30

57 6 4
                                    

Dulce Maria Saviñon

Minha conversa com Annie me deixou ainda mais confusa. Ela narrou com detalhes tudo o que aconteceu, enfatizando que Christopher parecia muito à vontade na companhia de Belinda e que ela não parecia tão bêbada quanto ele falou. Tudo isso desencadeou uma troca de mensagens entre mim e ele que acabou em mais brigas.

Na segunda de manhã a fofoca estava rolando solta pelos corredores da universidade. Tive que aguentar cochichos e olhares julgadores de pessoas que sabiam que, enquanto eu estava viajando, meu "namorado" estava em um pub com outra garota.

No fundo, eu queria acreditar que Christopher estivesse falando a verdade, mas estava magoada demais para baixar a guarda, então fiz o máximo de esforço para não circular pelos corredores e evitar ser assunto de julgamentos maldosos.

Era como se minha vida social tivesse voltado à estaca zero. Eu tinha voltado a ser o assunto, o que não me deixava nada feliz. Não queria ser conhecida como a sombra de Blanca Saviñon e muito menos como a namorada bobona do bonitão que a traía com sua ex-amiga.

Na terça-feira fui a universidade somente para fazer uma prova na parte da manhã e depois voltei para casa.

— Você está péssima — Annie disse ao chegar em casa.

Eu estava no sofá, enrolada em uma manta, enquanto assistia qualquer coisa na tv.

— Eu sei, não estou sabendo lidar muito bem com esse afastamento que eu mesma impus.

Annie se aproximou e se sentou no espaço livre do sofá.

— Dul, eu sei que ele é o primeiro cara de quem você gosta de verdade, a sensação do primeiro término e horrível para todas as garotas, por isso eu vou entender se você decidir dar mais uma chance para ele. Mas se esse não for o caso, apenas saiba que essa tristeza vai passar e logo você vai estar ansiosa para conhecer alguém novamente.

Sorri, contendo a vontade de chorar e falar que ela estava errada.

De alguma forma, eu sentia que nunca iria gostar de ninguém como gostava dele. Christopher tinha se enraizado dentro do meu coração de um jeito tão profundo, que as marcas daquele amor ficariam em mim para sempre.

— Você está certa, amiga, obrigada — falei o que Annie esperava ouvir e ela assentiu antes de ir para o seu quarto, deixando-me perdida em pensamentos.

Só voltei a realidade quando Sanders apareceu no meu campo de visão.

— Podemos conversar? — ele perguntou.

Levantei-me calmamente do sofá e o encarei.

— Pela sua cara a coisa é séria.

— É sim, Dulce, podemos ir ao seu escritório?

Assenti e caminhamos lado a lado até lá, onde me sentei em minha cadeira e esperei que ele começasse a falar.

— É a respeito do Christopher.

— O que tem ele? — perguntei já sentindo um nó enorme na garganta por imaginar que eu estava certa e ele tinha mesmo ficado com Belinda.

— Eu sei o quanto você está gostando desse rapaz e até então ele também tinha a minha simpatia, mas depois de tudo o que descobrimos, você terá que reavaliar muitas coisas — aconselhou.

Qualquer segurança normal passaria as informações sem dar qualquer opinião pessoal, mas Sanders estava comigo há tempo demais e sabia que seu julgamento era valioso para mim.

Apenas assenti e aguardei.

— Bom, apesar de ter te entregado um dossiê detalhado a respeito de Christopher, eu fiquei com um pé atrás a respeito de uma coisa e resolvi investigar as pessoas próximas a ele.

DinastiaOnde histórias criam vida. Descubra agora