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Dulce Maria Saviñon

Eu mal tinha desligado o telefone e já estava arrependida por ter falado que estaria pronta em quarenta minutos, uma vez que não tinha ideia do que usar.

Teria que pedir ajuda a Annie.

— Vai de preto que não tem erro — ela sugeriu minutos depois, enquanto passava os dedos pelas araras de roupas do meu closet.

— Eu usei preto em todas as vezes que nos encontramos, queria usar uma cor diferente hoje.

— Que tal esse vestido vinho? — disse e levantou o cabide para que eu pudesse analisar.

— Muito sério — falei e caminhei pelo closet.

Annie me seguiu feito uma sombra e depois me encarou com uma sobrancelha arqueada.

— Você vai transar com ele hoje?

Ela falava de sexo com tanta naturalidade que eu nem me espantava mais.

— Mas é claro que não, só vamos jantar — expliquei.

— Então vá de calça e dificulte ainda mais as coisas — sugeriu.

Sinceramente, eu não achava que aquilo fosse intimidar as mãos habilidosas do senhor Uckermann, mas gostei da ideia.

Coloquei uma calça skinny preta, uma regata de seda branca e um casaco de caxemira caramelo, nos pés, uma bota preta de cano curto.

— Agora sim, linda e casual — Annie elogiou, colocando uma mecha do meu cabelo para trás da orelha.

Sorri para ela, terminei de me arrumar e desci.

Aproveitei que Christopher não tinha chegado e fui até a sala de segurança para falar com Sanders.

— Podemos conversar? — perguntei e ele fez um gesto com a mão indicando que os dois agentes que monitoravam as telas de segurança saíssem da sala.

— Pode falar — disse, apontando uma cadeira ao seu lado, mas neguei com a cabeça e continuei em pé.

— Queria saber se meus pais já sabem sobre o meu envolvimento com o Christopher, pois até agora não recebi nenhuma ligação.

— Dulce, você sabe que eu sou a favor de que você viva como uma jovem normal, tento não fazer interferências na sua rotina, mas eu assinei um contrato e preciso cumprir algumas ordens — explicou.

Essa parte era complicada, mas eu tinha que entender que, por mais apreço que eu e Sanders tivéssemos um pelo outro, ele era funcionário do meu pai e precisava reportar tudo que acontecia em minha vida.

— Tudo bem, eu entendo.

— Ótimo, porque seu pai já está por dentro de tudo e se sua mãe não apareceu aqui ainda, é porque o senhor Espinosa está filtrando as informações que chegam até ela — gracejou e nós dois sorrimos.

Desde criança, por mais valiosos que fossem os conselhos de minha mãe, sempre preferia abrir o jogo com o meu pai. Ele levava a vida de um jeito mais tranquilo, seus castigos e broncas eram sempre mais leves e eu me acostumei a correr para os seus braços a qualquer sinal de problema.

— Obrigada por isso.

— Não precisa agradecer. Agora é melhor você ir, seu bonitão acabou de chegar — disse e apontou para a imagem do carro de Christopher na tela.

— Bonito e corajoso — brinquei e ele concordou.

O estilo de vida da minha família era diferente e isso poderia dificultar minha vida amorosa, mas Christopher parecia não se incomodar com isso.

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