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Dulce Maria Saviñon

Meus pais foram embora no domingo à noite. Foi ótimo passar aquele tempo com eles, mas eu estava ansiosa para a segunda-feira chegar para que pudesse descobrir o que estavam falando sobre o que havia acontecido na sexta.

Nas primeiras aulas ninguém comentou nada a respeito dos irmãos e muito menos sobre os meus seguranças terem acabado com a festa.

Achei aquilo estranho, mas decidi esquecer e tentar me concentrar na matéria, especialmente na programação que eu tinha feito para o restante do dia, porém, precisava confessar que foi frustrante não ver Christopher. Meus olhos procuravam por ele ou alguém de sua turma em todas as vezes que me vi nos corredores de Oxford, mas não vi ninguém.

No dia seguinte foi a mesma coisa, parecia que nada havia acontecido e também não o encontrei.

— Estou indo pra casa, você vem? — Annie perguntou quando saímos do auditório.

— Não, preciso passar na biblioteca para pegar um livro antes.

— Até depois, então — ela disse e cada uma foi para um lado.

Assim que entrei na majestosa biblioteca, pus-me a admirar as paredes altas revestidas de livros encadernados em couro antigo; havia séculos de conhecimento acumulado nas prateleiras beijadas pela luz suave que penetrava os vitrais, deixando o cenário ainda mais incrível.

Enquanto ia em direção a uma sessão específica, peguei-me pensando que meu interesse repentino por Christopher devia ter mais a ver com o mistério que o rodeava e com o fato de ele não me olhar como os outros rapazes.

Alguns me enxergavam como uma escada que os levaria direto para o cofre da família Saviñon, ao passo que outros sonhavam com a influência que um affair comigo poderia ter.

Os meus primeiros relacionamentos foram com herdeiros de famílias old money como a minha, rapazes que eram praticamente obrigados pelos pais a me cortejar.

Foram namoros rápidos, mornos e sem importância que me fizeram enxergar cedo demais que fazer parte do Clã Saviñon poderia abrir muitas portas que seriam inacessíveis para algumas pessoas, ao mesmo tempo, o peso do sobrenome me deixava cada vez mais longe de viver um amor de verdade.

Minha dificuldade em confiar nas pessoas me tornou insegura, eu tinha receio de acreditar que alguém gostasse de mim pela pessoa que eu era e não pelo que minha família poderia oferecer.

Pensando bem, talvez o interesse por Christopher fosse uma tentativa da minha mente de viver alguma coisa nova, mesmo que com cheiro de clichê.

Pare com isso, Dulce Maria, essas coisas só estão acontecendo dentro da sua cabeça!, a voz da minha mãe surgiu nos meus pensamentos para afastar aquelas fantasias e voltar a pensar no que estava indo fazer.

Sorri ao imaginar que a biblioteca mais antiga de Oxford deveria guardar os segredos universais do amor e do conhecimento, então eu não poderia deixar de sonhar que um dia as coisas dariam certo para mim, que na hora certa os meus devaneios se transformariam em realidade.

— Acho que você está procurando por isso aqui.

Virei-me e encontrei Beatrice segurando um livro. Era o mesmo exemplar que foi motivo da discussão no dia em que nos conhecemos.

— Oh! Como você está? — perguntei.

— Bem, graças a você.

— Fico feliz — falei com sinceridade e depois de um momento de silêncio ela declarou:

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