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Dulce Maria Saviñon

— Eu não acredito que você foi parar naquele pub com ele — Annie disse enquanto tomávamos o café da manhã no dia seguinte.

— Fui e a noite foi incrível, o beijo dele me enlouqueceu, mas quando ele apertou a minha bunda, eu travei e a coisa desandou — admiti.

Annie torceu a boca em descontentamento.

— Bom, se fosse qualquer outra garota eu diria que ela estaria fazendo doce, mas no seu caso é totalmente compreensível. Um desconhecido apertando a bunda de Dulce Maria Saviñon em um pub de Oxford seria um prato cheio para os tabloides de fofoca.

— Pois é, mas acho que ele não gostou muito — falei e bebi um gole de café —, um cara como ele deve estar acostumado com garotas descoladas, que não se importam se ele vai passar a mão nelas em público ou dentro do carro dele.

— E que carro ele tem? — ela questionou curiosa.

— Um Land Rover antigo, mas eu não me importo com isso.

— Eu sei, só foi curiosidade mesmo.

Ficamos em silêncio enquanto eu tentava entender toda confusão que tomava conta dos meus pensamentos.

— Vocês vão sair de novo? — ela questionou.

— Não sei, mas prefiro não criar expectativas. Segundo a irmã dele, Christopher não fica com ninguém por mais de uma semana, então só daqui a alguns dias vou poder te responder como vai ser.

Ela assentiu, e quando terminamos o nosso café, voltamos para os nossos quartos.

Na parte da tarde eu teria três aulas e depois precisaria passar na biblioteca para devolver dois livros. Com alguma sorte, eu encontraria Beatrice e, quem sabe, tivesse novidades sobre o irmão dela, muito embora sentisse que o mais provável era que ele se afastaria de mim.

[...]

Por diversas vezes eu escutei a voz da minha mãe assombrando meus pensamentos, principalmente quando pensava em Christopher. Ela sempre me explicou sobre a química que acontecia em nosso corpo quando nos sentíamos atraídos e que ficar pensando fixamente em alguém era o primeiro indício de que estava prestes e se apaixonar.

Pessoas muito emocionadas com essa coisa de amor eram facilmente manipuladas, por isso eu tinha que tomar cuidado; mesmo sabendo que era difícil resistir, precisava parar de ficar relembrando os momentos que passamos juntos.

O conflito que estava perturbando a minha mente continuou durante toda a manhã e se intensificou no trajeto até a universidade, ao ponto de já não saber se seria tão bom assim esbarrar com ele pelos corredores.

— Dulce, só um minuto — Sanders pediu quando desci do carro em frente ao campus.

— Diga.

— Eu investiguei seu novo amigo — comentou e eu senti um frio na barriga.

— Devo me preocupar?

— A princípio está tudo certo, não tem nada no passado dele que possa interferir na sua segurança — revelou.

Não conseguia explicar o alívio que senti ao escutar aquelas palavras. Ali fora, o dia estava nublado, o céu, carregado de nuvens espessas indicando que uma chuva estava por vir, dentro de mim, no entanto, havia sol, arco-íris e fogos de artifício.

— Obrigada, Sanders.

Ele acenou discretamente e seguimos para dentro.

Ao longo das aulas, eu mantive o foco no conteúdo que o professor estava explicando e consegui manter os pensamentos intrusos bem longe da minha cabeça, mas era só colocar o pé fora da sala para sentir um frio no estômago a cada vez que eu via algum rapaz parecido com ele. Isso aconteceu três vezes.

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