Dulce Maria Saviñon
— Acho que o Pablo está vindo pra cá — Belinda avisou.
Eu estava no refeitório bebendo café com minhas amigas e me virei para confirmar o que ela falou.
Pablo Lyle Jr. era um veterano no curso de direito e filho de um influente advogado de Londres. Nós tínhamos nos falado umas duas vezes, em uma palestra e na biblioteca, e em ambas às vezes ele foi muito bacana, mas não nos encontramos mais. Depois, Annie comentou que a mãe dele havia falecido e por causa disso ele faltou algumas semanas. Isso era tudo o que eu sabia a seu respeito.
Como das outras vezes, seus cabelos estavam meticulosamente alinhados com uma camada de gel que brilhava de longe. Ele não era um cara feio, mas não fazia o meu tipo.
— Como vai, Dulce Maria? — perguntou ao se aproximar da mesa, ignorando Annie e Beli.
— Bem e você?
— Tentando superar a falta da minha mãe — respondeu, contido.
— Sinto muito pela sua perda — declarei.
— Obrigado. Está sendo difícil, mas sei que mamãe não ia querer que eu me entregasse, por isso vim falar com você.
— Não entendi — balbuciei, o cenho franzido em confusão.
— Podemos conversar a sós? — ele questionou.
Eu não tinha ideia do que ele poderia querer comigo, mas diante da situação, acabei aceitando. Levantei-me e me afastei alguns metros de onde as garotas estavam.
— Pode falar — incentivei.
— Semana que vem vai ter uma festa na fraternidade de uns amigos e eu queria saber se você quer ir comigo.
Se Blanca Saviñon estivesse presente naquela conversa, ela diria que ele estava usando a morte da mãe para me comover e convencer a sair com ele. Que tipo de garota diria não para um cara que estava sofrendo após uma perda tão grande?
Avaliei tudo, chegando à conclusão de que não queria sair com ele e não faria isso simplesmente para agradá-lo. Tinha aprendido muito cedo o poder libertador de dizer não.
— Eu agradeço o convite, mas estou focada na universidade e não pretendo sair nas próximas semanas — falei sincera.
Escutei alguns risos de deboche, mas como estava focada na conversa, não sabia de onde tinham vindo e nem a razão.
— Ah, tudo bem, eu entendo e deveria fazer o mesmo, mas preciso sair de casa ou vou enlouquecer — justificou.
— Eu concordo e espero que fique bem — desejei, tocando seu braço em um gesto de conforto. — Bom, agora eu tenho que ir, a gente se vê — falei e ele assentiu.
Antes que eu pudesse dar um passo, escutei mais risadas de deboche. Ao me virar, vi o grupo do qual o bonitão fazia parte.
— Pelo menos foi um fora de Dulce Maria Saviñon — alguém disse e todos gargalharam.
Vi o rosto de Pablo ganhar uma camada de cor, mas ele não disse nada, apenas virou as costas e se afastou, enquanto os garotos continuavam fazendo piadas.
Ignorei toda aquela demonstração de imaturidade e voltei para a mesa das meninas. Estava me sentindo péssima, pois não gostava daquele tipo de situação. Se eu já era o assunto principal dos corredores, depois do fora que dei no Pablo a fofoca iria rolar solta.
Ele já tinha que lidar com a perda da mãe e agora teria que aguentar as zombarias. Se tivesse ideia, teria aceitado o convite. Contudo, não iria me culpar por simplesmente ter feito o que eu o meu coração mandou.
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Dinastia
RomanceDulce Maria Saviñon e Christopher Uckermann se conheceram na universidade, um encontro improvável entre mundos opostos. Ela, herdeira de uma das dinastias mais influentes e poderosas do planeta, sempre viveu cercada de poder e luxo. Ele, um jovem ne...