Dulce Maria Saviñon
— O que você me diz depois de tudo que eu te falei — perguntei para minha mãe. Enquanto os funcionários do hotel levavam minhas coisas para a suíte presidencial de Christopher, resolvi ligar para contar tudo que estava acontecendo em minha vida.
Na época da universidade eu não confiei nela para falar sobre meus sentimentos, mas depois de ter quebrado a cara, aprendi a valorizar o guru do amor que eu tinha em casa.
Mamãe poderia ser realista, mas era muito justa em seus conselhos e poderia me ajudar ante a situação que eu estava vivendo.
— Bom, ficar com um homem que já foi casado e tem um filho requer paciência, ele possui uma bagagem que você ainda não tem, mas apenas você sabe se está ou não disposta a entrar nessa nova dinâmica.
— Disso eu sei, doutora, queria que você me falasse algo mais concreto — reclamei.
— Querida, você ama esse homem, falar para desistir dele vai ser a mesma coisa que falar para parar de comer suas trufas de chocolate.
— Por falar nisso, eu estou com abstinência delas, não encontro para comprar em lugar nenhum por aqui — reclamei. — Quando for para Nova York vou comprar um estoque. Mas voltando ao nosso assunto, você acha que fui burra de ter aceitado tão fácil essa situação?
— Não, filha, você teve compaixão pela Belinda, mesmo depois de tudo que aconteceu entre vocês, e compaixão nunca pode ser considerado algo ruim, mas acho que sua cota de aceitar coisas dele pode parar por aí.
— Sim, pensei a mesma coisa. Acho que nosso único problema no momento é a Belinda, mas como você disse, eu preciso ter empatia pelo que ela está passando e esperar que tudo se resolva.
— Isso mesmo, querida, e se ficar em dúvida sobre qualquer coisa, basta me ligar — ela disse carinhosa.
— Com certeza seu telefone vai tocar muito nos próximos dias — brinquei.
— Sempre vou estar aqui para você. Agora me fala se vem à festa do seu pai, estou preparando um evento incrível.
— Claro que vou, e ainda quero discursar.
— Perfeito, ficarei esperando você e seu namorado, já passou da hora de conhecermos o senhor Uckermann.
— Ai, mamãe, eu não sei, acho que ainda é cedo, tenho receio da reação do papai e do Alexander, isso pode virar uma catástrofe — falei, temerosa.
— Não fale besteira, todos na família já sabem que você está com ele, então já passou da hora de assumir esse namoro — declarou.
Torci a boca de um lado para o outro, tentando pensar em uma forma de falar para ela que, apesar de vivermos como se fôssemos casados, ele não tinha me pedido em namoro. A verdade era que não havia nada de oficial na nossa relação e aquilo me incomodou.
— Tudo bem, mamãe, eu vou falar com ele e te confirmo se ele vai comigo.
— Ótimo — ela disse e após fazer todas aquelas recomendações de mãe, desligou.
Estava feliz por saber que mamãe faria essa ponte entre Christopher e minha família, mas então o status indefinido do nosso relacionamento voltou a me incomodar. De forma alguma eu iria pressioná-lo para oficializar as coisas entre nós, mas não estava exatamente feliz.
[...]
Christopher Uckermann
A chegada da Belinda a minha casa foi tranquila, mas não demorou muito para ela começar a reclamar da claridade do quarto de visitas, do canto dos pássaros, da temperatura do ambiente...
Eu tinha esquecido de como era irritante conviver com uma pessoa que reclamava o tempo todo.
— Já vai sair para ficar com ela? — perguntou quando me viu passando pela sala.
Eu não tinha visto que ela estava acomodada no canto do sofá, usando um pijama preto que evidenciava ainda mais sua palidez.
— Tenho um jantar de negócios — menti.
— Eu sei que vai sair com ela, mas tudo bem, nós estamos separados, sem contar que é muito melhor ficar com a linda Dulce Maria Saviñon do que com uma mulher rabugenta e doente — disse e começou a chorar.
Chantagem emocional era uma das coisas que Belinda sabia fazer de melhor pelo tempo que estivemos casados, naquele momento, todavia, eu senti que ela realmente estava se sentindo péssima por saber que eu iria sair com outra mulher enquanto ela ficaria sozinha em casa.
Caminhei até o sofá e me sentei ao seu lado.
— Eu posso cancelar meu jantar e podemos assistir àquele programa de reformas que você adora — sugeri e vi um brilho diferente em seu olhar.
— Está falando sério?
— Estou sim — confirmei, inclinando-me para pegar o controle da televisão e lhe entreguei.
Ela rapidamente achou o canal, deitou a cabeça em meu ombro e começamos a assistir. Eu sabia que pelo horário ela já deveria estar medicada e pegaria no sono a qualquer momento, então esperei que os remédios fizessem efeito e meia hora depois ela já estava dormindo tranquilamente.
Mesmo doente, Belinda continuava vaidosa, seus cabelos estavam limpos, com cheiro de camomila, misturado com a fragrância de seu perfume. Até onde eu sabia ela era proibida de usá-lo porque o cheiro a deixava enjoada, mas pelo visto ela decidiu fazer tudo que os médicos proibiram nos últimos meses.
Ao pegá-la no colo percebi o quanto estava leve. Ela tinha emagrecido bastante e fiquei triste por saber que meu dinheiro não poderia comprar saúde para a mãe do meu filho.
— Que bom que ela dormiu — Celia disse ao me ver entrando no quarto com Belinda nos braços.
Eu a coloquei na cama e a enfermeira a cobriu.
— Cuide dela.
— Pode deixar, senhor — ela concordou e nos despedimos.
Antes de sair para ir me encontrar com Dulce Maria em nossa nova suíte, eu mandei uma mensagem avisando que chegaria alguns minutos atrasado. Durante o percurso até a cidade, pensei em falar a razão do meu atraso, mas achei melhor poupá-la dos detalhes. A situação por si só já era desconfortável, sem contar que no meu gesto só havia compaixão, nada mais.
Ao chegar no hotel fui direto para a cobertura. Quando entrei, Dulce estava em frente ao espelho terminando de colocar uma camisola e ainda tive tempo de ver suas costas e a bunda deliciosa sendo cobertas pela seda preta.
— Tenho uma novidade para te contar — ela disse, animada.
— Então conte.
— No fim de semana que vem é o aniversário do meu pai e mamãe pediu para eu te convidar — soltou, me pegando de surpresa.
— E seu pai sabe disso? — questionei em tom bem-humorado.
— Acredito que sim, no entanto, você não é obrigado a aceitar...
— É claro que eu aceito — afirmei e ela arregalou os olhos.
— Achei que fosse se sentir intimidado.
— Eu também sei intimidar, ainda mais quando o assunto é você — declarei. Dulce sorriu e me beijou.
— Obrigada por isso, é importante demais para mim — confessou.
— Bom, se você foi capaz de aceitar meu filho e a situação da Belinda por mim, estou mais que disposto a enfrentar o Clã Saviñon por você.
Os homens da vida de Dulce eram poderosos, vingativos e qualquer outro recuaria diante da possibilidade de um embate, no entanto, não tinha chegado tão longe desistindo de grandes desafios. Dulce era a conquista mais importante da minha vida, e se para ficar com ela eu precisasse passar pelo crivo da família Saviñon, que fosse. Eu estava pronto!
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Dinastia
RomanceDulce Maria Saviñon e Christopher Uckermann se conheceram na universidade, um encontro improvável entre mundos opostos. Ela, herdeira de uma das dinastias mais influentes e poderosas do planeta, sempre viveu cercada de poder e luxo. Ele, um jovem ne...