Capítulo 9: Trabalho em Grupo

4 0 0
                                    

Na terça-feira seguinte, o professor de Sociologia entrou na sala com um sorriso enigmático e um ar de expectativa. Sua presença sempre tinha um efeito de mistério, e hoje não era diferente. Ele anunciou que teríamos um trabalho especial em grupo, um desafio que testaria nossa criatividade e habilidades de colaboração.

— Vocês terão que imaginar que caíram em uma ilha deserta e passaram 20 anos lá. — Disse o professor. — Vocês precisam criar uma maquete da ilha, um modelo da moradia que construíram, e preparar cartazes detalhando a evolução da vida na ilha, como a sociedade se desenvolveu, o que aconteceu ao longo dos anos e como vocês sobreviveram.

A sala murmurou com a ideia, alguns empolgados e outros céticos. A parte mais complicada foi o sorteio dos grupos. O professor começou a chamar os nomes, e os grupos começaram a se formar. Quando ele finalmente anunciou os grupos restantes, eu soube imediatamente que minha sorte não tinha sido das melhores.

Eu caí no grupo com Erick, Gabi, Maurício e Gabriel. Gabi era uma menina fofa e quieta, que parecia estar sempre em seu próprio mundo. Maurício, um amigo de Erick na sala, era alto, sempre rindo e fazendo piadas bobas, quase sempre envolvendo pintos e pornografia. Gabriel era um garoto inteligente e era até bonitinho, mas era tão pequeno, que eu as vezes até esquecia dele.

Ao me juntar ao grupo, já me senti deslocada, e Gabi parecia que também se sentia assim. Já Gabriel estava feliz só de estar perto de Erick, já que ele era visto como um galã pela maioria da sala e até da escola. Mas era claro que a dinâmica entre Erick e Maurício era mais descontraída e focada em diversão, e nós estavamos preocupados com o fato de que acabariamos fazendo a maior parte do trabalho.

— Ok, pessoal, vamos nos reunir e começar a planejar. — Erick disse, tentando assumir a liderança.

Nos dirigimos para um canto da sala e começamos a discutir o projeto. A ideia era criar uma maquete detalhada da ilha, incluindo a moradia e as diferentes áreas que desenvolveríamos ao longo dos 20 anos. Eu comecei a anotar algumas ideias, mas percebi que, enquanto eu estava tentando pensar em como construir a maquete e organizar os cartazes, os meninos estavam mais preocupados em como tornar o projeto divertido do que efetivamente estruturado.

— Gabi, você pode ajudar com os cartazes? — perguntei, tentando delegar alguma tarefa.

Gabi balançou a cabeça, mas parecia um pouco hesitante. Ela parecia mais confortável em tarefas menos visíveis.

— Claro, eu posso ajudar com isso. — Respondeu, com um sorriso tímido.

Maurício estava entretido rindo de uma piada de Gabriel, e eu podia sentir que a dinâmica do grupo estava mais para uma tarde descontraída do que para um esforço colaborativo sério.

— Pessoal, precisamos de um plano para a maquete e os cartazes. Não podemos deixar tudo para a última hora. — Eu tentei ser firme, mas comecei a me sentir um pouco frustrada.

Foi quando Erick sugeriu algo que eu não esperava.

— Que tal fazermos a maior parte do trabalho na minha casa no domingo à tarde? — Ele disse, com um tom de entusiasmo. — Lá tem uma piscina, e a gente aproveitar para fazer alguma coisa divertida enquanto trabalha. Eu vou preparar alguma coisa para comer também. Vai ser mais fácil do que fazer tudo aqui na escola.

A ideia parecia prática, mas eu estava preocupada.

— Mas e se não conseguirmos terminar tudo? — perguntei, tentando manter o foco na parte prática.

— Não se preocupa. — Disse Gabriel, tentando ser tranquilizador. — A gente pode dividir as tarefas e, se precisar, pode terminar na segunda mesmo.

Eu estava um pouco aliviada com a proposta, e embora houvesse uma parte de mim que ainda estava ansiosa com a possibilidade de fazer a maior parte do trabalho, percebi que a ideia de trabalhar em um ambiente mais relaxado poderia ajudar a melhorar a dinâmica do grupo.

— Ok, então está combinado. Vamos nos encontrar na casa do Erick no domingo à tarde. — Concordei, tentando mostrar otimismo.

O resto do grupo também parecia satisfeito com a proposta, e a conversa continuou com uma energia mais leve. Erick parecia particularmente animado com a ideia de nos encontrar em sua casa e mostrou um entusiasmo genuíno que era difícil de ignorar. Ele começou a falar sobre o que planejava preparar para comer e o quanto seria divertido trabalhar na maquete.

No final das contas, eu estava dividida entre a expectativa e o receio. A ideia de trabalhar em grupo na casa de Erick parecia interessante, mas eu ainda me perguntava como seria a dinâmica. 

Eu tentava esconder de mim, mas no fundo, minha real preocupação era sobre mim mesma. Eu não sabia como iria me sentir estando na casa dele. Lá tinha uma piscina, ele com certeza tomava banho de piscina sem camisa. Se eu perdia minhas estruturas vendo ele assim por fotos no perfil dele... como seria ver ao vivo?

Entre Ódio e DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora