Capítulo 31: No Limite

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Saí do banheiro com uma mistura de nervosismo e determinação. Ao abrir a porta, minha respiração parou por um instante ao ver Erick encostado na parede, esperando por mim. Seu olhar era uma mistura de curiosidade e confiança, e eu percebi que ele estava longe de estar abalado.

— Oi, Raquel. — Sua voz era confiante, grave e sedutora, como sempre. — Milena ficou preocupada. Disse que eu devia te procurar. Eu falei pra eles ficarem tranquilos vendo o filme que eu vinha ver o que tinha acontecido.

Eu tentei manter a calma, mas a presença dele, assim tão perto, era perturbadora.

— Só precisei de um tempo. — Respondi, tentando parecer tranquila. — Não queria causar preocupação.

Erick se aproximou, seu olhar penetrante parecia explorar cada nuance da minha expressão.

— Entendi. Mas me fala, por que saiu da sala? Eu tava entregando o que você queria, não tava?

Havia um tom sutil de provocação em suas palavras, como se ele estivesse certo de que sabia exatamente o que eu queria. A atmosfera ao nosso redor parecia se fechar, tornando o ambiente ainda mais carregado de tensão.

— Às vezes, é bom dar um tempo e respirar um pouco. — Respondi, forçando um sorriso enquanto tentava parecer segura. A proximidade dele estava me deixando desconfortável, e eu sentia uma onda de calor crescer em meu rosto.

Ele sorriu de volta, um sorriso que não escondia nada. Havia algo ameaçador na forma como seus olhos percorriam meu corpo.

— Eu sei o que você quer. Se você se arrumou toda, é porque tava esperando alguma coisa de mim. — Ele disse, com um tom que misturava certeza e desafio, o olhar dele parecia penetrar diretamente no meu. — Não entendo por que saiu, eu sei que tava entregando o que você queria.

Mantive o olhar firme, embora a tensão crescente estivesse me deixando inquieta.

— Às vezes, o que a gente quer é mais do que parece. — Respondi, mantendo o mistério. — Não é só o que é oferecido, mas como é oferecido e por quem.

Ele se inclinou um pouco, o sorriso dele se ampliando com um toque de diversão. Sua presença estava tão próxima que eu podia sentir a sua respiração contra minha pele.

— E o que você quer então? — Perguntou, a voz quase um sussurro, suas palavras acariciando minha orelha. — O que você espera de mim, de verdade?

A proximidade e a intensidade de seu olhar eram quase sufocantes. Eu sabia que precisava manter o controle.

— Você disse que sabia. — Respondi, desafiando-o com um olhar intrigado. — Será que sabe mesmo, ou só está confundindo os meus desejos com os seus?

Ele riu. Sua confiança era visível, e eu podia ver que ele estava convencido de que tinha tudo sob controle. Se aproximou ainda mais de mim, moveu suas mãos como se fosse me segurar, mas não me tocou. Apenas aproximou sua boca do meu pescoço.

— Eu sei o que eu quero, Raquel. — Disse ele, sussurrando lentamente, diretamente no meu ouvido, com um tom sensual. — Desde o dia do trabalho de sociologia na minha casa... quando percebi que você tinha me visto sem roupa... eu senti um prazer que eu não sei explicar. Ver como você me olha... e como você muda só de ouvir minha voz... é algo que me atrai de um jeito que eu não consigo ignorar. E agora... com você toda arrumada... sei que você tá jogando o mesmo jogo que eu.

Eu estava lutando para manter a calma enquanto ele sussurrava aquelas palavras em meu ouvido. O medo de sermos vistos ou ouvidos parecia aumentar a cada segundo. Olhei ao redor, preocupada com a possibilidade de alguém perceber a tensão entre nós.

— Então vamos ver até onde você consegue ir. — Respondi, com uma calma calculada. — Mas nem tudo é o que parece. Talvez você não consiga o que quer.

Erick deu um passo para trás, mas o sorriso satisfeito dele indicava que ele não estava nem um pouco abalado. Ele parecia completamente seguro de que estava no controle.

— Ok. — Disse ele, com uma confiança quase arrogante. — Mas eu sei como isso vai acabar. Você pode tentar, mas eu já sei que você não vai conseguir resistir. É só uma questão de tempo. Eu sou o que você quer.

Havia um brilho desafiador em seus olhos, e ele se virou, voltando para a sala de cinema, ainda com aquele sorriso convencido. Eu fiquei ali, lutando contra a sensação de frustração e desejo, pensando em como equilibrar o controle e não deixar que ele soubesse o quanto eu realmente estava no controle da situação.

Cada vez mais, me sentia puxada para o jogo dele, mas sabia que não poderia ceder. O desejo que ele despertava em mim era perigoso, e eu precisava me manter firme. Com um último olhar ao redor para garantir que ninguém estava por perto, eu respirei fundo, comprei uma água e voltei para a sala de cinema, pronta para enfrentar o que viesse adiante.

Entre Ódio e DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora