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Dulce Maria Saviñon

Após o café da manhã, fui passear com a Bea pela cidade, fazendo um típico programa de turistas que foi minunciosamente planejado por Sanders e incluiu até um passeio pelo Central Park. Perto do meio-dia, nós retornamos, totalmente mortas de cansadas, mas ela parecia muito feliz.

— Eu amei, Dulce, é bem diferente da calmaria de Oxford e valeu cada segundo — ela disse, animada, em frente a porta de seu quarto.

— Que bom que você gostou. Agora vá se refrescar que eu te espero na sala para podermos almoçar — avisei e ela concordou com um sorriso enorme no rosto.

Fui até o meu quarto para jogar uma água no rosto e aproveitei para checar o celular.

Ao longo da manhã, eu tinha enviado algumas mensagens para Christopher, mas ele demorou para responder e explicou que estava trabalhando como voluntário em uma ação promovida pela universidade.

Em nenhum momento ele citou o nome de Belinda, mas eu sabia que ela estava lá, pois era uma das organizadoras e foi impossível não cogitar se os dois iriam conversar a meu respeito.

Tentei não criar desfechos que só aconteceriam na minha cabeça e decidi ligar para Annie enquanto seguia até a sala, onde mamãe e Beatrice já se encontravam.

— E aí, já correu nua pelo jardim? — brinquei quando ela atendeu.

Escutei barulho de música e conversas, só então me lembrei das várias horas de diferença entre Nova York e Inglaterra, lá já era noite e ela não deveria estar em casa.

Quem está prestes a caminhar nua aqui pelo pub é a Belinda.

— Como é? — Não estava entendendo nada.

O pior de tudo é que ela está na mesma roda de amigos do seu namorado — entregou, sem rodeios.

— O que? — questionei, alto dessa vez, e minha mãe desviou o olhar da tagarelice de Bea para me encarar.

Saí da sala e caminhei em direção ao corredor que levava aos quartos.

— Espera. Onde você está.

No King's Arms.

— E o Christopher está aí com ela? — perguntei com o coração saindo pela garganta.

Sim, parece que vieram comemorar o sucesso do evento beneficente.

— Mas ele está de conversa com ela? — questionei, nervosa.

Eles estão na mesma roda, bebendo e conversando, todos conversando com todos — respondeu sem muita paciência.

Annie deveria estar tão chateada quanto eu, mas não queria escutar sermão naquele momento.

— Se vir qualquer coisa suspeita, faça vídeo ou foto e me mande.

Pode apostar que sim — disse e desligou.

Queria explicar a agonia que tomou conta do meu peito, mas não conseguia.

Em nenhum momento nas últimas semanas nós conversamos sobre um dos dois sair sozinho, até porque não tínhamos oficializado nada, mas estava profundamente magoada por saber que Christopher não teve o trabalho de me perguntar se eu acharia ruim que ele fosse a um pub com a garota que tinha se tornado meu desafeto.

— Tudo bem, filha? — mamãe perguntou, entrando no meu quarto.

— Claro, a Annie só estava me atualizando dos últimos acontecimentos da universidade — falei e ajeitei meus cabelos no espelho para disfarçar o nervosismo.

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