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Christopher Uckermann

— Não acredito que você desligou na cara dela — Beatrice disse na segunda-feira, quando confidenciei os últimos acontecimentos entre mim e Dulce .

Ela tinha passado na minha casa para ver Leo e aproveitou para almoçar comigo.

— Se um dia o Poncho passar a noite com outra mulher e depois te ligar pedindo chocolate, você vai fazer o mesmo — rebati e ela soltou uma gargalhada.

— Bom, levando-se em conta que a Dulce estava solteira, você poderia relevar a situação e tentar se acertar com ela — sugeriu.

— A Belinda piorou esta semana, então não acho que seja um bom momento para conversar com a Dulce.

Desde o dia da minha bebedeira, Belinda não conseguiu mais sair do quarto e provavelmente teria que ser transferida para um hospital. Eu só estava esperando ela concordar para conversarmos, pois sua teimosia a deixava cega.

— Quanto a isso você tem razão, é triste ver a Belinda definhando mais e mais a cada dia. Apenas assenti, sem querer pensar no seu fim.

— Bom, eu tenho que ir para o escritório — declarei.

— E eu para o estúdio de dança. Acredita que apareceu uma infiltração no teto? — reclamou quando nos despedíamos. — Bom, deixa eu ir porque preciso resolver isso ainda hoje — disse e se foi.

Antes de sair de casa, fui até a cozinha, abri a geladeira e quando fui pegar uma garrafa de água, notei duas caixas da bendita trufa que tinha comprado para Dulce, ciente de que logo os estoques sumiriam das prateleiras das lojas e supermercados.

Balancei a cabeça ao pensar que ela mataria por aqueles chocolates.

Fechei a porta da geladeira e segui para a empresa, pensando nas reuniões que eu teria no início da tarde.

Tinha tomado a decisão correta ao voltar para a minha rotina de trabalho, pois se ficasse em casa, eu me entregaria ao álcool e outras coisas destrutivas que não me levariam a nada. Eu tinha passado tantos anos longe de Dulce, que havia aprendido a maquiar meus sentimentos, enganar meus pensamentos e viver como se ela não existisse ou afetasse. Bastava voltar ao mesmo padrão.

— Estamos recebendo centenas de e-mails dos clientes da Mask Candy reclamando sobre a falta da trufa de cereja. Se sua decisão for irrevogável, precisamos soltar uma nota a respeito — Alfonso avisou depois da reunião com a diretoria. 

— Não faça nada por enquanto, ainda vou pensar sobre isso.

— Outra coisa, Christopher, sua indicação para o clube de cavalheiros de Nova York foi aceita.

— Achei que o Alexander tivesse votado contra novamente — comentei.

— Parece que seu cunhado mudou de ideia.

Fiquei surpreso com a notícia. Fazia algum tempo que eu tinha sido indicado por um amigo meu que era sócio daquele clube e não fui aceito, o que me irritou. Poderia parecer egocêntrico de minha parte querer entrar em um clube tão seleto, mas meu intuito maior era aumentar minha rede de contatos, pois havia pessoas muito poderosas naquele lugar, gente que poderia alavancar ainda mais meus negócios.

— Tanto faz, eu não estou mais com a irmã dele.

— Nós dois sabemos que isso é temporário — declarou. Ignorei suas palavras e olhei para a tela do telefone. Era Dulce Maria.

— O que você quer agora? — questionei.

Que você autorize minha entrada no rancho, já estou a caminho.

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