Christopher Uckermann
— Porra, Pablo, a garota é virgem! — falei assim que vi o infeliz, que me esperava onde havíamos combinado.
— Eu já desconfiava disso, por isso pedi que a seduzisse. Maldita a hora em que aceitei fazer parte daquela loucura.
— Olha, eu sei que você teve problemas com ela, mas... — argumentei.
— Aquela vadia fez eu virar chacota na universidade inteira e tem que pagar por isso na mesma moeda! — vociferou, descontrolado.
— Só que ela não é como as outras garotas, não vai ceder fácil, e eu não tenho mais tempo ou estômago para isso — declarei, pois não estava mais disposto a continuar com aquilo.
— Christopher, nós já tivemos essa conversa antes, você pode contratar o melhor advogado do mundo, mas os idiotas que quase abusaram da sua irmã só vão para a prisão se meu pai usar sua influência com o juiz do caso — falou em tom calmo. — Além do mais, não é como se você fosse algum santo. Apenas faça o que tem que fazer e quando tudo isso acabar, aqueles caras estarão condenados e os seus bolsos, cheios.
— Eu gosto de ganhar dinheiro fazendo negócios, não enganando garotas inocentes — pontuei, andando feito uma barata tonta na frente dele.
— Dulce Maria Saviñon não é inocente! — esbravejou, demonstrando todo o ódio que sentia. — Olha, quanto antes você fazer o que me prometeu, antes vamos chegar à conclusão desse jogo, que é humilhá-la publicamente para toda Oxford ver.
Balancei a cabeça e voltei a andar. Aquilo não era certo, por outro lado, eu já estava inserido demais para achar que sairia ileso daquela história. O melhor era fazer o que foi combinado e aguentar as consequências, afinal, não era como se eu fosse perder a amizade dela ou algo assim. Se não fosse pelo que aconteceu com Beatrice, nossos mundos sequer teriam se cruzado e era a isso que eu precisava me apegar.
— Ok, mas é a primeira e última vez que eu faço esse tipo de coisa; se tiver algum problema com a Família Saviñon, não vou ficar calado e você terá que se resolver com eles sozinho — decretei e me dirigi ao estacionamento.
Assim que entrei no carro, recebi uma ligação de Dulce e precisei respirar fundo antes de atender para que ela não percebesse meu estado de espírito.
— Alô — falei no tom mais calmo que consegui.
— Liguei para te fazer um convite — ela disse com uma voz animada.
— Um convite?
— Sim, eu não cozinho tão bem quanto você, mas gostaria de saber se quer vir jantar aqui em casa hoje.
A última coisa que eu queria era sair para me encontrar com Dulce, mas Pablo estava certo, eu precisava concluir aquela tarefa e a cada encontro a distância entre ela e a minha cama ficaria menor, então eu precisava ter foco.
— Quero sim e faço questão de levar o vinho — respondi.
— Perfeito, te espero às 20h.
— Combinado — falei e finalizamos.
Dirigi diretamente para casa e durante o percurso analisei friamente a confusão em que eu havia me metido. Quando aceitei a sugestão de Devon para ir falar com o babaca do Pablo, jamais imaginaria que o meu pedido de justiça pela minha irmã seria atrelado a um plano de vingança contra Dulce. Não que eu me importasse com os sentimentos dela, mas odiava ter que me sujeitar àquele tipo de coisa para ver aqueles quatro monstros na cadeia.
Quando entrei no apartamento, encontrei Beatrice olhando fixamente para mim.
— O que foi? — questionei.
— Achei que estivesse saindo com a Dulce — ela disse em tom acusador.
— E estou — falei e deixei as chaves no aparador.
— Então por que tem uma garota seminua na sua cama? Fechei os olhos e soltei um palavrão baixinho.
— Toma isso aqui e vai dar uma volta enquanto eu resolvo o problema que está no meu quarto — falei e lhe ofereci uma nota de cinquenta libras.
Beatrice fechou a cara e simplesmente passou por mim.
Se tinha uma coisa que minha irmã gostava mais do que infernizar a minha vida, era ganhar dinheiro, então, para ela ter recusado, era porque Dulce tinha ganhado algum espaço dentro de seu coração.
Esse era mais um dos motivos para que eu me afastasse. Não queria que Beatrice ficasse deslumbrada com o mundo da senhorita Saviñon, sendo assim, era meu dever dar um xeque-mate naquele jogo.
[...]
Dulce Maria Saviñon
— As coisas entre vocês parecem estar ficando sérias — Annie disse enquanto eu preparava a mesa.
Eu tinha feito peixe com legumes no forno, pois era a única coisa fácil e gostosa que eu dava conta de fazer. Quando tive a ideia do jantar, pensei em contratar um chef para fazer a comida, mas depois pensei melhor e decidi cozinhar.
— Ele é incrível, a única coisa que me preocupa é que ele está no último ano, e eu, no primeiro.
— É impressão minha ou você já está fazendo planos a longo prazo? — ela questionou.
— Eu gosto de pensar que as pessoas não são descartáveis e que vão permanecer na minha vida, principalmente um cara como ele — declarei.
— Dulce, eu sei que ele é o primeiro cara de quem você gosta de verdade, mas acho que deveria dar uma segurada na emoção — alertou.
— Você está sabendo de alguma coisa que eu não sei? — questionei.
— Claro que não, se soubesse iria te contar na mesma hora, no entanto, ele não tem essa fama de desapegado à toa — concluiu, me deixando pensativa.
— Talvez você tenha razão e eu realmente precise colocar o pé no freio, mas toda vez que coloco os olhos nele, meu lado racional entra em curto-circuito — admiti.
— Amiga, você só tem dezenove anos, ainda vai conhecer muitos caras que vão dar pane no seu sistema — falou e sorrimos cumplices. — Bom, vou dormir na casa de um gato, não espere por mim — avisou, pegando as chaves do seu carro e me abraçando antes de sair.
Eu não quis falar nada para não estender o assunto, mas depois que Annie foi embora eu me peguei pensando e quase acreditei que toda aquela paixão que eu estava sentindo era algo tão incomum, que eu duvidava que fosse acontecer na mesma intensidade.
Contudo, só o tempo iria dizer se Christopher era mesmo um cara legal, ou se eu estava entrando em uma grande cilada.
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Dinastia
RomanceDulce Maria Saviñon e Christopher Uckermann se conheceram na universidade, um encontro improvável entre mundos opostos. Ela, herdeira de uma das dinastias mais influentes e poderosas do planeta, sempre viveu cercada de poder e luxo. Ele, um jovem ne...