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Dulce Maria Saviñon

— Quando você disse que encontrou o Christopher, eu imaginei que iria dar merda, mas te mandar para o hospital elevou as coisas a outro patamar — Annie disse quando entrei no meu apartamento.

Eu ainda estava mancando por causa do meu quadril, mas os analgésicos tinham aliviado a maior parte do desconforto.

— A culpa foi minha, saí apressada do elevador, não olhei para os lados e a merda toda aconteceu, mas o importante é que já estou em casa e meus pais nem ficaram sabendo de toda essa novela — comemorei e aceitei o sanduiche de queijo que minha amiga disse que iria fazer quando liguei dizendo que Sanders estava me levando para casa.

— Agora me conta como foi o encontro de vocês no hospital — ela pediu, vertendo café na minha xícara.

— Um desastre — falei depois de engolir uma porção. — Mas a parte boa é que ele mora no Texas e não terei que escutar sua voz irritante tão cedo.

— Homens como Christopher têm negócios em todas as partes do mundo e algo me diz que esse foi o primeiro de muitos encontros que ainda vão acontecer.

— Por que está falando isso? — questionei.

— Ele não tinha nenhum motivo para ir atrás de você no hospital, mas foi, indicando que ainda se importa.

— Eu que fui atropelada e você que ficou mal da cabeça — falei, deixando o pão no prato e pegando o café. — Sua pretensa preocupação não apaga tudo que ele fez no passado.

— Calma, amiga. Não estou falando que vocês vão ficar juntos e sim que sinto que esses encontros serão mais frequentes daqui para frente.

— Eu não acho e estou torcendo para que ele volte para o buraco de onde saiu.

Sem dizer mais nada, minha amiga mudou de assunto. Annie sabia que falar sobre ele sempre me deixava alterada, então era melhor evitar.

Quando ela foi embora, eu estava mais calma, mas nem por isso consegui desligar ou parar de pensar em tudo o que havia acontecido.

Aquele maldito tinha aparecido na minha vida há apenas algumas horas e sentia como se o centro de gravidade do meu mundo tivesse se movido de lugar.

[...]

Christopher Uckermann

Ao chegar em meu quarto de hotel, encontrei Natália usando uma lingerie provocante e completamente transparente. Os bicos de seus seios saíam por um recorte circular, e a boceta estava à mostra. Ela tinha um corpo incrível, mas não consegui sentir desejo, não depois de tudo que tinha acontecido naquela noite.

— Estou cansado, Natália, melhor você colocar o roupão e voltar para seu quarto — ordenei em tom austero e ela assentiu.

A parte boa de lidar com Natália, era que ela me obedecia feito um cão adestrado. Talvez fosse por isso que estivesse durando mais tempo do que as outras que passavam pela minha cama.

Caminhei pela luxuosa suíte presidencial e me servi de uma dose de uísque, enquanto pensava em todas as coisas inacreditáveis que tinham acontecido aquela noite.

Estaria mentindo se falasse que nunca bisbilhotei a vida de Dulce Maria Saviñon, mas fiquei surpreso ao saber que ela não tinha ao menos um namorado para lhe fazer companhia no hospital.

Depois de todos aqueles anos, ela continuava linda e solteira, mas com aquele gênio do cão seria difícil alguém se aproximar.

Fiquei me questionando se por baixo de toda aquela camada de fúria, ainda existia algum resquício da doce Dulce que conheci um dia, mas logo afastei esses pensamentos. Aquela mulher não fazia mais parte da minha vida e não tinha sentido fazer suposições ou ficar pensando nela.

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