. Uma oportunidade para... nos conhecermos melhor.

Erick se inclinou um pouco mais perto, e a proximidade me fez sentir um calafrio. — Exatamente. Às vezes, os melhores momentos surgem quando a gente menos espera.

A atmosfera estava carregada, e eu estava consciente de cada movimento, cada pequeno som ao redor. O simples ato de estar perto dele estava provocando uma resposta visceral em mim. Eu podia sentir o cheiro dele, o calor que emanava do seu corpo, e isso estava me deixando cada vez mais inquieta.

— Então — continuei, tentando me manter firme —, você realmente não se importa que eu vá com a Milena?

Ele me olhou de um jeito que me fez sentir que estava sendo avaliada. — Não, eu não me importo. Na verdade, eu gosto da ideia de você na minha casa, perto de mim.

A forma como ele falou, o tom quase sugestivo, fez meu coração bater mais rápido. Eu tentei não mostrar o impacto que suas palavras tiveram em mim, mas era difícil. Havia algo em Erick que me atraía, uma força magnetizante que estava me fazendo sentir emoções intensas.

— Bom — eu disse, tentando manter a voz firme, mas quase perdendo o fôlego. — Então, eu vou ali falar com a Milena sobre... sobre... alguma coisa.

Eu me afastei dele, com um sentimento tão forte que eu quase podia tocá-lo, mesmo que eu fosse incapaz de identificá-lo. Eu sabia que o fim de semana seria um teste, não apenas para mim, mas para todos nós. O que estava prestes a acontecer era uma incógnita, e a sensação de estar no centro dessa incerteza me fazia sentir viva de uma maneira que eu não esperava.

Entre Ódio e DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora