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Dulce Maria Saviñon

DIAS DEPOIS...

A pedido do doutor Perkins eu comecei a fiscalizar a retirada de algumas peças que foram encontradas nas últimas escavações. Por causa da escassez de profissionais especializados naquela área, eu tive que ceder dois funcionários do laboratório e precisei vigiar o trabalho de perto.

— Aonde vai, Dulce ? — Sanders questionou quando viu eu me afastando da equipe que cuidava das escavações.

— Vou ali na cachoeira e já volto — avisei.

— Não se afaste muito — alertou e eu assenti.

De vez em quando, após meu trabalho, eu caminhava até a cachoeira que ficava depois da cerca e permanecia alguns minutos ali, apreciando a paz e a beleza daquele lugar. Como a cachoeira ficava nas terras de Beatrice, eu fazia aquela visita com certa tranquilidade.

Estava prestes a voltar para as barracas quando avistei um homem a cavalo do outro lado da margem. Fiquei toda arrepiada ao perceber que era o tal Suarez. Mas que diabos aquele infeliz estava fazendo nas terras da Beatrice?


Virei as costas e caminhei rápido pela trilha, mas logo depois comecei a escutar o barulho das patas do cavalo se aproximando. Já estava prestes a acionar o relógio, quando avistei Sanders sacando a arma e vindo ao meu encontro.

— Calma, cara — Suarez disse, descendo do cavalo —, eu não quis assustar a senhorita — afirmou com a mão descansando na arma que estava em sua cintura.

— Não é a primeira vez que te vejo rondando a senhorita Saviñon, se chegar perto dela de novo, vai levar bala — Sanders ameaçou. Dois outros seguranças se aproximaram nesse momento.

— Desculpe, não sabia que a madame era tão importante assim — disse, irônico. — Só estava passeando por essas bandas, não queria assustar ninguém.

Engoli em seco, aquele homem me dava arrepios.

— Vamos embora, Sanders, já terminamos o trabalho aqui — falei e fui caminhando de volta para o carro.

Os dois agentes me acompanharam, mas Sanders ficou para trás.

Permaneci dentro do carro esperando por ele, que voltou após alguns minutos e se sentou atrás do volante.

— O que você acha que ele estava fazendo? — questionei temerosa.

— Claramente te seguindo, só não sei se ele realmente não sabia que você andava com escolta, ou se está apenas fazendo um teatro para causar uma briga entre o seu namorado e o patrão dele.

Por isso Sanders valia o que ganhava, eu jamais teria feito ligação entre os pontos dessa maneira, mas suas suposições faziam todo o sentido.

Se Christopher fosse tirar satisfações com Julian, eles provavelmente iriam brigar e talvez fosse isso que o patrão de Suarez quisesse.

[...]

Christopher Uckermann

Eu estava tentando manter Dulce longe dos meus problemas, mas nos últimos dias Belinda andava insuportável com suas provocações, especialmente após ter visto que eu saí na coluna social do Times ao lado de Dulce Maria  no aniversário do pai dela.

Desde o dia em que ela viu aquela maldita notícia nossa convivência ficou insuportável. Ela sabia que estava morrendo e que eu teria o resto da vida para ficar com Dulce e por mais que eu soubesse que isso deveria ser doloroso, era terrível ter que aguentar seus chiliques.

Ordenei à babá que só deixasse Leo se aproximar nos dias em que ela estivesse tranquila, não queria que meu filho absorvesse seu mau humor.

Fora isso, as negociações com Natália continuavam o mais estranhas possíveis. Ela ligava para Alfonso, fazia ameaças sem sentido e desaparecia. Aquilo não fazia o menor sentido e comecei a desconfiar de que talvez ela estivesse blefando, que a história da gravidez fosse apenas uma invenção para me separar de Dulce, por isso achei melhor esperar para revelar toda a verdade.

Meus pensamentos foram interrompidos, quando Trey avisou que Sanders estava na recepção da presidência e queria falar comigo.

Autorizei sua entrada, curioso para saber o que ele queria.

— Precisamos falar sobre a Dulce, mais precisamente sobre a segurança dela — ele disse quando começamos a conversar.

— Quando ela estiver comigo, não precisa se preocupar que o meu pessoal toma conta dela — declarei.

— Na verdade, tanto a minha equipe quanto sua falhou nos últimos dias. Tem um cara a perseguindo pela cidade, mas ainda não temos nada concreto contra o infeliz, talvez você possa me ajudar a entender o que ele quer.

Sanders narrou tudo que vinha acontecendo nas últimas semanas e fiquei estarrecido por saber que o funcionário dos Dunker andava rodeando a minha mulher.

Lembrei do dia em que fui buscá-la no trabalho, de como ela parecia desconfortável ao me perguntar sobre Suarez, mas não imaginei que ela já estivesse desconfiada de alguma coisa.

— Vou mandar meu pessoal ficar de olho nesse desgraçado — esbravejei.

— Estou desconfiado de que ele talvez esteja fazendo isso para provocá-lo e causar atrito com o patrão dele, não sei, é só uma ideia — Sanders sugeriu.

— Pode ser, de qualquer forma muito obrigado por me deixar a par dessa situação — agradeci e me culpei mentalmente.

Estava tão atolado em problemas, que não prestei atenção na segurança de uma das pessoas mais importantes da minha vida.

Assim que Sanders saiu, eu liguei para Julian Dunker.

A que devo a honra dessa ligação — ele disse em tom de deboche.

— Ordene ao seu testa de ferro que pare de perseguir minha mulher pela cidade ou vou dar um jeito nele — ameacei.

Não estou sabendo de nada — respondeu.

— Já está avisado, se ele se aproximar mais do que o necessário, vai levar bala.

Isso é uma ameaça? — questionou.

— Isso é um recado que eu espero que seja entregue àquele filho da puta.

Desliguei e segui para o hotel de Dulce, durante o caminho liguei para Beatrice para saber se Natália a tinha procurado, mas ela disse que não tinha novidades e que também não poderia falar, pois estava treinando a nova professora de dança que tinha chegado na cidade e que ficaria responsável pela sua escola enquanto ela estivesse viajando com Alfonso.

Tudo que eu não precisava naquele momento era que meu advogado tirasse férias, no entanto, eu sabia que ele e minha irmã necessitavam daquele tempo longe das toneladas de problemas que eu despejava em cima dele todos os dias.

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