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Dulce Maria Saviñon

Conforme eu caminhava pelos corredores de Oxford, dezenas de olhares curiosos acompanhavam meus passos. Aquele não era o meu primeiro dia ali, mas nem por isso fui poupada de receber o tipo de atenção que eu tanto detestava, tudo isso porque na última sexta minha mãe deu uma palestra nas dependências da universidade, fazendo com que aquela atenção indesejada se voltasse para mim.

Blanca Espinosa-Saviñon se tornou uma lenda entre os alunos de psicologia. Ela foi uma aluna brilhante e era bem difícil viver sob sua sombra.

Desde pequena eu desejei ter a confiança dela, mas não reclamaria se, ao menos, tivesse herdado o carisma do meu pai ou a frieza do meu irmão, que sempre parecia impassível a tudo. Como nada disso era possível, escolhi ignorar os olhares maldosos e qualquer tipo de bajulação forçada, era isso ou fugir feito uma covarde e isso eu não era. Poderia ser introvertida e um pouco antissocial, mas ainda possuía a força dos Saviñon correndo em minhas veias.

No último ano do ensino médio eu coloquei na cabeça que iria deixar Nova York e frequentar a mesma universidade na qual mamãe tinha estudado. Assim como ela, achei que ao ficar longe da minha família eu fosse me livrar do acanhamento desencadeado pela superproteção de Alex, Dominic e Harry. Ser a única menina no meio de tantos rapazes foi difícil, só que, ao contrário do que acontece com outras garotas, que se revoltavam e se metiam em uma confusão atrás da outra, eu acabei me retraindo.

Tudo o que queria era viver como uma garota normal de dezenove anos, no entanto, meses depois, ali estava eu, sentindo-me sufocada por aqueles que adoravam me comparar com a famosa Deusa do Amor.

Para piorar, a implicância de alguns alunos ia além das comparações e, algumas vezes, eu era julgada simplesmente por carregar o sobrenome da família Saviñon.

— Dulce Maria, eu te procurei pela universidade inteira — Anahí disse quando a encontrei no refeitório.

Eu dificilmente frequentava aquele lugar sem estar acompanhada dela ou de Belinda Peregrín, minha outra amiga, mas naquela tarde eu mataria por uma generosa dose de café.

— Estava com o reitor. Ele queria agradecer a presença da minha mãe na palestra — expliquei e peguei minha bebida.

Saímos andando por entre as fileiras de mesas ocupadas pelos estudantes e nos acomodamos em uma das que estavam vazias.

— Legal, mas queria falar com você sobre as aulas particulares de cálculo que eu preciso. Consegui convencer um bolsista nerd a ir lá em casa para me ajudar e queria saber se vou ter problemas com a sua equipe de segurança.

Desde o dia em que decidi me mudar para a Inglaterra, comecei uma verdadeira negociação com meu pai para que pudesse viver como uma pessoa comum, ao menos na universidade, mas não tinha conseguido muito progresso. Devido as ameaças de sequestro que nossa família sofria quase que diariamente, havia uma equipe de segurança à paisana na cidade. Para minha satisfação, era como se eles não existissem, já que raramente me metia em algo que os forçasse a se aproximar. Eu sabia que eles sempre estavam por perto, porém, como parte do acordo que fiz com os meus pais, todos faziam o máximo para que eu vivesse apenas como mais uma aluna naquela cidade.

— Passe o nome completo dele para o Sanders e não teremos problemas — avisei.

— Certo, vou perguntar, tudo o que sei é que ele se chama Paul e é de Chicago, pensa em um nerd gostoso — brincou.

— Quem sabe role alguma coisa entre vocês — sugeri.

— Sem chance, sabe o que os meus pais fariam se eu aparecesse com um bolsista lá em casa?

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