Capítulo 42: Retorno

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A semana sem Milena foi mais longa do que eu imaginava. Cada dia parecia se arrastar, e eu não conseguia me concentrar em nada. Pelo menos, Erick não falava mais comigo.

No começo, a ausência de suas palavras parecia um alívio, um descanso da tensão que havia entre nós. Mas, com o passar dos dias, o silêncio se tornou um peso, e eu comecei a me questionar sobre o que realmente estava acontecendo.

Na escola, eu tentava não olhar para ele, mas era impossível não sentir o olhar dele sobre mim. Sempre que me virava, encontrava Erick observando-me com uma expressão que eu não conseguia decifrar. Era uma mistura de tristeza e nostalgia, um olhar que parecia carregar um peso que eu não entendia. Às vezes, ele parecia se afastar quando eu me aproximava, como se estivesse fugindo de algo que não pudesse enfrentar. Eu não sabia o que sentir. Parte de mim acreditava que era apenas mais um jogo, mas a outra parte estava confusa e perdida.

Eu pensava que talvez o silêncio de Erick fosse uma forma de me punir ou de me testar. Mas, com o tempo, percebi que algo estava mudando. Parecia que ele estava se fechando, e eu não conseguia entender o motivo. Ele sorria menos do qua antes, falava menos do que antes, ria menos do que antes.

Finalmente, chegou a segunda-feira. Milena voltava para a escola depois de uma semana fora, e, por coincidência, Penha também retornava nesse dia. Eu cheguei cedo, uma mistura de ansiedade e esperança me acompanhava. Quando Vitória chegou, conversamos sobre a volta de Milena, e o clima de expectativa estava no ar.

Quando Milena apareceu no portão da escola, foi um alívio vê-la novamente. Nos abraçamos, sorrimos e parecia que tudo voltava ao normal. Mas, logo depois, Penha chegou.

Eu e Vitória trocamos olhares preocupados. Penha parecia hesitante, mas resoluta. Quando ela se aproximou de nós, parou e, com um olhar sério e sincero, fez algo que eu não esperava.

— Desculpa — Penha começou, sua voz tremendo um pouco. — Principalmente para você, Raquel. Desculpa mesmo.

Eu fiquei parada, tentando processar o que estava acontecendo. Penha continuou, sua voz cheia de emoção.

— Eu passei a semana na terapia. Usei esse tempo para pensar sobre mim mesma. Eu estava maluca pelo Erick e comecei a confundir as coisas. Além de todos os problemas da minha família. O ódio que eu senti por você, Raquel, era apenas um reflexo dos meus próprios problemas não resolvidos.

Penha me olhou com um olhar sincero e arrependido.

— Eu peço desculpas, sério. Eu criei coisas absurdas na minha cabeça e joguei a culpa dos meus sofrimentos e desejos impossíveis em cima de você.

As palavras de Penha foram inesperadas, mas também foram um alívio. Eu hesitei por um momento, mas então, com um sorriso tímido, dei um abraço em Penha. O gesto foi retribuído, e senti um alívio mútuo entre nós.

Penha continuou explicando que ainda frequentaria a terapia, mas estava determinada a seguir em frente e a lidar com seus sentimentos de forma mais saudável. A compreensão entre nós começou a se formar, e o grupo de amigas parecia maior e mais forte.

Entre Ódio e DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora