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Dulce Maria Saviñon

NA SEMANA SEGUINTE...

A cada aula do curso de História da arte, eu me sentia mais imersa naquele mundo de beleza e criatividade. Todo conteúdo estudado me fazia ter certeza de que tinha feito a escolha correta. Era incrível ouvir e discutir a respeito de coisas que tinham saído da imaginação de outras pessoas, pessoas estas quem em sua maioria nem estavam mais entre nós.

Cada estilo, técnica e período artístico era uma viagem no tempo, nos conectando profundamente com toda a manifestação artística que existiu ao longo dos séculos.

Meu interesse começou cedo e ganhou força durante nossas viagens em família. Meus pais gostavam de nos levar para destinos históricos e, com isso, essa paixão foi ganhando vida.

Minha vontade era ter uma galeria depois que me formasse, mas minha maior ambição era trabalhar na área de restauração de antiguidades. Achava fascinante a arte de recuperar peças danificadas pelo tempo e devolvê-las à sua glória original. Sempre acreditei que a restauração era uma forma de honrar o passado e preservar objetos importantes para as próximas gerações.

No entanto, eu sabia que não seria um caminho fácil. A área de história da arte e restauração exigia estudo constante e aprimoramento de habilidades técnicas, mas eu estava animada e preparada para enfrentar todos esses desafios.

— Você não vai acreditar nas histórias que ouvi sobre ele — Annie disse com um sorriso malicioso, chegando de repente ao meu lado.

Eu já tinha contado que havia ficado com Christopher no dia anterior

— O que foi que você descobriu? — questionei, fazendo o possível para não me mostrar muito ansiosa.

— Dizem que ele é uma loucura na cama, que já pegou quase todas as veteranas, mas nunca assumiu nenhuma — disse, provando que a teoria de Beatrice fazia sentido.

— Será que ele é tudo isso mesmo? — questionei. Annie ponderou por um momento antes de responder.

— Penso que parte do fascínio da maioria das garotas é por ele ser um dos caras mais gatos da universidade, juntando isso ao fato de só querer curtir, faz com que ele se torne um desafio, sei lá. As pessoas estão sempre querendo aquilo que não podem ter.

Concordei com um aceno de cabeça, pois era exatamente pelos motivos citados por ela que eu estava tão interessada nele.

— Mas se o Christopher é bom de cama ou não, nós só vamos saber se você continuar saindo com ele — declarou e eu engoli em seco.

— Do que está falando? — questionei.

— Alguém precisa ter coragem de tirar a prova, talvez ele seja ainda mais extraordinário do que os rumores dizem.

Revirei os olhos e, sem tecer mais nenhum comentário, seguimos para casa; se eu desse corda, minha amiga falaria de Christopher pelo resto da tarde.

Assim que chegamos, cada uma foi para seu quarto. Coloquei a banheira para encher e liguei para a minha mãe, pois era meio que um ritual diário ligar para ela ou para o meu pai apenas para dar um olá.

Acendi algumas velas perfumadas e enquanto o aroma suave preenchia o ambiente, afundei-me na água quente e senti meu corpo ficando cada vez mais relaxado.

Apreciei o reflexo das velas dançando nas paredes e comecei a refletir sobre todas as coisas que estavam acontecendo em minha vida. Queria tanto poder falar para minha mãe sobre meu interesse por Christopher e ouvir seus conselhos, mas então eu lembrava que ela utilizaria toda a sua psicologia comigo e isso me refreava. Não que eu não acreditasse em suas teorias, pois já tinha visto os resultados, eu só não acreditava que elas pudessem funcionar com um cara tipo o Christopher. Ele estava focado em terminar a universidade, levando as garotas apenas como diversão e não sabia se ela concordaria com isso. Por mais liberal que mamãe fosse, quando se tratava dos filhos as coisas eram diferentes.

Enquanto a água acariciava a minha pele, tentei deixar todas as preocupações de lado e fiquei ali por quase uma hora.

Quando, por fim, saí do banheiro enrolada em um roupão, estava na dúvida entre pedir alguma coisa para comer, ou chamar Annie para ir jantar em algum lugar, mas meus pensamentos foram interrompidos com o som do meu celular tocando.

Senti um friozinho gostoso na barriga quando li o nome de Christopher na tela.

— Alô.

Segundo a teoria da minha hater preferida, você só tem mais dois dias da minha companhia, então queria te convidar para jantar — disse em tom de brincadeira e acabei sorrindo.

— Eu acho meio cruel dar comida para uma garota e dispensar ela depois — brinquei.

Concordo, mas pelo menos essa garota vai sofrer por mim de estômago cheio — declarou com uma voz divertida.

— Você é tão presunçoso — zombei.

Que horas passo para te buscar?

— Daqui a uns quarenta minutos — respondi sem titubear.

Perfeito. Até daqui a pouco — ele disse e desligou. Soltei uma respiração pesada, sorri e me joguei na cama.

Eu não sabia explicar o quanto gostava desse jeito direto, sem jogos ou mensagens com meias palavras. Christopher estava me surpreendendo em vários sentidos e cada vez mais eu torcia para que Beatrice estivesse errada.

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