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Christopher Uckermann

Uma terrível nevasca caía do lado de fora das janelas do meu escritório; do lado de dentro, meu advogado falava sobre as terras que eu tinha acabado de adquirir no Texas. Mesmo tendo um patrimônio que permitiria muitas gerações minhas viverem luxuosamente, parecia que nunca era o suficiente. Eu sempre queria fechar mais negócios e conquistar mais territórios.

A Uckermann Oil Corp. era uma das maiores exportadoras de petróleo e gás natural do mundo, mas, ainda assim, eu não pensava em parar tão cedo.

— O único problema dessas terras é a porra da escavação arqueológica que está acontecendo próximo ao rancho que comprei para Beatrice. Agora, além de precisarmos ficar de olho nos ambientalistas, ainda teremos que aguentar os historiadores, pelo menos enquanto todos eles estiverem por lá — ele explicou.

Alfonso Herrera, além de meu advogado, também era meu cunhado, amigo e confidente. 

Éramos imbatíveis juntos, pois ele sempre dava um jeito de conseguir tudo o que eu queria.

O plano ao adquirir aquelas terras era construir uma cadeia de resorts que renderiam milhões com as visitas anuais dos turistas. O problema da questão ambiental seria um detalhe que eu cuidaria mais tarde.

O Rancho de Beatrice fazia divisa com o meu, que também fazia divisa com as terras que eu tinha acabado de comprar.

— Deixe os engenheiros a par de tudo o que está acontecendo e se tiver qualquer problema, faça contato com os juízes que estão na nossa folha de pagamento — declarei e ele assentiu.

Com o passar dos anos, eu aprendi que alguns negócios jamais seriam fechados se a pessoa certa não estivesse envolvida na negociação. Após conviver com verdadeiros líderes do mundo corporativo, eu acabei me tornando um.

Depois que Herrera foi embora, minha assistente entrou na sala e começou a confirmar os compromissos que eu teria na semana seguinte.

Natália era atraente e servia para aliviar meu estresse de vez em quando. Uma distração necessária para alguém que levava uma vida cheia de responsabilidades.

A parte boa era que ela sabia separar as coisas e só abria as pernas quando eu mandava. Fora isso, parecia um robô treinado para ajudar a administrar a presidência da minha empresa.

Trey, meu assistente principal, já trabalhava comigo há muitos anos, ele se preocupava com problemas complexos e já estava acostumado com a rotatividade de secretárias. Já Natália tinha sido contratada para ajudar com a minha agenda, reuniões e coisas mais superficiais.

— Na sexta o senhor tem uma reunião com o prefeito de Nova York e à noite há um evento beneficente. Posso confirmar os dois compromissos? — ela questionou com o olhar fixo na agenda eletrônica.

— Sim, confirme os dois — ordenei.

— Certo, seria isso, terminamos por hoje.

— Natália — chamei quando ela se virou para sair.

— Sim, senhor.

— Gostaria que me acompanhasse nessa viagem — declarei.

— Ah, tudo bem, vou organizar tudo — garantiu e se foi.

Ao contrário do que aconteceria com a maioria das mulheres, ela não demonstrou nenhum tipo de euforia. Natália sabia se comportar como uma dama em nossos compromissos de negócios, mas era uma vadia na cama.

Depois que ela saiu, eu desliguei meu notebook e fui para casa.

[...]

Dulce Maria Saviñon

Os domingos em família eram o meu momento preferido da semana. Era difícil reunir todo o clã Saviñon, por isso o combinado era que quem estivesse na cidade, comparecesse a cobertura dos meus pais no tradicional almoço de domingo. Como eles iriam viajar na semana seguinte, Dominic e Harry fizeram a gentileza de comparecer com suas esposas e crias.

Como o meu irmão estava viajando, os filhos do meu primo fizeram o papel de encher o apartamento de brinquedos e tagarelices.

— Chegaram umas peças lindas lá na galeria, mas precisam de um talento da sua equipe, posso enviar para vocês? — Liz disse ao se sentar ao meu lado na sala.

Ela era esposa do meu primo Harry e também possuía uma galeria em Nova Jersey, a diferença era que ela vendia coisas contemporâneas, mas sempre que aparecia alguma relíquia, ela enviava para o meu pessoal.

— Claro que sim, vou deixar minha assistente avisada — declarei e ela começou a falar sobre as peças.

Enquanto isso, Harry bisbilhotava a nossa conversa a alguns passos de distância; ele era tão apaixonado por ela, que sempre a seguia com olhar em qualquer lugar que eles fossem. Eu não era de sentir inveja de ninguém, mas o amor dos meus primos e meu irmão por suas esposas era comovente.

Minutos depois, Melissa, se juntou a nossa conversa. Ela era esposa de Dominic e desafeto imaginário da minha amiga Annie, que nunca iria perdoar a Mel por ter se casado com seu amor platônico.

Tudo era uma grande brincadeira, mas eu evitava colocar as duas no mesmo ambiente.

Annie era meio pirada, então eu preferia não arriscar que ela desse alguma bola fora.

As esposas dos meus primos eram adoráveis e eu amava quando a gente se reunia.

— Dulce, eu sei que você não gosta que a gente fale do falecido, mas escutei uma conversa entre o Dominic e o Alexander... Parece que ele vai estar em Nova York esta semana —

Melissa disse baixinho.

Aquelas duas viviam falando dele, pois achavam que a minha solteirice se devia ao fato de não ter superado aquele infeliz.

— E o que eu tenho a ver com isso? — respondi no meu melhor tom de deboche e bebi um gole de champagne.

Liz e Mel trocaram olhares e depois voltaram a me encarar.

— Desculpe, eu não deveria ter tocado no nome dele — Mel falou e mudou de assunto.

Christopher costumava aparecer com frequência nos jornais, tinha se tonado um tubarão no mundo dos negócios, colecionando inimigos e conquistas, assim como os homens da minha família faziam há gerações.

Às vezes, sem querer, eu acabava me deparando com uma ou outra nota sobre sua vida, ele realmente tinha conseguido vencer na vida, tanto que era conhecido como Rei do Petróleo do Texas.

A Uckermann Oil Corp era uma potência que poderia ser comparada com as Indústrias Saviñon, e eu não sabia se ficava contente por ele ter conseguido ou com ainda mais raiva do desgraçado.

Ok, Christopher tinha que ser aplaudido pelos seus talentos com os negócios, mas isso não significava que eu havia esquecido de toda dor que ele me causou.

Em um mundo distópico onde só existia eu e meus pensamentos conflitantes, eu já cheguei a questionar o que teria acontecido com a gente, caso ele não tivesse sido o canalha que foi, mas tudo isso caía por terra quando eu me deparava com a realidade.

O tempo passou, aquele amor arrefeceu e eu tinha me conformado que as lembranças seriam como cicatrizes que me acompanhariam para sempre.

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