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Dulce Maria Saviñon

— Você usando jeans e tênis? — Annie questionou, incrédula, ao me ver descendo as escadas.

— Eu vou passear com o Christopher pela cidade e pedi dicas para ele, pois não sabia o que usar, e ele sugeriu isso aqui. Acho que ficou bom.

— Está de brincadeira! Agora sim você parece ter a nossa idade — afirmou enquanto eu dava uma voltinha.

— Qual a programação? — questionou.

— Passeios turísticos, muito ar puro, piquenique a céu aberto — citei e peguei minha bolsa.

— Ou seja, sua equipe de segurança terá trabalho — comentou e rimos.

Sanders sempre me alertava sobre os perigos de passeios a céu aberto, mas eu preferia acreditar que os inimigos da família Saviñon estavam de bem com a vida naquela semana.

Despedi-me de Annie, passei na cozinha para pegar a cesta que a senhora Mensfil tinha feito para nós e depois saí de casa, bem a tempo de ver Christopher estacionando.

Ele saiu do carro usando jeans, suéter e um casaco preto por cima, perfeito como sempre.

Nós nos encontramos o meio do caminho e nos beijamos.

— Gostei do visual — elogiou quando descolou a boca da minha.

— Eu também, acho que vou usar mais vezes — falei, antes de entrar no carro.

Christopher fechou a porta e deu a volta. Dentro da Land Rover estava gostoso, diferente do clima lá fora. Contudo, apesar de estar fazendo frio, havia um sol tímido atrás das nuvens e o céu tinha um azul lindíssimo, o que deixaria as fotos do nosso passeio incríveis. Oxford era tão cinzenta e nublada, que um dia como aquele merecia ser apreciado.

Nossa primeira parada foi em um parque arborizado e florido. Estendi a manta que estava dentro da cesta no chão e nos sentamos, um ao lado do outro.

— Acho que nunca fiz nada parecido com isso na vida — comentei enquanto tirava as coisas da cesta.

— Eu fiz, mas foi com a Beatrice, então não conta.

Fiquei tentada a perguntar sobre seus antigos relacionamentos, mas desisti. Ele não tinha me pedido em namoro, mas me tratava como sua namorada, fora que todos sabiam que estávamos juntos, então, por enquanto, estava perfeito.

No dossiê que Sanders fez, eu li que a última conquista de Christopher tinha sido uma veterana do curso de direito, uma garota prodígio que certamente tinha o mesmo nível intelectual que ele. Senti ciúme ao ler sobre aquilo, não exatamente por causa dela, mas tão somente por saber que ele foi de outras garotas antes de me conhecer.

Era um tanto narcisista da minha parte, mas eu ficava enciumada só de imaginar que outras mulheres enxergavam as mesmas qualidades que eu via nele. Queria guardar aquele homem em uma caixinha e trancafiar seus olhares, sorrisos e noites de paixão só para mim.

Comemos as delícias da cesta apreciando a paisagem e escutando o barulho do canto dos pássaros. Olhei para ele e um delicioso frio na barriga surgiu. Era assim todas as vezes que eu pensava em seu lindo sorriso ou nas safadezas que fazíamos na cama.

Sim, eu estava completamente apaixonada e aquele pedaço de felicidade estava tão bom, que tive medo de compartilhar com minha mãe ou Alexander; tinha receio de que o julgamento deles estragasse o meu conto de fadas.

No final do dia, quando achei que ele fosse me deixar em casa, Christopher me convidou para dormir no apartamento dele e eu obviamente aceitei.

Ele fez um jantar incrível, enquanto eu e a Bea servimos de assistentes do chef. Foi uma noite regada boa conversa, risos, olhares apaixonados.

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