08

57 6 1
                                    

Dulce Maria Saviñon

— Dizem que um ilustre ex-presidente americano fumou maconha nos fundos desse bar — comentei enquanto nos acomodávamos em uma das mesas.

Christopher tinha me levado a um famoso pub da cidade e me lembrei de que meu irmão já tinha comentado sobre o lugar e incentivou que eu fosse conhecer. Porém, desde que cheguei em Oxford não tive tempo para nada além de lidar com a minha vida social desastrosa.

O lugar era bem rústico, com teto baixo, paredes cobertas de objetos e pessoas animadas bebendo de suas canecas de cerveja e tirando selfies. Como não estava muito cheio, conseguimos uma mesa com facilidade.

— Esta cidade tem muitas histórias, mas eu confesso que gosto deste lugar — ele comentou.

— Eu também gostei. E aí, o que vamos beber? — perguntei, encarando o homem espetacular a minha frente.

Estávamos vestidos com as mesmas roupas do evento, muito diferente do pessoal descolado das outras mesas.

— Acho que não tem champagne por aqui — ele zombou.

— Pode ser uma cerveja — sugeri.

— Cerveja? – questionou.

A forma como falou foi como se aquilo fosse um grande absurdo.

— É o que todo mundo está bebendo — comentei.

— Mas você gosta ou vai pedir só porque todos estão bebendo? — perguntou com uma sobrancelha levantada.

Apoiei os cotovelos na mesa e descansei o rosto entre as mãos em um gesto calmo, o olhar fixo no dele.

— Eu nunca faço nada que eu não tenha vontade ou só porque as outras pessoas estão fazendo. Se me vir fazendo qualquer coisa boa ou ruim, pode ter certeza de que eu quis — declarei e ele assentiu.

— Cerveja, então! — disse e sorrimos.

Quando nossas bebidas chegaram eu dei o primeiro gole e o sabor levemente amargo agradou o meu paladar.

Nossa conversa fluiu com tanta facilidade, que parecia que nos conhecíamos há muito mais tempo.

Ouvi-o falar brevemente sobre seu trabalho com o pai de Devon e sobre seu desejo de trabalhar com investimentos depois que terminasse a universidade. Faltavam alguns meses para se formar, e assim que isso acontecesse, ele iria atrás dos seus sonhos.

Christopher possuía muita desenvoltura na hora de falar, mas o que me deixou mais encantada foi como parecia prestar atenção a cada palavra que saía da minha boca.

Além disso, em nenhum momento perguntou ou insinuou algo que me deixasse desconfortável, acho que nosso único embate foi quando ele falou sobre os meus seguranças, mas depois disso nossa interação foi muito agradável.

Em certo momento da noite, nós abandonamos a mesa e ficamos de pé, em um canto mais escurinho do pub, curtindo a música e conversando sobre coisas aleatórias.

A todo momento eu tentava comparar o baderneiro da universidade com aquele homem de smoking bebendo cerveja, até que cheguei à conclusão de que Christopher Uckermann era um verdadeiro camaleão, o tipo de pessoa que conseguia circular por todos os lugares, atraindo a atenção e fomentando perguntas que ficariam sem respostas.

— O que foi? — questionou quando notou que fiquei tempo demais olhando para o seu rosto.

E tinha como não olhar?

— Acho que já bebi demais — falei e deixei meu copo sobre a mesa alta a minha frente.

— Você é mesmo uma caixinha de surpresas, Dulce.

— Por que diz isso?

— Imaginei vários desfechos para a minha noite, mas em nenhum deles eu estaria bebendo cerveja com você.

— Isso é ruim? — provoquei.

Seus olhos passearam pelo meu rosto e pararam na minha boca, fazendo meu estômago revirar só de imaginar o que poderia acontecer.

— Corro perigo de vida se fizer o que estou com vontade? — ele inquiriu em tom de zombaria e tocou meu queixo com a ponta dos dedos.

— Acho que a pergunta adequada é: o risco vale a pena? — aticei.

Com um sorriso enigmático, Christopher me puxou pela cintura e nossas bocas se tocaram pela primeira vez.

Uma sensação poderosa tomou conta do meu corpo e meu ventre se contorceu com a forma habilidosa como ele beijava e mordiscava meus lábios. Eu nunca tinha sentido algo tão intenso, era como se todas as minhas terminações nervosas tivessem ganhado vida simplesmente por sentir o gosto dele.

Uma das mãos que estava na minha cintura subiu pelas minhas costas e chegou à minha nuca. Senti seus dedos se embrenhando em meu cabelo, ao passo que sua boca devorava a minha.

Perdida naquele beijo, tentei ignorar quando a outra mão fez o caminho contrário e apertou a minha bunda, mas não consegui, fiquei imediatamente tensa e me afastei.

— Christopher, eu...

Minhas palavras se perderam quando vi que ele estava tão desconcertado com aquele beijo quanto eu. Sem saber o que fazer, simplesmente descansei a cabeça em seu peito e fiquei alguns segundos sentindo seu perfume enquanto tentava silenciar a minha mente.

— Não vou me desculpar por isso — ele disse e deu um beijo no topo da minha cabeça.

— E não precisa — falei ao me afastar.

Seus olhos estavam brilhando e eu conseguia enxergar desejo neles. Talvez fosse um reflexo dos meus, pois nunca senti meu corpo tão inquieto apenas por beijar um cara.

— Tenho receio de que alguém me fotografe numa situação como esta — falei e soltei um suspiro. — Minha vida é complicada.

— Tudo bem, eu entendo — disse por fim e se afastou.

Tive a impressão de que ele havia acabado de perceber que suas preocupações estavam corretas, que as coisas entre nós não dariam certo por causa de quem eu era.

— Podemos ir? — sugeri.

— Claro, eu te levo em casa. Concordei e fomos embora.

Quando paramos em frente à minha casa eu esperei que ele simplesmente se despedisse e encerrasse a noite, no entanto, quando soltei o cinto de segurança, ele me puxou para mais um beijo possessivo que me deixou sem fôlego diante de toda aquela virilidade.

— Boa noite, Dulce — disse assim que me afastei para poder respirar.

— Boa noite, Christopher.

Saí do carro e caminhei para dentro de casa me sentindo tonta com tudo o que tinha acontecido, mas sem poder ignorar que aquela tinha sido uma das melhores noites da minha vida.

DinastiaOnde histórias criam vida. Descubra agora