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Dulce Maria Saviñon

No dia seguinte, como já era esperado, acordei com as vozes dos meus pais na sala e quase gemi de desgosto. Eu estava me sentindo tão vulnerável, fraca, traída, que a única coisa que queria era dormir e só acordar quando aquele sentimento ruim passasse.

Fechei o laço do robe e desci, imaginando que iria receber a maior lição de moral da vida. Era o momento da minha mãe brilhar discorrendo sobre o quanto eu tinha sido irresponsável em confiar meu coração a um homem, por não ter pedido os conselhos dela. E eu só poderia escutar, pois não havia desculpa.

Desci os degraus sem vontade e encontrei seus olhares compadecidos analisando minha estrutura pálida e abatida.

— Ah, minha filha — mamãe disse e me abraçou.

Ok, eu precisava muito daquele abraço, do consolo que só uma mãe conseguia oferecer, então simplesmente me agarrei a ela e chorei por longos minutos.

— Eu fui tão burra, mamãe, nunca vou me perdoar por isso — lamentei-me aos prantos.

— Shhh, vai ficar tudo bem — ela disse, afagando os meus cabelos.

Desvencilhei-me dela, e ao ver os olhos do meu pai marejados, eu sucumbi de vez e fui me refugiar em seus braços.

Dessa vez, meu choro foi mais sofrido, dolorido de um jeito que não dava para explicar. Ele tinha confiado em mim, escondido coisas da minha mãe para me dar cobertura só para, no fim das contas, eu quebrar a cara.

Ele me levou para o sofá e me abraçou até que meu choro cessasse e eu finalmente conseguisse falar.

— Eu sei que vocês estão com raiva dele, eu também estou, mas não quero que façam nada para prejudicá-lo. Christopher estava disposto a tudo para vingar a irmã e por mais cruel que tenha sido o plano de Pablo, eu tenho que pensar na Beatrice, que não tem culpa das canalhices do irmão, ele é tudo o que ela tem, então não quero que ela sinta os efeitos colaterais da nossa influência.

Eles trocaram olhares em silêncio.

— Vocês prometem que não vão fazer nada?

— Esse cara merecia uma boa surra para deixar de ser moleque — meu pai esbravejou.

— Papai, por favor — implorei.

Ele titubeou por alguns segundos e depois me encarou.

— Eu prometo que não farei nada com ele, se você prometer que vai se afastar desse infeliz.

— Não precisa nem pedir, eu já aprendi a lição.

— Perfeito, então volte para os seus estudos que os seguranças vão mantê-lo longe.

— Combinado — garanti.

Depois disso, papai se afastou para ir conversar com o Sanders, deixando-me sozinha com a mamãe.

— Eu sei que você pensa que eu iria chegar aqui te dando lição de moral, mas não se esqueça de que eu já passei por isso e sei o quanto dói — disse, sentando-se ao meu lado.

Eu sabia da história da minha mãe com o ex-namorado da universidade e que depois que os dois terminaram, ela sofreu tanto que começou a estudar sobre o universo masculino, tornando-se depois a Deusa do Amor.

— Estou me sentindo tão mal — admiti.

— Eu sei, filha, e vai se sentir assim por um bom tempo, mas depois que essa dor passar, você vai estar mais forte do que nunca — assegurou.

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