Dulce Maria Saviñon
DIA DA VIAGEM...
Todo o planejamento que fiz para aquela viagem tinha sido perfeito, eu conferi os mínimos detalhes de tudo, minha mala foi feita com calma ao longo da semana e quando Christopher passou para me pegar no horário combinado, eu apenas me despedi de Annie e parti.
Eu estava tão feliz, que não parava de sorrir e tagarelar. Tudo ia muito bem até que eu cheguei ao aeroporto e me senti completamente perdida.
Encontrar o portão de embarque e despachar as malas poderia ser uma coisa simples para qualquer pessoa, mas eu nunca tinha voado de voo comercial e todos os tramites eram feitos pelos funcionários dos meus pais.
"Deixa que eu cuido disso" foi a frase que eu mais escutei de Christopher quando percebeu que eu parecia uma pata dentro do aeroporto.
O voo comercial na classe econômica foi tranquilo, não tivemos bebês chorando, turbulências ou imprevistos, no entanto, Sanders só ficou aliviado quando pousamos em Aspen.
Por causa da distância, fui obrigada a avisar os meus pais, que obviamente ofereceram o jato da família para que eu viajasse mais tranquila com meu grupo de amigos, só que eu recusei com a desculpa de que queria fazer os mesmos programas que eles, pois nem todos tinham a mesma condição financeira que eu.
Mamãe ficou emocionada com meu gesto, fazendo eu me sentir uma grande mentirosa.
Sanders também sabia que eu estava mentindo, mas em nenhum momento me constrangeu questionando onde estavam os meus amigos ou em que momento eu iria me encontrar com eles.
Era como se tivéssemos um acordo silencioso e ele só fosse interferir quando eu realmente estivesse em perigo.
Enquanto ele direcionava os seguranças, eu e Christopher fizemos o check-in e nos dirigimos ao elevador.
Nosso quarto tinha um estilo rústico e muito aconchegante.
— Esse lugar é lindo, estou empolgado — Christopher disse, aproximando-se das janelas que tinham vista para as montanhas cobertas de neve.
— Você gosta de esquiar? — questionei.
— Esquiava muito quando era criança, meu pai adorava... — respondeu com o olhar fixo na paisagem.
Era tão nítido que Christopher possuía alguma coisa mal resolvida com o pai. Torcia para que algum dia ele me falasse sobre o que havia acontecido, pois eu tinha curiosidade de saber mais acerca da vida dele, muito embora tivesse quase certeza de que a desavença tinha a ver com o estilo de vida que o pai levava antes de morrer.
— Bom, eu não sei o que você quer fazer agora, mas...
— Quais as sugestões? — ele me cortou me lançando seu olhar charmoso.
— Podemos ficar aqui e descansar, ou sair para esquiar, quem sabe descer e tomar um chocolate quente.
— Todas as opções são tentadoras, mas acho que seus homens estão cansados, então um chocolate quente aqui no hotel está perfeito, depois a gente volta e descansa.
Pelo visto, até ele tinha percebido a tensão entre os homens que faziam a minha segurança.
— Para mim está ótimo.
Descemos de mãos dadas e fomos para um lounge todo envidraçado, com lareira, sofás e poltronas confortáveis para os hospedes. Nos acomodamos em um sofá de dois lugares que estava estrategicamente posicionado de frente para as montanhas e depois fizemos nossos pedidos.
Christopher passou o braço por trás da minha cabeça e descansei o rosto em seu ombro. Suspirei de felicidade desejando que o tempo congelasse naquele final de semana para que eu pudesse aproveitar cada segundo da nossa bolha.
[...]
Christopher Uckermann
A viagem para Aspen serviu para mostrar, de forma muito contundente, o mar de diferenças que havia entre nós. Era nítido que Dulce nunca tinha viajado em um avião comercial, muito menos na classe econômica, e aquilo me deixou desconfortável e impressionado.
Porém, todo seu empenho para me fazer sentir à vontade teve valor para mim. Dulce era especial e suas atitudes apenas provavam que quando eu concluísse aquele plano fodido, ela me odiaria com todas as suas forças.
Você não precisa fazer isso. Desista enquanto é tempo.
Ignorei esse pensamento e encarei a mulher deslumbrante a minha frente.
Após tomarmos uma deliciosa xícara de chocolate quente, nós subimos para o quarto, descansamos por algumas horas e descemos para jantar, no qual apreciamos duas garrafas de vinho.
Os olhos brilhantes em contraste com os lábios levemente arroxeados dela, demonstravam que já tinha bebido o suficiente.
— Vamos subir? — sugeri e ela concordou.
Dentro do elevador Dulce se aninhou em mim e foi abraçada comigo até chegarmos ao nosso quarto.
Eu sabia que, naquela noite, ela provavelmente iria ceder, sabia que seria bom, pois nossa química era inegável e, mesmo assim, não me sentia satisfeito, feliz ou orgulhoso.
Por mais desapegado que eu fosse com as mulheres que passavam pela minha cama, nenhuma delas me tratou ou olhou com o mesmo amor que Dulce. Ela não tinha vergonha de falar que estava apaixonada, de ligar no meio do dia simplesmente para dizer que estava com saudade e toda aquela sinceridade a transformava em uma joia rara, o que automaticamente me fazia sentir um reles pedaço de vidro.
Enquanto ela estava no banheiro trocando de roupa, eu mandei uma mensagem para Beatrice. Provavelmente só teria resposta no dia seguinte, mas queria que ela soubesse que eu estava de olhos em seus passos.
Quando Dulce voltou usando uma camisola preta de cetim e com os cabelos soltos em cascata, eu soube que tinha chegado o momento. Minha mente estava dividida entre o desejo e a culpa, mesmo assim, não conseguiria recuar, eu precisava ir até o fim.
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Dinastia
RomanceDulce Maria Saviñon e Christopher Uckermann se conheceram na universidade, um encontro improvável entre mundos opostos. Ela, herdeira de uma das dinastias mais influentes e poderosas do planeta, sempre viveu cercada de poder e luxo. Ele, um jovem ne...