Dulce Maria Saviñon
Por pura sorte do acaso não vi mais o Christopher durante o evento. Assim que pude, despedi-me de Martha, que junto com o marido, era a anfitriã daquele baile, e fui embora.
No momento em que as portas do elevador se fecharam, eu respirei aliviada por finalmente estar sozinha. Disse a mim mesma que aquela infeliz coincidência jamais aconteceria outra vez, pois eu nunca mais iria substituir meu irmão naquele tipo de evento.
As portas se abriram no estacionamento subterrâneo. Saí apressada e confusa, querendo chegar logo ao carro para poder dar o fora dali.
Apressei os passos o quanto pude, mas quando estava na metade do trajeto, um carro surgiu na rua lateral do estacionamento e arregalei os olhos quando vi que ele iria me acertar em cheio. O barulho dos pneus freando em cima de mim foi ensurdecedor, mesmo com o esforço do motorista, eu senti o baque da lataria contra a minha perna enquanto caía no chão, com a roda do carro parando a alguns centímetros da minha cabeça.
Eu ainda estava confusa, com a perna doendo, quando vi Christopher descendo do carro. Seu semblante era preocupado ao se aproximar de onde eu estava.
Observei os sapatos Oxford e subi pela calça preta que cobria as pernas longas e másculas daquele idiota.
Seu cabelo estava completamente alinhado, mas seus olhos castanhos mostravam-se alertas, tensos e repletos de preocupação. Mesmo assim, uma grande dicotomia se comparado a mim, que continuava estatelada no chão.
— Dulce Maria, você está bem? Eu vou chamar uma ambulância — disse com uma voz dura e exigente, como se tivesse algum domínio sobre mim.
— Estou bem — falei entredentes e tentei me levantar, mas gemi de dor.
— Já chamei a ambulância — Sanders disse e se abaixou para ficar ao meu lado. — É melhor você não se levantar, pode ter quebrado alguma coisa — alertou e eu assenti.
— Dulce, não sei o que dizer, o Bill é meu motorista há anos e nunca atropelou ninguém — Christopher explicou.
— Tudo bem, acidentes acontecem — murmurei.
Eu já podia ver a cara de espanto da Annie quando eu contasse que fui atropelada pelo carro de Christopher.
As sirenes da ambulância tomaram todo o estacionamento e em poucos minutos os paramédicos chegaram e me colocaram com cuidado em uma maca.
— Posso chamar as autoridades? — Sanders perguntou.
— Não precisa e não quero que avise meus pais — falei e ele concordou.
Mesmo estando na folha de pagamento do Grupo Espinosa, algumas coisas tinham mudado quando me tornei adulta, entre elas a autonomia para lidar com a minha equipe de segurança sem a interferência dos meus pais.
— Vou acompanhá-la até o hospital e faço questão de pagar todas as despesas — Christopher declarou.
— Eu não deixaria você pagar nem meu funeral, o que dirá os analgésicos que vou ter que tomar para essa dor infernal passar — esbravejei.
Antes que ele pudesse falar qualquer coisa, os paramédicos colocaram a maca dentro da ambulância e fecharam as portas.
Eu não tinha morrido de tristeza no passado e não era a presença dele e um acidente bobo que iria me desestabilizar.
[...]
Christopher Uckermann
— Eu posso ir junto, para o caso de o senhor precisar de mim — Natália ofereceu quando parei em frente ao meu hotel na quinta avenida.
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Dinastia
RomanceDulce Maria Saviñon e Christopher Uckermann se conheceram na universidade, um encontro improvável entre mundos opostos. Ela, herdeira de uma das dinastias mais influentes e poderosas do planeta, sempre viveu cercada de poder e luxo. Ele, um jovem ne...