Dinastia

55

Dulce Maria Saviñon

Após dançar duas músicas comigo, Christopher foi ao banheiro, enquanto fui até o bar e pedi uma taça de champahne.

— Então foi por causa do famoso Christopher Uckermann que a gente nunca deu certo — Rodrigo disse, parando ao meu lado.

Ele era advogado das Indústrias Saviñon e na época em que morei em Londres nós tivemos um breve relacionamento, no entanto, depois que voltei a morar em Nova York as coisas nunca engataram de verdade. Apesar de gostar da companhia dele, ele nunca me fez sentir viva como acontecia quando eu estava com Christopher.

— Vamos ser sinceros, Rodrigo, nós nunca fomos apaixonados um pelo outro, tudo o que sentíamos era tesão e aproveitamos muito enquanto durou — joguei a real e peguei minha bebida.

— Está certa. Mas o histórico dele diz que vai cometer um deslize em algum momento e eu estarei aqui esperando para te levar para jantar — brincou.

— Nós dois sabemos que você não é do tipo que espera por ninguém, mas eu vou me lembrar disso — devolvi.

Todas as vezes que a gente se afastava, ele sempre se envolvia com alguém e tinha sido assim ao longo dos anos. Meus primos falavam que ele estava esperando por mim, no entanto, eu achava que ele não esperava por ninguém, apenas gostava do nosso jogo de gato e rato.

— Até mais, Rodrigo — disse e passei por ele.

Assim que me virei, avistei Christopher conversando com dois senhores, mas seu olhar estava em mim e poderia apostar que ele viu minha interação com Rodrigo.

Conforme me aproximava, ele dispensou seus bajuladores e se encontrou comigo no meio do caminho.

— Não sabia que ainda falava com seu ex-namorado — ele alfinetou.

— Eu nunca namorei o Rodrigo, mas, sim, nós já transamos várias vezes, só que ambos somos civilizados o suficiente para continuar convivendo. Fora que ele é cunhado e melhor amigo do meu primo, além de ser advogado das Indústrias Saviñon, então vai ser impossível não nos encontrarmos de vez em quando, como hoje.

— Eu não gostei de te ver com ele, ainda mais sabendo que já ficaram juntos.

— Christopher, aqui não — pedi antes que minha família percebesse que estávamos discutindo.

— Tudo bem, vamos voltar para a mesa — ele disse.

— Na verdade, acho que já podemos ir embora, está tarde — sugeri e ele concordou.

— Vou mandar o motorista trazer o carro.

Depois que ele mandou mensagem para Bill, fomos nos despedir dos meus pais e saímos do evento.

Christopher me convidou para dormir na cobertura dele, pois queria me mostrar onde ele ficava quando estava em Nova York. O prédio ficava na região mais nobre do Central Park, muito próximo ao edifício em que meus pais moravam, no entanto, a cobertura de Christopher era muito maior. Um triplex luxuosamente decorado e cheio de personalidade, com tudo de melhor que o dinheiro poderia pagar.

— Nossa, essa cobertura é maravilhosa — elogiei quando paramos na sala principal.

— Relutei bastante antes de comprar, tive receio de te encontrar pela vizinhança, já que seus pais moram aqui ao lado — ele revelou.

— Ou inconscientemente você a comprou pensando justamente em me encontrar — provoquei.

— Você pode ter razão — ele aceitou e me beijou.

Achei que ele fosse continuar a discussão sobre o Rodrigo, mas me enganei.

Christopher me pegou no colo e foi me beijando até chegar em seu quarto, que era tão espetacular quanto o resto da cobertura.

Ele poderia fazer parte da geração dos novos ricos, mas tinha tanto bom gosto e personalidade em tudo que colocava a mão, que poderia facilmente ser confundido com qualquer magnata old money.

[...]

Christopher Uckermann

Voltamos para o Texas no domingo à noite e dormi com Dulce no hotel. Na manhã seguinte, quando cheguei ao escritório, encontrei Alfonso e Beatrice, ambos com expressões preocupadas.

— O que foi agora? — questionei enquanto analisava os recados em cima da minha mesa.

— Eu sabia que aquela galinha ainda ia ferrar sua vida — Beatrice disse, nervosa.

— Do que está falando? — questionei, confuso.

— Pedi que o setor de recursos humanos demitisse a Natália e ela aceitou numa boa, mas hoje de manhã parou sua irmã em uma cafeteria aqui perto e disse que estava grávida de você.

— O que? Isso é impossível, faz muito tempo que não saio com ela — falei, nervoso.

— Christopher, a Dulce já está tendo que aguentar a Belinda no rancho, se ela descobre sobre a Natália, seu relacionamento de conto de fadas vai para o espaço — Bea opinou.

— A Natália está fazendo isso para se vingar, tenho certeza de que não está grávida, pelo menos não de mim, eu sempre me precavi — declarei.

— Que seja, mas o simples fato de haver a possibilidade de existir uma mulher grávida de você, pode colocar tudo a perder. A Dulce não vai suportar toda essa carga.

Suspirei, cansado e desacreditado. Por que o destino tinha trazido Dulce de volta à minha vida só para me soterrar de problemas que me fariam perdê-la outra vez?

— Alfonso, entre em contato com essa maluca e dê um jeito de calar a boca dela.

Preciso ganhar tempo para pensar no que fazer.

— Christopher, e se por um azar do destino o preservativo estourou e essa maluca realmente estiver grávida, o que pensa em fazer? — minha irmã questionou, temerosa.

Eu a encarei com fúria no olhar, sabia que ela não tinha culpa de nada, mas só o fato de levantar aquela hipótese me deixou transtornado.

— Não fale besteira, Deus não me castigaria dessa forma, não agora que Dulce voltou para minha vida — falei e dei um murro na mesa.

Um filho com Natália! O Universo deve me odiar.

— Alfonso, faça o que eu pedi, fale com ela, ganhe tempo e descubra o que ela quer.

— Farei isso agora — respondeu e saiu do escritório.

— Não precisa falar nada, Bea, agora eu sei que você estava certa quando dizia que eu teria problemas com aquela infeliz — admiti.

— Tomara que o Poncho consiga negociar com essa maluca, mas enquanto isso não acontece, acho que não deveria falar nada para a Dulce, vai que é um alarme falso.

— Eu menti para a Dulce no passado e não farei isso novamente, independentemente de a Natália estar grávida ou não, eu preciso falar a verdade para ela. Sei que é um risco, mas ela tem que saber onde está se metendo — declarei e, mesmo a contragosto, ela assentiu.

Belinda e meu filho já eram cargas bem pesadas para Dulce carregar, outra mulher nessas condições seria motivo suficiente para ela me deixar para sempre.